Por Renata Poskus Vaz
Finalmente você para em frente à vitrine daquela loja bonita que sua amiga amiga magrinha vive comprando roupas da moda. Vê uma blusinha que é a sua cara. Toma coragem e resolve entrar. É atendida por uma vendedora bem magrinha, com sorriso forçado, que logo te convida a experimentar a peça.
“Moça, tem do meu tamanho?”, você pergunta, em voz baixa, envergonhada.
A vendedora, por sua vez, afirma que o tamanho G vai ficar ótimo.
Você tem dúvidas. Afinal, o que é um tamanho G? G de grande? G de gostosa? G de gostosa grande? G de gorda? G de gorda grande? Um tamanho G pode ser grande comparado com um P que é minúsculo, mas ainda assim ser pequeno se comparado a outros “Gs” por aí. Mas antes que você desista de provar a peça com toda essa subjetividade de um tamanho “G”, lá está a vendedora com aquele olhar de cachorrinho que caiu da mudança, te convencendo a provar:
“O tecido é ótimo, estica! Experimenta, vai ficar lindo em você”
Já que ela diz que estica, você sente que tem alguma chance com a blusinha e se joga no G enigmático. Entra feliz no provador da loja dos seus sonhos. O sonho acaba rápido. O provador é minúsculo, sem ventilação, e você lá, já suando como se estivesse em uma manhã castigante no deserto. Tira a sua blusa, bate o cotovelo na parede de compensado, o provador treme.
“Tá tudo bem aí, querida?”, pergunta a vendedora.
Você e ri e responde que sim. Você já sem a sua blusa, o suor escorrendo pelo seu corpo. Mas você não desiste fácil. Pega a blusa G, do tecido que estica. Coloca lentamente. Primeiro um braço, depois a cabeça e depois o outro braço. Agora é a hora de descer a blusa. Mas ela não desce. E você dá uma forçadinha de leve, até ouvir a primeira cerzida e descobrir, da forma mais triste possível, que o tecido que deveria esticar, não estica porcaria nenhuma.
Tenta tirar a blusa, mas ela nem sobe e nem desce.
E você lá, com a blusa entalada, pensando em uma forma de se livrar daquela situação, pensando que não pode haver nada no mundo pior para uma gorda do que uma blusa G que na verdade é P entalada em você, em um provador minúsculo e calorento.
Mas há. Sempre há como uma situação piorar.
A vendedora inconveniente, do lado de fora, tentando abrir a cortina do provador:
“Deixa eu ver como ficou, querida?!”
E você, desesperada, fechando a cortina, responde:
“Já mostro, já mostro!”
Você percebe que só tem uma alternativa: fazer a blusa descer de qualquer jeito, sair do provador sorridente e mentir dizendo que gostou tanto da blusa que já quer sair com ela no corpo. Comprar. Ir para casa e sofrer com dignidade com o dinheiro mal gasto.
Então, você prende a barriga, fica sem respirar, se esforça e após uns 5 minutos de desespero e muitas tentativas, a blusa desce. Sai do provador, vermelha, exausta, após a pior experiência da sua vida e escuta da vendedora:
“Nooooooooooooooooooooooooooooooooossa! Que linda que ficou em você!”
A frase mais falsa que já ouviu na sua vida.
Você respira fundo. Uma, duas, três vezes. Percebe que seria ótimo sofrer com dignidade em casa. Mas que melhor ainda é dar um piti de gorda no meio da loja, só para lavar a alma:
“Escuta aqui, você sabia que induzir um cliente ao erro está previsto como crime no código de defesa do consumidor? E você ficar falando que estou linda em uma blusa que nitidamente não cabe em mim é uma tentativa imunda de me fazer comprar um produto que não me atende? Isso não me serve e você está tentando me empurrar goela abaixo! Meu dinheiro não é capim, minha filha! Agora liga essa porcaria desse ar condicionado que eu estou com pressa. E não tente entrar no provador mais uma vez sem meu consentimento, entendeu?!”
Ufa!
Todos se calam.
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Historinha triste, incômoda? Já aconteceu comigo de verdade. E com vocês?
Já passei por várias situações parecidas. Ser gorda é padecer a encontrar roupas que sirvam e ficam bonitas.
Pior coisa do mundo é esse tipo de vendedora… Acabo comprando em lojas de departamento por isso. Não tem ninguém tentando invadir o provador enquanto você prova. Já passei por uma experiência dessas numa loja aqui de São Paulo. Duas saias: uma espremia minha alma e a outra, maior, caberiam a mim e minha irmã gêmea. Segundo a vendedora, as duas “FICARAM ÓTIMAS”…
Ahan…
Tenha dó…
Mais respeito por favor!!!
Comigo já aconteceu com calça , a calça era um nítido 40 com etiqueta de 46 ,não passou nem do joelho !
Já passei por isso é constrangedor e os outros vendendores ainda ficam olhando pra sua cara fora os outros clientes afff.
Em Goiânia não é diferente…mas também tem aquela vendedora que ja olha pra você meio de lado com cara de critica, tipo noooosssa,
e diz, não tenho sua numeração. Realmente não sei o que é pior.
Acho que todas já passamos por isso pelo menos 1 vez na vida..comigo foi com um blazer/casquinho, era o famoso G, apertava e as costas e faltava alguns dedos pra fechar no seio…a vendedora: leva, ficou lindo..eu: mas não fecha, tá pequeno, vendedora: imagina, é pra usar aberto mesmo. Ah para né….tudo bem que pode usar aberto, mas pequeno é uma coisa, querer por minha vontade usar a peça aberta é outra bem diferente
O que eu não suporto é essa abridinha da cortina do provador pela vendedora! poxa, geralmente a gente está 1) pelada ainda, 2) trocando mil vezes as peças para ver se alguma realmente ficou boa…ou 3) MUITAS vezes a gente está entalada em alguma que não é feita para a mulherona, mas sim para o padrão magrelinha. Mega falta de respeito.
Sou curta e grossa com vendedores falsos que fazem e falam qualquer coisa pra que compramos o que não deu na gente.
Eu já trabalhei como vendedor e odiava a minha chefe mentindo pros clientes, isso não era pra mim, então digo sem medo de errar todo vendedor é mentiroso!!!!!!!!!!!!
É muito chato quando isso acontece roupas que na etiqueta são G e na verdade são P. Já estou cansada de tentar encontrar peças nas lojas mais acessíveis e ser olhada pela vendedora como uma aberração e ouvir aquela terrível frase: NÃO TRABALHAMOS COM O SEU NÚMERO.
É um absurdo pois uma grande parcela da população é plus size.
muitas vezes principalmente quando eu era mais nova..ate já rasguei blusas…
Ja passei sim kkk… o suor correndo kkkk.. na hra vc se irrita depois vc ri de tdo!!! Hoje olho e vejo que tdo e valido!!! Aprendi a tirar aprendizado de tdo,hj nao passo pq sei quando aquela roupa nao me serve e nao ponho,aprendi a conhecer meu corpo!!!
Não trabalho com comércio por isso,não sei ser falsa,tb odeio experimentar roupa em provador.
Morri de rir…que texto maravilhoso..faz tempo que eu precisava ler algo assim…Quem que não está no dito tamanho ” padrão ” já não passou por situações similares não? Acho ate que depois dá pra se tirar boas risadas dessas vivências.!!!
Adorei o texto… E não adianta: todas acabamos passando por isso!!! É irritante, pois sabemos que a roupa não está legal e mesmo assim a vendedora nos olha e diz: NOSSA FICOU LINDO!!!! MENTIRA, MENTIRA E MENTIRA!!!!
Por isso que não gosto de vendedoras… rsrsr
Ontem mesmo sai para comprar uma blusa e em varias lojas o G nao correspondia ao tamanho, isso e o que um complo? Ou sao pecas de senhoras, o tamanho nao corresponde, ou pecas hiper caras! Acabei nao levando nada…
Adoreiii!Queria ter tido uma atitude parecida e dar um piti de gorda assim… rsss!Quando aconteceu algo parecido comigo. #Chupa vendores malas
Ótimo texto.. acho que essa situação acontece com a maioria de nós, mas nem todas temos uma resposta dessa na ponta da língua! kkk
Kkkkkkkk. Renata a gordinha aqu,i já passou várias vezes por isso. Depois de muitas mancadas dessas, eu realmente enxerguei que não dá para comprar em “lojinhas” da moda, tem que ser nas poucas lojas que existão o GG/XGG generosos é claro.
Adoro seus textos.
bjs,
Pri.
O pior é quando você gosta tanto, mas tanto da roupa que se aperta, se espreme e tenta caber nela aí o que acontece? O botão solta, a costura da blusa abre ou ela fica parecendo cropped sem ser. Oh meu Deus! Sei como é!
Deteeeeeeeeeeeeesto vendedoras perseguidoras. Um “seja bem vinda, meu nome é tal, fique a vontade, se precisar estou disponível” deveria ser regra. Se entro no provador é ouço um “mostra pra gente”, tiro a roupa na hora e vou embora.
Sofri so de ler seu depoimento. Moro na Africa do Sul e sera dificil me acostumar quando eu voltar pro Brasil,emagreci muito aqui,logo,logo chegarei aos 60,mas o que é legal por aqui é que Todas as roupas vao do 32 ao 48 e plus size é a partir do 50 e olhe lá,e as vendedoras não ganham por comissão ao que parece,porque nos cumprimentam,falam que se precisar de alguma coisa é só chamar e nos deixam em paz,os provadores são enormes e confortaveis,cabem umas 3 pessoas,é muito raro um provador pequeno e só tem uma pessoa na entrada ,ninguem entra ou fala com voce. Gente o Brasil deveria treinar seus vendedores para nao constrangerem os clientes.
Anna
Uma das poucas vantagens de morar nos EUA eh nao ter que passar por isso. Aqui vc entra na loja, escolhe sozinha o que quer, leva pro provador sozinha e experimenta tudo que vc quiser e pode demorar o tanto que precisar.Eu e minha prima nos divertimos horores toda vez que temos um casamento ou evento mais formal pra ir. Vamos juntas pro provador e geralmente essas roupas sao muitoooo menores que o tamanho impresso na etiqueta. Entao eh um festival de gargalhadas e fotos pra prosperidade esmirradas dentro do vestidinho preto indefectivel. Ja ate desisti de comprar roupas no Brasil, apesar de acha-las lindissimas. Nunca tem meu tamanho e o preco eh uma afronta! Nao sei como as mulheres do Brasil conseguem andar sempre tao lindas e de roupa nova com precos tao absurdos. Amo meu Brasil em varios aspectos mas acho que vou continuar fazendo minhas compras na terrinha do tio Sam mesmo…
Loja de lingerie tb faz isso!
Quem nunca passou por isso? Lembro de qdo era adolescente, dei piti no provador chorando com minha mãe pq o macacão não entrava. Hoje só compro em lojas que sei que vendem roupas do meu tamanho e outra, só saio do provador se achei que fiquei bem com a roupa, caso contrario, ninguém precisa ver ou rir da minha desgraça.