
Por Renata Poskus Vaz
Mulherões, peço licença para falar sobre algo desumano que presenciei hoje. Muitas de vocês são mães e, mesmo as que não são, como eu, mas têm sensibilidade e respeito por outros seres humanos, entenderão minha revolta.
Frequento todos os dias uma padaria chamada Dom Filippe, situada na Rua da Bica, na Freguesia do Ó. Vou lá, compro meu brigadeirão, meu refri, coisa gostosa e obrigatória diária de gorda. Hoje, por volta das 20h30, estava eu lá, linda, fofa e feliz, olhando para a vitrine de doces, quando ouvi uma mulher, na porta da padaria, xingando MUITO sua filha. A garotinha mais parecia uma boneca com sua roupa de bailarina e tinha, no máximo, uns 4 ou 5 anos. Parei e comecei a olhar. Não importa o que a criança fez ou deixou de fazer, se trata de uma garotinha que pode sim ser repreendida, mas jamais humilhada, menosprezada, ofendida, muito menos por sua própria mãe. A mulher, com seus 50 e tantos anos, gritava: “sua burra, idiota, imprestável, paspalha, fedelha… Olha só o que você fez!”. E quanto mais as pessoas olhavam, mais alto ela gritava. O que ela mais repetia era: “sua burra, imprestável, idiota” e completava com diversos: “vou meter a mão na sua cara”. Ou seja, ameaças, ameaças, ofensas que podem destruir a alma dessa criança e transformá-la em uma adulta problemática e sem um pingo de autoestima.
Eu fiquei lá quieta implorando em pensamentos que aquela mulher parasse com as ofensas, para que eu não precisasse intervir. Sim, pois sou dessas que não consegue fingir que não está vendo uma sessão de humilhações e torturas. Mas não, a mulher continuou e realmente deu um tapa na filha. A menina, de tão magrinha, cambaleou.
Naquele momento, intervi: “para de xingar e bater na sua filha”.
Foi aí que o demônio tomou conta daquela mulher. Ela me deu um tapa no braço, me xingou, me ameaçou e disse, com todas as letras, que a filha era dela e que ela tinha o direito de xingar e bater quantas vezes quisesse na menina.
Em outras situações, eu que sou uma lady da periferia, certamente quebraria aqueles dedos imundos que ousaram tocar com violência o meu alvo e delicado braço. No entanto, eu via aquela carinha linda da filha dela, que por mais que sofresse humilhações vindas da mãe, se sentiria impotente e imensamente triste ao ver a mãe apanhando de mim.
Então, mantive-me calma, embora firme e disse que havia leis em nosso País que proibiam a violência física e moral aos filhos. O barraco correu solto, a mulher gritava, xingava e a filha chorando, pedindo para ela parar. Me xingou de vadia etc e tal, mas isso eu já previa vindo de uma mulher que humilha e xinga a filha caçula publicamente.
Ela foi embora quando me viu ligando para a polícia. Simplesmente 5 vizinhos da mulher vieram me parabenizar por minha atitude. Segundo eles, trata-se de uma moradora do Edifício Parque dos Pássaros, situado na Rua da Bica, número 410, na Freguesia do Ó, bem em frente à padaria que frequento.
O que mais me doeu é que todos foram unânimes em dizer que aquela mãe grita e humilha os filhos constantemente. E o pior, disseram que a pequenina é filha adotiva. Não sei se essas denúncias conferem, mas só o que vi na padaria já é o bastante para perceber que esta mulher não merece ser mãe.
Pergunto-me o porquê de ninguém fazer nada. Até entendo que as pessoas tenham medo, devido ao comportamento anti-social e desequilibrado que demonstrou ter a mãe, isso poderia gerar uma vida difícil entre os condôminos. Porém, o conselho tutelar recebe denúncias anônimas.
Amanhã vou ao conselho tutelar e protocolarei minha denúncia. A Padaria tem filmagens que comprovam o que estou dizendo. Espero, de coração, que o conselho tutelar apure esse caso.
A garota é linda, de classe média, bem alimentada, não tem marcas de violência no corpo, provavelmente estuda em escola particular, mas imaginem o que ela carregará na alma se a atitude que a mãe teve seja algo corriqueiro na vida delas?
Depois conto para vocês se o Conselho Tutelar investigará ou não minha denúncia.
No mais, fica minha dica para vocês, amigas e leitoras, que não se calem diante dessas situações. Crianças são pequenas demais, devem ser educadas, repreendidas, mas jamais humilhadas e ofendidas.
Violência verbal também é crime. Violência verbal também machuca.
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