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“Sua gorda!” – Pelo direito de não me ofender com a realidade

Por Isabella Trad

Antes de começar, quero que prestem atenção no vídeo abaixo:

Passei a minha vida inteira aprendendo que ser gorda não é legal. Que eu não seria amada, atraente e muito menos teria sucesso, que eu não seria digna de elogios. Como muitas de vocês, criei a imagem de um monstro e fui repreendida e rebaixada diante de várias situações por conta do meu peso.

Familiares diziam que eu se eu ficasse magra tudo seria diferente, tudo seria mais fácil e sabe o que eu aprendi? Que a vida é difícil pra quem dá desculpas pra viver. E o que o vídeo tem haver? Bem, a intenção óbvia dos brasileiros foi fazer uma piada com essa garota gringa, linda e gorda.  Eu não ri. Fiquei com vergonha.

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Ela é gorda, mas eles não tinham o direito de usar o adjetivo como defeito. Ela é gorda e linda, é gorda e tem cabelo liso, ela é gorda e quem decide encarar como elogio ou defeito é ela e não vocês!

Eu sei que se ela soubesse falar português provavelmente se sentiria ofendida e o meu recado pra ela é: Não se sinta. Meu recado pra todas vocês é esse, não se sintam ofendidas por ela e não se sintam ofendidas por serem chamadas de gordas, obesas ou baleias.

A intenção desses idiotas foi de ofender, usaram a palavra gorda como ofensa, mas no final, quem escolhe se ofender é VOCÊ. Prefere ser a gorda cheia de coitadismo que deixa os outros opinarem na sua vida e se e ofende com uma realidade que só você pode escolher se é boa ou ruim? A atitude da garota inocente, dando sorrisos de satisfação mesmo sem entender o que estava acontecendo é digna.

Se todas nós não tratássemos nosso peso como defeito, talvez as pessoas não o enxergassem como um. Bem, eu sou gorda, baixinha e ruiva e escolhi que nenhum desses adjetivos são defeitos.

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Blogueiras Plus Size na Revista Glamour

Por Isabella Trad

Gatas, to sumida! Eu sei, ficaram com saudades? Sim, sim simmmm!!!?

Estou passando aqui pra deixar uma novidade pra vocês:

Fui escolhida pra representar o Blog Mulherão na revista Glamour!

Mas antes de correrem para as bancas e irem ver a ruiva de vocês eu quero contar essa experiência maravilhosa que tive! Vamos lá?

O ensaio foi em um restaurante no Itaim Bibi, logo que cheguei já fui correndo para a maquiagem, bati um papo maravilhoso e resolvi várias questões de maquiagens que já já faço um post pra vocês contando tudinho!

Na troca de roupa um sustinho básico, as fotos seriam no estilho ‘Rica poderosa e sexy’ com direito a lingerie e um casaco glamoroso. Morri de medo! Todas as fotos que já fiz foram na brincadeira e no estilo ‘Menina fofa’ encarar o mulherão sexy foi incrivelmente difícil pra mim.

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(Backstage: Tira foto no espelho pra postar no Mulherão)

Durante os cliques demorei um pouco para me sentir realmente a vontade, as outras blogueiras já tinham muita experiência como modelo plus e eu só brincava em casa e ao máximo fiz dois ou três trabalhinhos.

Realizei um sonho de conhecer pessoalmente a modelo e blogueira Carla Manso simpática e linda, alem de contar com a presença da nossa Miss Brasil Aline Zattar e a Blogueira e também modelo plus size Debora Fernandes. Fotografar ao lado dessas três mulheres foi uma responsabilidade imensa, uma honra. Foi realmente uma experiência única.

Esse ano o Blog Mulherão completa 5 anos e fico feliz em levar o nome dele em uma das grandes revistas de moda do Brasil. Espero realmente que depois das confusões, a coragem da revista de se redimir de forma tão maravilhosa consiga atingir todas as leitoras e assim mudar e até conscientizar de que somos lindas e maravilhosas desse jeito. A Glamour abriu um espaço maravilhoso, uma chance de mudar alguns padrões e valorizar a auto-estima e beleza de cada mulher brasileira.

Estou realmente feliz por essa oportunidade!

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(Foto: Página da Debora Fernandes Plus)

Blog dos mulherões da matéria:

Blog Fatshion – Carla

Blog Aline Zattar – Aline

Blog Debora Fernandes Plus – Debora

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“Quero ser feliz enquanto não emagreço”

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O texto abaixo foi escrito por Suzane Barbosa, a linda da foto acima. Ela postou este texto e esta foto como uma espécie de desabafo em seu Facebook. Até agora este texto com a foto acima teve mais de 300 compartilhamentos. Vale a pena ler. Expressa muito o desejo de muitas de nós que desejam um emagrecimento saudável, mas que não querem esperar para ser feliz.

“Essa sou eu de biquini e a barriga que eu odeio mais que tudo nessa vida e que estou lutando pra fazê-la sumir. Até então, já se foram 26 Kg. Tenho 1,63 de altura, 88kg, 23 kg acima do meu peso ideal. Eu sou assim. Essa sou eu, sem corset, sem cinta, sem truques de moda pra disfarçar e alongar a silhueta, sem maquiagem, sem cabelo arrumado. Eu sou assim.

Por que estou postando essa foto? Porque estou em um processo lento de emagrecimento (explico mais abaixo o porquê de ser lento) e cansei de esperar alcançar o peso desejado pra ser feliz. Cansei de me esconder, cansei de disfarçar, cansei de deixar de fazer o que eu queria por causa do meu peso, cansei de deixar as pessoas me colocarem pra baixo, cansei de deixar as pessoas fazerem com que eu me sinta inferior por causa do meu peso, cansei de deixar que se metam na minha vida.

Eu vou emagrecer sim! Mas será que eu posso ser feliz em quanto isso não acontece? Será que eu posso parar de disfarçar meu peso pra não te incomodar? Pra você não olhar torto pra mim?

As pessoas logo taxam os gordos de preguiçosos, de relaxados, mas esquecem que existe casos e casos. Eu luto com a balança desde quando me conheço por gente, claro que já chutei o pau da barraca e fiquei muito tempo sem fazer nada por mim, porque passei por algo que conhecemos como “depressão”. Perder peso não é fácil pra mim, e meu médico me explicou o porquê: Sempre fui gorda, desde bebê, já nasci maior do que deveria. Meu médico disse que eu deveria ter atingido meu peso ideal ainda quando criança, algo que deveria ter sido cuidado pelos meus pais já que criança não tem noção dessas coisas, e eu não ligava. Tive uma infância feliz, sempre muito rodeada por amigos, mas não culpo meus pais. Creio que pra quem passou por uma infância com comida escaça, ache difícil negar algo pra sua filha.

Enfim, tanto tempo acima do peso, que meu organismo acabou aceitando isso como “saudável”, tanto que não tenho nenhum problema de saúde, mas na verdade não sei se tem relação uma coisa com outra ou se é só sorte, rs. Então, quando começo a emagrecer, meu organismo acha que tem algo errado comigo, que estou doente, e o metabolismo desacelera justamente para evitar o emagrecimento que ele acha que não é necessário.

Nesse momento, eu preciso maneirar na dieta e exercícios e manter o peso daquele momento, como um aviso “ei, tô legal, pode acelerar meu metabolismo novamente!” e então, depois de um tempo eu posso voltar com uma dieta mais disciplinada e exercícios mais intensos. Tenho que fazer essas pausas, por isso demoro tanto a emagrecer. A minha revolta é que por mais que eu não goste de ser gorda, é tudo mais díficil quando se é gordo. Estou lutando pra ficar mais saudável, ainda assim eu gostaria de ter o direito de ser feliz em quanto não consigo ficar como quero.

Deixei de me relacionar com pessoas por causa do meu corpo, deixei de dançar feito louca na pista por causa do meu corpo, deixei de ir a praia com os amigos por causa do meu corpo, deixei até mesmo de dar uma opinião sobre determinado assunto por causa do meu corpo, deixei de ter diversas experiências que me enriqueceriam por causa do meu corpo. Sempre, sempre escondendo meu corpo, escondendo minhas opiniões, minhas escolhas, minha forma de pensar, minhas vontades, escondendo minha vida por causa desse corpo, sempre com medo do que os outros vão pensar de mim, com medo de que elas se afastem de mim, por nojo, vergonha e etc.

Chega, gente! não posso mais viver assim, nessa insegurança, nessa inércia, não posso esperar mais. Agora está aí pra todo mundo ver como sou, não tenho mais o que esconder. Pessoas que enxergam em mim mais que um corpo continuaram minhas amigas, se você me acha ridícula, escrota, ofensiva, fique a vontade para desfazer amizade, não fará falta nenhuma.

Se você está insatisfeito com seu corpo, quer ficar saudável, mais bonito, corra atrás que vale a pena, só não faça como eu que deixei de viver a vida como deveria por anos, por algumas pessoas que colocaram na minha cabeça que eu não deveria ser feliz e que certo é ter vergonha e me esconder em quanto não atingisse meu peso ideal. Só que eu não quero mais seguir esse conselho.”

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Violência verbal contra criança também machuca!

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Por Renata Poskus Vaz

Mulherões, peço licença para falar sobre algo desumano que presenciei hoje. Muitas de vocês são mães e, mesmo as que não são, como eu, mas têm sensibilidade e respeito por outros seres humanos, entenderão minha revolta.

Frequento todos os dias uma padaria chamada Dom Filippe, situada na Rua da Bica, na Freguesia do Ó. Vou lá, compro meu brigadeirão, meu refri, coisa gostosa e obrigatória diária de gorda. Hoje, por volta das 20h30, estava eu lá, linda, fofa e feliz, olhando para a vitrine de doces, quando ouvi uma mulher, na porta da padaria, xingando MUITO sua filha. A garotinha mais parecia uma boneca com sua roupa de bailarina e tinha, no máximo, uns 4 ou 5 anos. Parei e comecei a olhar. Não importa o que a criança fez ou deixou de fazer, se trata de uma garotinha que pode sim ser repreendida, mas jamais humilhada, menosprezada, ofendida, muito menos por sua própria mãe. A mulher, com seus 50 e tantos anos, gritava: “sua burra, idiota, imprestável, paspalha, fedelha… Olha só o que você fez!”.  E quanto mais as pessoas olhavam, mais alto ela gritava. O que ela mais repetia era: “sua burra, imprestável, idiota” e completava com diversos: “vou meter a mão na sua cara”. Ou seja, ameaças, ameaças, ofensas que podem destruir a alma dessa criança e transformá-la em uma adulta problemática e sem um pingo de autoestima.

Eu fiquei lá quieta implorando em pensamentos que aquela mulher parasse com as ofensas, para que eu não precisasse intervir. Sim, pois sou dessas que não consegue fingir que não está vendo uma sessão de humilhações e torturas. Mas não, a mulher continuou e realmente deu um tapa na filha. A menina, de tão magrinha, cambaleou.

Naquele momento, intervi: “para de xingar e bater na sua filha”.

Foi aí que o demônio tomou conta daquela mulher. Ela me deu um tapa no braço, me xingou, me ameaçou e disse, com todas as letras, que a filha era dela e que ela tinha o direito de xingar e bater quantas vezes quisesse na menina.

Em outras situações, eu que sou uma lady da periferia, certamente quebraria aqueles dedos imundos que ousaram tocar com violência o meu alvo e delicado braço. No entanto, eu via aquela carinha linda da filha dela, que por mais que sofresse humilhações vindas da mãe, se sentiria impotente e imensamente triste ao ver a mãe apanhando de mim.

Então, mantive-me calma, embora firme e disse que havia leis em nosso País que proibiam a violência física e moral aos filhos. O barraco correu solto, a mulher gritava, xingava e a filha chorando, pedindo para ela parar. Me xingou de vadia etc e tal, mas isso eu já previa vindo de uma mulher que humilha e xinga a filha caçula publicamente.

 Ela foi embora quando me viu ligando para a polícia. Simplesmente 5 vizinhos da mulher vieram me parabenizar por minha atitude. Segundo eles, trata-se de uma moradora do Edifício Parque dos Pássaros, situado na Rua da Bica, número 410, na Freguesia do Ó, bem em frente à padaria que frequento.

O que mais me doeu é que todos foram unânimes em dizer que aquela mãe grita e humilha os filhos constantemente. E o pior, disseram que a pequenina é filha adotiva. Não sei se essas denúncias conferem, mas só o que vi na padaria já é o bastante para perceber que esta mulher não merece ser mãe.

Pergunto-me o porquê de ninguém fazer nada. Até entendo que as pessoas tenham medo, devido ao comportamento anti-social e desequilibrado que demonstrou ter a mãe, isso poderia gerar uma vida difícil entre os condôminos. Porém, o conselho tutelar recebe denúncias anônimas.

Amanhã vou ao conselho tutelar e protocolarei minha denúncia. A Padaria tem filmagens que comprovam o que estou dizendo. Espero, de coração, que o conselho tutelar apure esse caso.

A garota é linda, de classe média, bem alimentada, não tem marcas de violência no corpo, provavelmente estuda em escola particular, mas imaginem o que ela carregará na alma se a atitude que a mãe teve seja algo corriqueiro na vida delas?

Depois conto para vocês se o Conselho Tutelar investigará ou não minha denúncia.

No mais, fica minha dica para vocês, amigas e leitoras, que não se calem diante dessas situações. Crianças são pequenas demais, devem ser educadas, repreendidas, mas jamais humilhadas e ofendidas.

Violência verbal também é crime. Violência verbal também machuca.

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Gordas que não gostam de ser chamadas de gordas

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Foto: mulher de 30

Por Renata Poskus Vaz

A palavra gorda, que tanto me assustava quando eu ainda lutava para ter um corpo magro, hoje faz parte do meu vocabulário. Antes, eu tinha pavor de ser chamada de assim. Era a morte. Ofendia mesmo, de fazer meus olhos lacrimejarem em questão de segundos.

Em 2009 fiz um texto exatamente sobre isso. Para ler, clique aqui. Na época, eu disse que a palavra gordo, em latim, significava grotesco e estúpido e mulherões como nós não merecíamos ser chamadas de tal forma.

Enquanto o tempo passava, fui convivendo com mulheres bem mais gordas do que eu e que pouco se importavam quando eram chamadas assim. Muito pelo contrário, elas mesmas se auto-intitulavam gordas. Era um tal de gorda pra cá, gorda prá lá, que virou música para meus ouvidos. Fui percebendo que a palavra gorda tem poder ofensivo porque nós damos essa carga negativa para ela.

Gorda é uma palavra. Só isso. E comecei a usá-la. Quanto mais me referia a mim mesma como gorda, menos as pessoas me chamavam assim. Parece psicologia reversa. Quando você deixa de se incomodar, ninguém mais te chama desta forma. No entanto, esqueci que o poder negativo da palavra havia desaparecido para mim, mas que isso não significa que o restante do mundo também teria que, de uma hora para a outra, achar super bacana ser chamado de gordo.

Há alguns meses, conversando com um amigo que estava acima do peso, chamei-o de gordo. Calma, não partiu de mim com a intenção de ser uma ofensa e estava inserido em um contexto. Recordo que estávamos falando sobre nossas novas amizades e ele comentou que estava malhando muito, porque seus novos amigos eram todos sarados. Diante disso, ele sentia essa necessidade de se sentir inserido na galera se esforçando para adquirir músculos. Eu, então disse: “Amigo, mas você sempre foi gordo. Não vá se esforçar demais, pois este é o seu biotipo”. Meu Deus! A casa caiu. Vi uma amizade de anos acabando ali. Falei demais. Ele se ofendeu, disse que só porque não ligo de ser chamada de gorda que não tinha o direito de chamá-lo assim. E nunca mais nos falamos. Óbvio que achei um exagero por parte dele, mas tenho certeza que se fosse comigo, há uns 6, 7 anos, eu teria agido da mesma forma. Também me sentiria ofendida.

 Porém, embora tenha sofrido com a distância do amigo, eu não havia aprendido a lição. Semana passada, na academia, batendo papo com uma colega de turma com o corpo bem parecido com o meu, discutíamos se era possível ou não perder peso com a aula de hidroginástica. Então, eu disse: “ah, acho que nós que somos gordas conseguimos perder um pouco de peso sim”.  Gente, o rostinho lindo e sorridente da minha colega se transformou no semblante mais triste que vi nos últimos tempos. Vi na cara dela o quanto a magoei falando que era gorda. De repente, ela nem se considera como uma mulher gorda e o fato de eu me colocar no rolo, não diminuía a sensação ruim que ela estava sentindo. Sensação essa que eu conferi com minha indelicadeza. Pedi desculpas, mas desculpas não apagam palavras proferidas.

Dia desses, na Fan Page do Blog Mulherão no Facebook, houve reação parecida por parte de uma leitora, que pediu que eu parasse de usar a palavra gorda e usasse “fofinha”. Claro que não farei isso, mas achei curioso o pedido. Ainda tem gente, aliás, muita gente, que se ofende com isso.

Cheguei à conclusão que não podemos pressupor que as pessoas tenham o mesmo grau de autoestima do que nós, ou mesmo que tenham autoestima, que sejam obrigadas ou que gostem de se autodenominar como gordas. Tudo o que é forçado, imposto, não é natural.

Continuarei, é claro, me referindo às mulheres gordas como gordas em minhas redes sociais, de forma genérica, pois aqui é meu espaço para me expressar e me recuso a usar palavras no diminutivo, como fofinha, redondinha, gordinha… Diminutivos me reduzem e não combinam com um mulherão como eu.

No entanto, lá fora, no mundo real, tomarei mais cuidado para não ofender ninguém. Que eles são gordos eles são. Mas como diz minha amiga Keka Demétrio, “a verdade não é uma pedra, para sairmos atirando nos outros, machucando-os”. Então, vamos deixar que descubram sozinhos que ser gordo não é defeito.

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Como reagir quando seu médico te discrimina por ser gorda

Por Vitor Mattoso

Veja o e-mail que recebemos de uma de nossas leitoras questionando a forma como os mpedicos tratam pacientes obesas:

“Escrevo porque gostaria de ver a opinião de vocês sobre uma coisa que tem me incomodado bastante nos últimos tempos: a falta de respeito com que profissionais de saúde tratam a mulher gordinha. Vi esta notícia aqui e me identifiquei:

Comigo não chegou a tanto, mas noto uma evidente má-vontade dos médicos quando vou consultá-los. Pra ser sincera, tenho até evitado ir ao médico, porque tudo que me acontece ultimamente, para eles, é culpa da gordura. Não nego que a obesidade traz problemas de saúde nem acredito que o médico não pense na nossa saúde. Mas o que venho notando é que, para eles, o fato de estar gordo dá a eles o direito de humilhar o paciente e fazer diagnósticos apressados, muitas vezes sem nem ouvir o que temos a dizer. 
Digo por mim mesma. Tenho SOP (síndrome do ovário policístico) desde que comecei a menstruar. Todos os sintomas estão lá: menstruação abundante e dolorida, pelos em excesso pelo corpo, etc. Nunca consegui encontrar um médico que me desse um tratamento eficaz e fui, para minha infelicidade, tentar de novo, desta vez com uma médica. Depois de me examinar, ela veio me dizer que a SOP é causada pela obesidade (!!!) e que eu precisava de ajuda. Olhem, desde os 12 anos eu menstruo. Desde essa idade sofro com os sintomas. E eu era magra. Estou com 33 anos agora, será que não conheço meu corpo? De nada adiantou eu dizer a ela há quanto tempo tenho o problema. A médica disse estar ‘convencida’ de que minha obesidade está envolvida nisso e que, se eu estivesse magra,os sintomas seriam muito menores. Bom, ao que parece ela conhece mais da minha vida do que eu mesma. Lembro-me de, mesmo quando estava 30kg mais magra sofrer com a menstruação, a ponto de não conseguir levantar da cama. Ah, e lembro também de sempre ir à depiladora para remover os pelos do meu rosto. Quem sabe a cirgurgia que fiz, há 13 anos, para tirar um cisto de ovário do tamanho de uma laranja? E eu pesava pouco mais de sessenta quilos! (Tenho 1,59). No entanto, ela nem parecia ouvir o meu relato.
A médica pediu vários exames. Quase perguntei para quê ela estava fazendo isso, já que estava convencida do meu diagnóstico. Por que fazer exames, então? Não me entendam mal. Sei que devo cuidar da saúde, sei que a obesidade pode me trazer problemas. O que não me conformo é ser maltratada por um médico pelo fato de estar gorda, ou ter que ouvir insinuações, ou ser tachada de mentirosa, que foi o que essa médica praticamente fez. Ela ignorou meu histórico e pôs a culpa de tudo na minha obesidade. Saí de lá arrasada. Penso em fazer os exames, mas procurar outro médico para vê-los. Mas confesso que estou com medo, porque parece que está escrito na minha testa: ‘SOU GORDA, DOUTOR. ME HUMILHE!” É como se a magreza fosse pré-requisito para ser aceita, amada, bem-tratada por quem quer que seja. Me senti uma criminosa. E senti raiva. Porque posso mesmo estar precisando de ajuda. Mas não preciso ser humilhada para conseguir essa ajuda. Se a médica que consultei quis me chocar e me fazer acordar para o que quer que esteja na cabeça dela, o efeito foi o contrário. Não tenho a menor vontade de voltar a vê-la. 
Ao ver a notícia lamentável que citei no começo, percebi que não é só comigo. Deveríamos fazer alguma coisa para combater isso. Tenho certeza de que o médico que receitou um cadeado para essa moça nem vai ser punido. Pelo que soube, raramente o CRM condena um médico. Enquanto isso, continuaremos sendo alvo de bullying por parte de quem deveria cuidar de nós sem nos julgar. O tal juramento de Hipócrates, pelo jeito, foi parar no lixo. “

Resposta:

Querida Leitora,

Primeiramente, toda a equipe do Blog Mulherão agradece pela mensagem enviada, pois isso mostra a confiança depositada em nosso trabalho. Meu nome é Vitor Mattoso, e sou o mais novo recruta desta tropa de elite, que trabalha firme para mostrar que ser feliz independe de qualquer situação! Além de Advogado, sou Coordenador do Projeto BULLYING Nunca Mais , o qual irão conhecer melhor durante os próximos meses.
Sobre a notícia apresentada, não tenha dúvidas que todos nós também achamos um verdadeiro absurdo, e tenha certeza que uma das minhas razões de estar aqui é mudar esta realidade! Vamos, agora, cuidar especialmente de você, ok?! Não deixe de ir ao médico. Em primeiro lugar, por ser importante manter um programa de avaliação continuada; em segundo, por ter a certeza que você irá encontrar um profissional que é do seu agrado!
Eu mesmo já passei por uma situação semelhante, só que com problemas respiratórios! Até encontrar um médico de confiança, foram mais de 8 anos! Veja pelo lado positivo: você conhece muito bem o seu corpo e como ele reage em determinados períodos, concorda?! É só uma questão, agora, de acertar o profissional e ver como as coisas irão bem! Faça esses exames sim, leva até ela sim, e, caso não goste das respostas, procure outro médico sim! Sim, sim, sim, simples assim!
Em todas as profissões irão existir os bons profissionais e os “nada profissionais”, afinal, ser um PROFISSIONAL não é só ter um certificado bonitinho na parede. É amar, respirar e viver o que escolheu como forma de ajudar na construção de um mundo melhor!

Agora, vem a parte mais importante da resposta:

Você está PROIBIDA de pensar coisas negativas, ouviu?!?! Isso não irá ajudar em absolutamente nada!! Portanto, mocinha (“mocinha” sim, afinal, você tem apenas 33 aninhos), trate de levantar esta cabeça e pensar que você é mais do que tudo isso, e que pode conseguir tudo o que deseja! É só uma questão de ter a mente aberta e a atitude correta!
Sobre o seu pedido, tenho boas notícias: já estamos fazendo alguma coisa – ou melhor, MUITA coisa – para combater isso! Veja só a bela parceria que se formou entre o Blog Mulherão e o Projeto BULLYING Nunca Mais?!
E acredite: isso é apenas o começo! 2013 que nos aguarde!!

Fico à sua disposição, assim como de todas as leitoras (e leitores) do Blog Mulherão, naquilo que me julgarem útil e estiver ao meu alcance.

Vamos em frente!

Vitor Mattoso
www.vitormattoso.com.br

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