Como é ser gorda fora do Brasil?

por Litha Bacchi

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Ano passado vim morar em Londres. E devo dizer que ser gorda no Brasil e ser gorda aqui é completamente diferente. O título do post está meio vasto demais; não sei dos outros países, só posso falar pelo Reino Unido.

A primeira coisa que me chamou atenção quando eu cheguei é que ninguém liga se você é gorda. Ninguém te olha torto no metrô. Ninguém se mete no que você está comendo. Ninguém fala que você tem um rosto lindo. Você ser gorda é problema seu e ninguém acha importante apontar pra você o que o espelho e a balança já te contaram.

Eu me acostumei muito rápido com isso e parei de reparar. Até que um dia desses, algo engraçado aconteceu. Eu estava trabalhando numa casa de chá, onde eles vendem o chá da tarde inglês, com vários tipos de bolos e guloseimas pra escolher. Eis que entra um grupo de brasileiras. Como percebi que eram brasileiras, resolvi falar em português com elas. Elas ficaram felizes em ter uma garçonete brasileira as atendendo. Nesse dia tínhamos uns 5 ou 6 tipos diferentes de bolos e eu perguntei se elas gostariam de ir até o mostruário para dar uma olhada. Então a mais velha do grupo, na casa dos 50 anos, me faz a pergunta: “Qual deles você gosta mais? Ah, você é tão magra que deve gostar de todos, mas recomenda algum em particular?”. Essa alfinetada, sem motivo nenhum de ser, é muito típica do Brasil. Os brasileiros acham que têm que assinalar o quanto você é gorda o tempo inteiro. Mesmo quando você está sendo super legal com eles. Mesmo quando eles nem te conhecem. Mesmo que eles não deem a mínima pra sua saúde porque nem a desculpa de que estou gastando o dinheiro dos impostos dela com hospital ela tem – estou usando o sistema de saúde britânico.

Londres é uma cidade absurdamente multicultural. Tem gente de todos os países do mundo aqui. Sabe quantas dessas pessoas sentiram necessidade de assinalar que eu era gorda, dentro deste 1 ano e 2 meses que estou aqui? NENHUMA. Porque fora do Brasil, ser gorda é problema seu.

Agora, falando especificamente dos britânicos: a média de tamanho das mulheres aqui é 14-16UK (exatamente o tamanho que eu visto). Muita gente já fez cara de confusa quando eu disse que era modelo plus size porque pra essas pessoas eu não era gorda. Eu acho roupas facilmente em qualquer loja. A loja mais popular do país, a Primark, vai até o tamanho 20UK, que é algo como um manequim 50-52. Mas se você veste mais do que isso, há várias lojas com seção plus size, como a Forever 21. Lá eu visto tamanho XL e as roupas vão até o tamanho 3-X. A marca Hell Bunny, pra qual faço trabalhos de modelo (a foto do post é do meu trabalho pra eles), tem roupas até o tamanho 4X (eu visto XL com eles também).

Resumindo, há uma maior aceitação e um maior respeito pelos outros. Mesmo as pessoas que preferem ser magras (que fazem dieta) nunca virão até você pra dizer que você devia emagrecer. Nem mesmo se for alguém próximo a você. As conversas de bar entre um grupo de mulheres dificilmente agrega o assunto “dieta”. Elas estão lá, bebendo uma cerveja, falando de homem, política, roupas, seus trabalhos, mercado imobiliário, música, carreira… Mas dificilmente sobre dieta.

O que o Brasil podia aprender com isso? Menos neura e mais respeito, na minha opinião =)

Vocês tem alguma experiência que gostariam de contar sobre o assunto? Deixem nos comentários =)

45 Comentários

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45 Respostas para “Como é ser gorda fora do Brasil?

  1. Raquel

    Litha, adoro seus posts! Bem, se eu fosse contar as agulhadas gratuitas e constrangedoras não teria espaço… mas sou bem resolvida, graças a Deus. Infelizmente, o brasileiro é preconceituoso gratuitamente de todas as formas. Já perdi amizades porque os assuntos sobre dietas são sempre colocados como “prato do dia”, seja em qualquer hora e local, irritando, mesmo com tantas outras ideias legais pra se trocar… Enfim, uma pena! Quem sabe algum dia o simples ato de respeitar pessoas prevalece? Bjs!

  2. Lolla

    No meu trabalho é um inferno, na secretaria vejo mulheres que vestem no máximo 46 dizendo o quanto estão gordas mórbidas e as dietas loucas que estão fazendo, as médicas de ortomolecular que visitaram e blá blá blá. Acho tudo muito exagerado fico frustrada e me sentindo isolada destes papos. Eu estou para fazer cirurgia de vesícula pois tive uma crise horrível no início do ano e uma delas chegou e perguntou retirar a vesícula emagrece? Pois se emagrecer eu já estou indo tirar a minha, nossa parece brincadeira, só Deus sabe o que eu sofri com a crise que tive fiquei pasma ao ouvir ela falar isso… Realmente concordo aqui no Brasil existe uma pressão natural para a pessoa se manter magra ou tentar de tudo pra ficar. Se você não comenta que faz dieta e tal já te olham esquisito como se pensasse e esta aqui gorda pra caramba não se toca pra fazer um regime também não???

  3. Concordo plenamente com o que vc escreveu. E te digo que não são só os britânicos que são assim não, nos Estados Unidos também. Eles não dão a mínima para o seu tamanho. E olha que nos EUA tem muito obeso nas ruas. E ninguém repara ninguém. Nas lanchonetes, a gente come hamburgueres generosos e sem culpa de ter algum olhar maldoso te crucificando por causa disso. Fiquei um mês lá e me acostumei tanto com essa cultura boa que quando voltei pro Brasil tive até um choque. Os brasileiros em geral, são meio obcecados por gordura e magreza. Isso é no país todo. Conheci uma amiga de uma prima lá nos EUA que é gordinha e estava preparando para voltar pro Brasil. Ela é do Pernambuco. E um dia ela disse assim pra mim: aí tô até pensando no quanto vão pegar no meu pé quando eu voltar pro Brasil, por causa dos meus quilos a mais…. Isso gera um estresse desnecessário nas pessoas. Os brasileiros gostam tanto de imitar os estrangeiros em quase tudo, porque não imitar essa educação também neh…

  4. Simone Costa

    Litha, nos países que conheço (EUA, inglaterra, espanha, portugal, italia, rep tcheca, austria, alemanha, frança e mais alguns) Nunca passei por situações como as que enfrento no Brasil.
    Nòs brasileiros somos alegres, extrovertidos e muitos acham que isso lhes dá o direito de ser mal educados ou “sinceros” como os mal educados gostam de se definir.

    Beijos!!

  5. angela

    genteee onde eu trabalho de quebra num hospital.
    tem gente que ta pesando 50 k e ta obsecado na dieta detox pra perder mais por que se acham que estão gordos fico na minha so olhando e digo pobre dessas almas,

  6. Luciana Bulhões

    Amei seu post, concordo plenamente quando diz que o brasileiro deve aprender a ter mais respeito, mas não só com nós que somos gordas(o), porque pra mim “gordinhas” ja é uma forma de preconceito, mas com tudo que é diferente do que se coloca como padão .

  7. nilton de souza moraes

    lindas

  8. Jana

    Litha eu já perdi as contas do que eu já passei e de apelidos recebidos, desde o clássico rolha de poço até mundo! Mas, um dia eu dei uma resposta e nunca mais a pessoa me perturbou com isso, um dia me disseram que eu tinha que emagrecer e que estava feia e coisa e tal. Me fiquei tão p da da vida que eu virei para a pessoa e disse que eu cozinho e que come bem era um investimento e não poderia perder $$ por que ela queria, tinha que manter o meu investimento intacto! Adorei o post!

  9. Valter Sanches

    Olá Pessoal. A diferença é que no Brasil, as pessoas gostam de cuidar da vida dos outros. Gostam de ficar olhando o que o outro tem ou deixa de ter. Gostam de fazer piadinhas baratas e se acham muito engraçadinhos. Já nos países desenvolvidos, as pessoas tem mais o que fazer: Cuidar das suas próprias vidas. Fazer coisas mais interessantes aproveitando melhor o seu tempo. Essa é a grande diferença entre um País Tupiniquim atrasado e um País Realmente Desenvolvido.

  10. Paula Regina

    Litha querida, saudades de suas tecladas, viu menina?!

    É um soco no estômago e um baita tapa na cara de brasileiros e, nem assim, aprendem a ter respeito com o corpo alheio.
    Europeus em geral, muito mais os britânicos, são avessos à fofoca e isso já é um passo grande, além da educação de conduta ser mil vezes melhor que a nossa. Fico horrorizada do quanto as brasileiras são fofoqueiras e maledicentes, ruins mesmo!, com aquelas que não correspondem ao que elas determinam.

    E engano daqui da gente supor que europeus e estadunidenses não percebam essa conduta abominável, e sem sentido, tupiniquim, já que, beleza é algo muito sugestivo e singular aos olhos.

    Fazer o que, não é? Resta as educadas, elegantes e cultas, nós aqui, morrer de vergonha de brasileiras com essa conduta.
    beijocas =0*

  11. O problema do brasileiro é que os comentários passam longe de serem críticas construtivas, daqueles que você sabe que a pessoa está falando porque realmente se preocupa com a sua saúde. São, normalmente, comentários maldosos, alfinetadas, piadinhas que são engraçadas somente para quem faz.
    Trabalho no judiciário, envio decisões, sentenças, enfim, textos importantes, que serão publicados no Diário Oficial. Um dia saí para almoçar, deixando meu computador ligado, quando voltei, lancei o texto. Alguns minutos depois me ligaram do setor de correções para verificar que havia um erro (pude na ligação ouvir as risadas). Quando conferi, alguém havia escrito “Gorda” no lugar da assinatura. Ninguém assumiu, falaram que deve ter sido algum erro do word, riram muito disso no gabinete, achando engraçado o que aconteceu.
    Ri forçado com meus colegas e saí do gabinete direto para o banheiro, para chorar sem que ninguém visse o quanto aquilo tinha me magoado. Sou uma profissional estupenda, modéstia a parte, só recebo elogios de todas as autoridades com quem trabalho (juízes, desembargadores, etc) e ainda assim, apesar de todo esse profissionalismo, que é o que deveria importar em um ambiente de trabalho sério como o poder judiciário, a minha aparência é o que se destaca ao ponto de fazerem piada em um texto oficial.
    Obviamente consertei o texto e enviei sem essa intervenção, mas ainda assim fica a dúvida: o que é necessário para que as pessoas parem de ver seu exterior e te julguem pelo que você realmente é? Pelo seu caráter, pela sua competência, pela sua índole?

    • Paula Regina

      Puxa, Rê, que coisa desagradável e ainda mais em um ambiente de trabalho (que deveria ser imparcial, respeitoso e amigável). O que o corpo alheio afeta tanto a alguns… Não consigo entender isso.

      beijinhos.

    • Tamara solano

      Chorei cm seu depoimento =\ É muito triste saber que não importa o que a gente faça,não importa o tão boa nós possamos ser no que fazemos,nós sempre seremos julgadas pela nossa aparência!

  12. Adorei o post! Os britânicos são mesmo mais descolados. A Primark é realmente uma ótima dica de compras boas e baratas. Encontrei roupas lindas no meu manequim (48) com facilidade, só achei mais difícil lingerie, apesar de ter conseguido comprar, tive que ficar vasculhando bem para achar o meu tamanho no modelo que queria.
    Parabéns!

  13. Elisia Paes

    Amei o post, infelizmente no Brasil, ser magra é sinônimo de ser bonita. E quando vc não está no padrão magro, outros se acham no direito de se meter e te criticar de alguma maneira em relação a este assunto. Não se importam em saber se sua saúde está ok, mesmo sendo gordinha, se vc se gosta assim… enfim, criticas e criticas para ter um corpo magro? Me pergunto qual o problema se eu me gosto desse jeito?

  14. olivia

    Moro na Alemanha há 3 anos, e morei nos EUA durante 1 ano, e realmente, a cada viagem de retorno, para visitar a família, é aquele desespero: engordei mais 5 kilos, tentar perder 10 kilos antes da viagem, minha cunhada vai fazer gracinha, meus vizinhos vão fazer comentários, minhas antigas colegas de faculdade vão me zoar, meus pais vão criticar meu físico.

    Esse é o primeiro ano em que volto ao Brasil acompanhada ( por um homem loiro, lindo, forte e alto, diga-se de passagem) , e já tenho calafrios de imaginar os olhares maldosos de pessoas na praia, no shopping, seja onde for. Aqueles olhares de: ou ela é muito rica, ou ele perdeu uma aposta.

  15. No Brasil, somos tão descriminadas por sermos gordinhas, que este fato é item eliminatório em processo seletivo de algumas empresas. Aqui é aceitável morrer em uma mesa de cirurgia para uma operação de redução do estomago, pq preferem morrer do que ser gorda. A maioria do povo brasileiro não consegue enxergar a pessoa maravilhosa que cada um pode ser, pq sempre veêm o corpo antes.
    Muita gente chegou a me perguntar o pq de eu não fazer uma cirurgia, já que tenho um rosto lindo. Acho esse tipo de comentario desnecessario e cretino, qual o problema de eu me sentir feliz do jeito que sou?

    • Daniela

      E o pior é quando as ofensas vem de pessoas que você ama,como no meu caso,minha mãe vive me dizendo que é melhor morrer a ser gorda,pois gordos não merecem ser felizes e por isso caçoam das pessoas que estão acima do peso,para poder ajudá-las a emagrecer,pois é,ouvir isso todos os dias dói demais,só deus sabe o que pessoas como eu passam.

  16. Mel

    Oi Litha! Será que você poderia fazer um post explicando os tamanhos de roupas para quem compra em sites de fora? Sempre fico muita confusa com isso! Bjim!!

    • Litha

      Mel, todos os sites de roupa de fora têm tabela de medida em polegadas ou até mesmo centímetros. As marcas no exterior são como as nossas: o 46 de uma loja nem sempre é o mesmo da outra, certo? Então é sempre legal conferir a tabela de medidas de cada loja =)

  17. Acho mesmo que gostamos de implicar, isso em tudo. Digo isso porque já fui cheinha, sou vegetariana e tenho cabelo azul. É como tudo que difere da massa desse um choque na nossa cabeça, acho que é porque temos, enquanto massa, muito pouca cultura. Já reparei que quem lê, quem estuda, quem entende de vários assuntos nunca olha torto para meu cabelo, e não manda o famoso “nem peixe?”

  18. Republicou isso em Diário de bordoe comentado:
    E digo exatamente o mesmo sobre Portugal!

  19. bruno

    Londres é tão legal!! Lá eles falam e riem nas suas costas… Vc experimentou diferenças culturais, lá são tão crueis ou piores do que aqui (não sei qual a cidade q vc morava). Uma recorrência para brasileiros que vão morar fora (em países colonizadores) é que seu olhar tem um filtro do colonizado e acham tudo bonito. Os gringos não fazerem evidente sua opinião não quer dizer que eles não tenham o mesmo olhar preconceituoso daqui. Fora do RU ainda na UE pode ser pior pq não se encontram tantas pessoas “acima do peso”. Enfim, acho que vc deveria refinar melhor seu olhar… Abs

    • Simone Costa

      Bruno,
      eu não estou nem ai para a verdadeira opinião dos gringos, ou Brasileiros.
      Gringos ou Brasileiros tem todo direito de não gostar de mim por ser gorda, o que estamos dizendo aqui é que Brasileiros são grosseiros e mal educados, e se os gringos riem pelas costas os Brasileiros riem, debocham e fazem questão de deixar sua opinião (que ninguém pediu) na cara. Abs

    • Litha

      Bruno, o que alguém acha de mim não me importa. Se me acham feia gorda, não me importa. O que me importa é que venham torrar o meu saco com isso, entende? É exatamente o que a Simone falou, eu não teria conseguido dizer melhor.

      E meu querido, não tenho olhos de colonizada. Não acho que tudo aqui é perfeito. Tem muitas coisas que me incomodam no Reino Unido, assim como tem muitas coisas que amo. Todo lugar tem seus prós e contras. Eu só sinto que aqui ninguém tenta te impor regras, por mais que eles discordem do seu estilo de vida. Abs.

  20. Litha, amei. Colocou em palavras o que eu sempre sinto fora daqui, o quanto eu fico pasma com o escármio e a humilhação gratuitas. obrigada pelo texto!

  21. Post super interessante! Sempre achei que essa pressão psicológica que as pessoas (e a sociedade) fazem para que você seja como elas querem é absurda e abusiva.

  22. thais g

    otimo post, realmente aqui no Brasil a pressão para ser magro é absurda, algo a que nenhum ser humano deveria ser submetido. ah e adorei as fotos, você é linda!

  23. Silvia

    Nos EUA, pelo que vivi durante um mês, ser gorda é como usar um sapato que não agrada a maioria, mas se a pessoa quer usar, problema dela. (Até por que há quem goste!)
    Aqui sou vista como se eu estivesse descalça, ou seja, como se eu nem tivesse o direito de ter convívio social, como seu eu devesse ficar em casa, não há lugar. É comum a desconsideração, a censura velada, a reprovação.

  24. Lu Xavier

    Apesar do tom ácido utilizado pelo Bruno, é importante pensarmos aqui que, apesar de visíveis diferenças sócio-culturais entre Brasil e Ocidente (achei interessante ninguém narrar nenhuma experiência na África ou Ásia), o preconceito contra o gordo é global. Os EUA é o lugar por excelência do crescimento da indústria das dietas. Lá só não se fazem tantas cirurgias de redução quanto aqui pq o sistema público de saúde americano não cobre (e os planos de saúde de lá são terríveis, vejam o documentário de Michael Moore). Em Londres, contrariando aí o que falaram, a fofoca reina mais que a rainha, e Lady Di morreu por causa de papparazzis. Os tablóides vendem como água. Todos estão controlando o peso da princesa Kate. Então é importante frisar que as coisas se manifestam apenas de maneira diferente. Creio que o respeito ao próximo e às diferenças ainda é um item a se valorizar e parabenizar nos Ocidentais, e realmente os variados segmentos consumidores são contemplados pelos mercados locais.
    Mas eu já morei tanto em Madri quanto nos EUA, e não foi todo esse mar de rosas não. Não sei se vcs sabem, mas a palavra bullying é americana, e se essa expressão foi criada lá, não foi à toa.

    • Litha

      Lu, tanto tu quanto o Bruno perderam o ponto do post. Eu não falei que eles amam gente gorda. Eu falei que eles não se sentem no direito de vir até você e falar o que você deve fazer com O SEU CORPO. Repito que a opinião deles não me interessa, se eles não vão vir encher o meu saco com isso eu me sinto mais do que feliz.

  25. Até concordo com td isso, realmente nosso país é extremamente fútil a ponto de se importar só com a aparência, mas temos q nos policiar pq se temos tendência a engordar, não é só pq estamos em um país q aceita melhor a obesidade, é q vamos nos descuidar e relaxar, temos q preocupar com a saúde e com o bem estar.
    Sou do time das fofitas e quero sentir bem com isso, mas aqui é quase impossível, fico de olho no peso pra não extrapolar muito, senão com ele vem muitas doenças e chateações. Gostaria de me aceitar mais e não me importar com q os outros pensam, mas realmente é difícil, mas tb não acho certo a gente aceitar a gordura a ponto de nos prejudicar, a gente engorda em uma velocidade galopante, qdo se toca ja ta ultra obesa, ai pra manter a saúde é difícil.

  26. Elisa

    Nossa, experimenta engravidar então!

    Todas as pessoas se veem no direito de comentar do seu peso. Eu escutei muita patrulha em cima do meu corpo, travestidos de elogios. Não sou magra coisa alguma, sou saudável. Tem grávidas que ganham mais peso, tem outras que ganham bem menos, e todas nós somos saudáveis, e se não fôssemos, isso é uma questão a se discutir entre nós e nossos médicos, não sendo da conta de mais ninguém. Dane-se a intenção de “elogiar” ou criticar, dispenso a patrulha do peso.
    A gestação transforma o corpo de toda mulher, e minha auto-estima não depende da aprovação de ninguém.

  27. Olá Litha ,

    Vi sua postagem por ela ter aparecido na minha Timeline no facebook.

    Em 1º lugar não quero criar uma polêmica desnecessária no seu blog (sendo assim, se quiser, pode bloquear meu comentário) mas acho que sua postagem favorece uma visão redutora na análise cultural e equivocada ainda que bem intencionada.

    O que você experimenta em Londres não deve ser motivo de uma comparação que deixa de lado parâmetros históricos e econômicos. O que faz desse lugar não uma cidade mais tolerante mas sim mais insensível ao outro.

    Se “ninguém repara” em ninguém podemos entender esse comportamento muito como o mal das grandes capitais mundiais em que o individualismo beira à invisibilidade. A mesma que faz com que pessoas morram nas calçadas de SP, RJ, NY ou Londres e ninguém faça nada. Ou que pessoas passem despercebidas se estiverem varrendo ruas ou abrindo portas em hotéis.

    Essa xenofilia que foi apoiada por vários comentários publicados demonstra um desconhecimento abismal da cruel política inglesa contra estrangeiros que tentam ficar na capital londrina e são deportados ainda no aeroporto, nas péssimas condições dos conjuntos habitacionais onde predominam moradores negros e na crescente xenofobia branca e de hostilidades à população LGBT, seja ela gorda, magra ou esbelta.

    Seu filtro do “bullying da obesiadade” faz sentido quando ampliado e prismado pela ótica da formação cultural, educacional e de solidariedade seja de brasileiros, londrinos ou senegaleses. Mas perde potência quando faz apenas uma comparação simplista.

    A raça, o país não estão desvinculados de uma realidade sócio-econômica, política e histórica (lembre-se que nessa mesma Londres liberal pessoas no passado foram encarceradas numa torre que ainda existe e deixadas morrer à míngua e nessa mesma Londres o brasileiro Jean Charles foi assassinado pela polícia porque “parecia” um terrorista).

    A luta pelo respeito à diversidade estética, étnica e de gênero deve sempre ser multicultural e transnacional. Não existe “Inglaterra boa versus Brasil mau”. Existe sim liberdades e maturidades e realidades distintas.

    Que não sejamos, então, “invisíveis” aos olhos alheios, nem apenas “nichos consumidores de roupas para gordos” mas que tenhamos um espaço legítimo de cidadania em qualquer parte do planeta. Sendo do que jeito formos.

    Abraços

    • Renata Poskus

      Luiz,

      Seu depoimento me fez lembrar de quando fui pela primeira e única vez à Inglaterra. Acho que foi em 2005 ou 2006. Minha tia morava lá com seu marido Inglês. Ela queria que eu acompanhasse meu avô até lá. Eu ficaria uma semana apenas e depois voltaria para o Brasil, para terminar minha monografia, enquanto eles seguiriam à Lituânia, terra natal de meu avô.

      Como meu Inglês é péssimo, já fui com um roteiro com simples respostas para perguntas que eventualmente a imigração poderia me fazer. Fui com diversos cartões internacionais na bolsa, já com o limite estourado, apenas para dar a impressão de que estava entrando com muito mais dinheiro do que as simples 400 libras que levava no bolso. Meu avô foi orientado a ficar calado e deixar que eu conversasse na imigração.

      Fui linda, de salto alto, maquiada, pois já havia lido sobre deportações baseadas no tipo de calçado que o imigrante usaa. Pois bem, respondi tudo bonitinho na imigração e me deram o carimbo de autorização de entrada. Já na hora do meu avô, estranharam o passaporte brasileiro para estrangeiros (ele não é nacionalizado brasileiro). Meu avô, então, riu e indagou: “que tanto que vocês olham?”. Mesmo gagá, na cadeira de rodas, ele foi cercado por policiais fortemente armados. Queriam que eu me separasse dele, me ameaçando: “se vc não passar agora, será deportada com ele”. E eu:”então serei deportada com ele, mas não hoje, ou ele morrerá no voô pois tem problema de coagulação”. Revistaram a mala do meu avô, nos levaram para a detenção… Ele não tinha água nem para tomar os remédios. Ele foi revistado. Faziam questão de tratá-lo de forma diferente da que me tratavam. Ele é soviético e soviéticos não são bem-vistos na Inglaterra.

      Meu tio era um homem rico e poderoso e conseguiu nos tirar de lá. Chegamos às 7h e saímos de lá às 14h. Foi bem difícil. Inicialmente permitiram que ele ficasse 1 semana e que retornasse comigo. Mas depois fomos atendidas por uma agente muçulmana, com traços árabes, ela se compadeceu e permitiu que ele ficasse 1 mês, tempo ideal para que fosse á Lituânia rever sua terra, que não via desde a década de 70.

      Tive uma péssima experiência. Já estive em outros países como Alemanha, França, Bélgica e jamais passei por isso antes.

      Abraços

    • Litha

      Eu concordo com tudo o que tu escreveu, principalmente sobre a xenofobia porque já senti na pele.
      Acontece que o post não tá falando sobre isso. O post tá falando sobre como é ser gordo aqui. Simplesmente isso. O post não fala que o Reino Unido é o lugar mais incrível e humano do mundo. O post não fala que o Brasil é uma porcaria em todos os sentidos e que o Reino Unido é perfeito. O post fala que é mais fácil ser gordo aqui do que no Brasil.

  28. Post super interessante! No Brasil as coisas são realmente bizarras, todos nos julgam o tempo todo. É ridículo.
    Não sou gorda, mas sou alta e as pessoas tratam isso como se fosse algo ruim. Já teve vezes que me chamaram de Girafa na rua, de travesti… Tanta coisa. Me dói não pela ofensa, mas por viver em um país onde todos são MUITO diferentes e mesmo assim não aceitam as diferenças. Ser gordo, magro, alto ou baixo não te faz melhor nem pior, é você, é seu jeito, sua individualidade e a intolerância brasileira não entende isso.

    Parabéns pelo post!

  29. Karolina

    Não sou gorda, uso 38 ou 40 hoje em dia, sou baixinha, e me sinto um pouco melhor depois que ganhei uns quilinhos, as roupas me vestem melhor e não preciso mais procurar calça 34 na seção infantil.

  30. Compreendo perfeitamente o que você diz nesse post. É muito desconfortável como as pessoas se sentem no direito de torrar a nossa paciência com comentários sobre como o nosso corpo é e como “deveria” ser. Quando visito minha família já vou com um quê de tristeza por causa de comentários sobre o meu corpo. Parece que o tamanho do meu bumbum é mais importante do que minha realização pessoal.

  31. Rosana

    Tudo que foi retratado aqui é apenas um recorte de como ser gorda neste país, ainda mais se você vier de famílias naturalmente magras, loiros e de olhos azuis, ou quando a profissão que escolheu é a de educadora (professora de biologia e ciências, ou seja responsável pela educação em saúde). Vivo ouvindo as indagações “mas como você ficou assim?” “porquê não faz dieta?” “já pensou em fazer redução de estômago?” “é sério que você é feliz?” “nossa você não para de engordar” “nana entra numa academia, você ta precisando” o que eu mais gosto “você tem um rosto lindo, pena que é gorda né” ou pior ainda e perceber em alguns comentários o sarcasmo, a incapacidade de aceitar um corpo gordo como bonito, mas a pior situação pela qual passei foi ser humilhada por um aluno e o pior de tudo não poder revidar a altura por se tratar de um adolescente e portanto uma personalidade em formação: estava eu ensinando sobre educação sexual puberdade adolescência.. e como muitos sentem se constrangidos em falar do assunto eu sempre faço uma caixinha para colocarem questionamentos, imaginem minha surpresa em ler um dos papéis perguntando “quantos quilos você pesa e quantas vezes você consegue dar” . Fiquei pasma ao pensar quanto preconceito pode existir em mentes tão jovens, escrevi meu peso no quadro e ressaltei aos demais alunos o motivo, para que soubessem que não tenho vergonha disso e que me aceito assim. Ainda esta semana estava eu em uma sorveteria com minha filha de três anos (loira magrinha, olhos azuis enquanto eu morena baixinha e gorda rsrs) uma moça chega com um cartão: “você conhece esse espaço (lugar de encontros de uma marca de produtos para emagrecimento) você poderia emagrecer um pouco” respondi com meu sorriso de sempre e tentando ser bem educada, desculpe, não tomo medicamentos e sou feliz assim, infelizmente a deixei constrangida, era o trabalho dela afinal, mas assim mesmo fiquei feliz por conseguir fazer isso e se que todos que estavam ali, e que já tinham me olhado talvez me julgando, Mas o fato é que, no Brasil (que por inal nunca deixei) ou qualquer outro lugar todos deveriam ser mesmo muito mais educados e menos preconceituosos em relação ao corpo e vida que não lhe pertence.

  32. luiza

    oi adorei seu post =) li pra minha mãe que tem uma super neura pra eu emagrecer kkk ela disse que achou vc uma fofa ,mas mesmo assim ainda vai pegar no meu pé rsrs disse que ser eu for modelo em londres td bem mas enquanto tiver no brasil vai continuar pegando no meu pé pra emagrecer pq o pais cobra isso.
    p.s.: por favor sem julgamento com a minha mãe ,já estou super acostumada com ela pegando no meu pé ,porque ela tem uma preocupação com os outros me magoarem.

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