Por Eduardo Soares
Tínhamos brigado feio justamente no dia dos namorados (eis uma situação real porém inacreditável). A coisa foi tão séria que não houve qualquer tipo de diálogo durante a semana inteira (fato raríssimo nos quase três anos de namoro). Se tem uma coisa que irrita é ver o(a) espertalhão(ona) querer comprar alguém com presentes numa tentativa canalha de abafar um conflito em aberto. E bobo daquele que aceita o mimo como forma de “cala boca”. Não era o nosso caso. Depois do mar silencioso que nos separava cada vez mais, dois dias antes dos fatos que virão a seguir, e com o intuito de chegar num consenso satisfatório para ambos, conversamos bastante. Acordo feito, e a harmonia saindo do freezer rumo ao lugar da onde nunca deveria ter saído. Ok, se o clima não ficou 100% romântico depois do papo, pelo menos alimentávamos uma chateação menor diante dos dias pós-briga.
Como o clima estava voltando ao normal, era a hora de recuperar o tempo perdido. Sempre gostei de paparicar. Se não posso dar um Audi conversível branco ou uma casa de veraneio em Angra dos Reis, coloco a cabeça para trabalhar visando encontrar algo marcante dentro dos padrões financeiros de um brasileiro não endinheirado. Durante os anos de namoro, ela dizia nunca ter recebido uma cesta (tipo café da manhã). Lâmpada acesa na cabeça! Era a deixa.
Usei meus (inexistentes) dotes artesanais: comprei uma espécie de baú (apropriado para presentes), papel estampado com corações para forrar o fundo do baú, perfumes, cremes, estojo de maquiagem, loções, hidratantes, CD do Roupa Nova e um saco com pétalas de rosas vermelhas (que foram devidamente espalhadas entre o conteúdo, formando assim um belo aspecto visual). Passei a tarde inteira quebrando a cabeça para organizar tudo aquilo de forma em que o resultado final ficasse digno destas cestas que encontramos nas vitrines das perfumarias. Ah, de alguma forma eu queria demonstrar que precisava daquela morena do meu lado.
Enquanto eu desarrumava os itens pela 29ª vez, eu ria ao imaginar a reação dela ao ver aquilo. Bom, foi além do imaginado. Era nosso primeiro contato em dez dias. Ela chorou. Aquelas lágrimas, se fossem decifradas, teriam um significado próximo de “ei, não quero brigar com você, seu mala-sem-alça”. Dei o presente. Era nítido que aquilo não era fruto de uma Boticário da vida. O embrulho, a arrumação imperfeitamente perfeita, a fita dourada contornando o baú, os itens que ela adorava, o cheiro de um perfume do seu gosto (pedi uma amostra grátis para borrifar no presente)…
Ela ficou alguns minutos em silêncio, observado o conteúdo daquele baú. E eu agoniado, comecei a suar (aquele suor, se fosse decifrado, teria um significado próximo de “ei, quero saber se você gostou, patroa”). Subitamente, ela me beijou demoradamente. Ah, alívio. Em seguida, pediu um instante e foi para a sala. Na volta, trouxe um presente (também inesperado) para mim. Outro beijo demorado (este, se fosse decifrado, teria um significado próximo do inexplicável). Declaração de ambos, olho no olho. Peguei-a no colo, era ria como uma adolescente. Esse grand finale era algo comum entre a gente. Posso dizer que ela conseguiu me rejuvenescer. Éramos dois quase trintões (ela, com 29; eu com 26). Juntos, parecíamos dois teens recém apaixonados. E nunca nos preocupamos com o que os outros iriam dizer. Tempos depois o namoro acabou, mas sua essência nunca sairá da nossa memória. Foi algo especial. Foi algo de verdade.
Essa introdução quilométrica busca reforçar algo raro. Mulher de verdade é aquela que consegue ser especial sem qualquer tipo de esforço. É aquela que “amansa” o ímpeto do cara antes pegador de todas. Se for esperto, ele para. Ela exerce o papel racional dentro do relacionamento. Tem homem, inteligente, que faz questão de ouvir a amada. Mulher de verdade apoia, sempre. Mesmo que o apoio venha em forma de bronca. Quando preciso for, o amor precisa ser enérgico. Amor tem pulso forte, personalidade. Amor é persistente (basta ter motivos). Amor exala companheirismo, cumplicidade, carinho, harmonia, aconchego. Mulher de verdade tem pulso/personalidade forte, é persistente (basta ter motivos), companheira, cúmplice, carinhosa, harmoniosa. Tem o abraço aconchegante e um beijo que vale mais do que dois mil beijos de todos os antigos romances superficiais.
Na hora das divergências, algumas mulheres apontam o dedo na cara. Mulher de verdade encara a turbulência com sabedoria. Mulher de verdade não apenas beija. Ela sela com a boca o compromisso do “que seja eterno enquanto dure”. Ela não faz sexo. Para isso, existem várias. Ela se entrega ao amor e pede o mesmo em troca.
Mulher de verdade surge como abrigo quando o companheiro está perdido. Ela não acusa simplesmente. Ela procura a causa para tomar as providências. Mulher de verdade sofre quando o homem teima em ser de mentira. Ao brigar, ela chora ao ver que o homem, seco, não vê razões para chorar.
Se você, camarada, tem uma mulher de verdade do lado, considere-se um sortudo. Mulher de verdade é, antes de tudo, raridade. Mas caso você (assim como eu) ainda não encontrou a sua, descarte qualquer tipo de conformismo.
Sonhar ainda é permitido.
E o seu sonho pode acontecer no próximo amanhecer.
Edu……
Amei o seu texto, é mto verdadeiro!
Sabe que as vezes nós mulheres de verdade não somos tão valorizadas e cansadas acabamos partindo pra outro relacionamento.
Como vocês tbm estamos em busca de homens de verdade que saibam nos valorizar e amem dividir a vida, os sonhos conosco.
Como vc não canso de buscar alguém pra me fazer feliz!
Bjos
Paula
Ai que texto lindo, digno da sua sensibilidade…. só faltou dizer que mulher de verdade não quer apenas um presente, ela quer sinceridade no olhar, no gesto…. bjs amigo
Faço minhas as palavras da Sil. Texto MARAVILHOSO!
Saudades docê viu!!!
bjusssssssssss
Ainnnnn, saudades de vc tb Renata…. doida pra ir pra Sampa encontrar os amigos… bjo grande
eduuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuu eu tô aqui!!!
Eduardo, crônica boa de ler. Quando o homem sabe ler, interpretar as sutilezas do mundo feminino, ele enxerga a mulher da vida dele, aquela que vai saber completá-lo de todas as formas.
Parabéns.
Uaaaaaaaaaaaaaau! Eu gostei tanto, mas tanto que vale a pena mostrar pro namorado 😀
Parabéns, seu texto ficou ótimo!!
Muito bom o texto, sábias palavras, concordo com a Paula que o homem tem que saber ler e interpretar nós mulheres.As vezes estamos dizendo ou fazendo as coisas mais simples mas que podem se tornar coisas eternas para quem nós amamos.
Não somos complicadas como dizem alguns por ai, somos puras e tão puras na arte de amar, Que não medimos nossos atos pra conquistar cada pedacinho de quem esta ao nosso lado.
Beijos Du,parabéns!
De fato um texto belíssimo, sensível e surpreendente, eu não havia lido o nome do autor e no inicio achei que se tratava de um texto descrito por uma mulher… e qdo vi que era de um homem fiquei feliz…. raros os homens que conseguem ter essa visão sobre um namoro, que sofrem o tempo do gelo, pq geralmente vejo uma frieza, mas enfim, que bom que ainda existem homens que não se escondem atrás de um falso e arcaico machismo.
Lindo o texto..Estamos em uma busca constante de algo que nos complete mas, temos que tomar cuidado pra não deixar escapar oportunidades que podem estar mais perto do que imaginamos e as vezes passa despercebido ou não sabemos dar o valor necessário.
~Edu adorei seu texto, eu tenho um companheiro, amigo, cumplice, enfim tudo de bom… estamos 14 anos juntos dificilmente brigamo e sim conversmos… existe mulher e homem de verdade….. Abraços tudo de bom…
Perfeito!!
Viver é preciso, desistir nunca, senão nada vale a pena.
Muito lindo!
Adorei!!
Perfeito!!
Mulher de verdade,tem esperanças de encontrar homem de verdade!!!!
Chorei!!!
adorei …. estava precisando de uma palavra e encontrei….!!!!
Perfeito, lindo texto Edu. Parabens!!!
perfeito…homens de verdade sabe como falar de uma mulher…parabéns
Eu sou aquela mulher que formou uma familia através da força do amor,eu sou aquela mulher que gerou um filho lindo através do milagre da vida.Eu sou principalmente aquela valente mulher que vive o plano mais lindo que Deus tem para cada ser humano, graças a minha coragem de renuncia…e os planos de Deus nunca falha!