Por Lau Brambilla
“Você já se olhou no espelho?”. Essa frase tem mexido com a minha cabeça na última semana. Recebi essa pergunta de repente, em meio a uma conversa um tanto quanto “coração aberto” com o meu namorado.
Tenho 24 anos e comecei a namorar pela primeira vez na minha vida há pouco tempo. Cá entre nós, sempre fui o tipo de garota que os meus amigos de infância e adolescência chamavam de “amiga fiel”, “ela é quase um menino”, “uma irmã pra mim”, etc. Sempre achei que me encaixar como “um dos meninos” era algo natural. Entendo hoje que isso era – pelo menos para mim – um meio de defesa para toda a insegurança que me rondava por ser gordinha. Sempre fui um poço de insegurança. Nunca confiei realmente no meu taco, apesar de sempre dizer que estava bem com a vida e com o meu peso. Acredito que isso influenciou no fato de eu ter sido a “amiga-menino” e também a “encalhada” a maior parte da minha vida.
Foi então que, há um mês, comecei a namorar… E meu namorado me perguntou como pôde, até então, eu nunca ter namorado, sendo como sou. Quando ele falou isso eu fiquei com aquela cara, sabe? De coxinha? Então… Exatamente essa cara: de coxinha! (Caso vocês não saibam o que é uma cara de coxinha, vai aí uma dica, clique aqui).
Como assim, do jeito que eu sou? Eu fiquei sem entender. Ele deu uma risada e me fez a pergunta que me fez querer escrever esse texto: “Você já se olhou no espelho?”.
Eu já tinha me olhado muitas vezes no espelho, e a maioria delas só para odiar o que eu estava vendo e vestindo. Quase sempre essas “olhadas” no espelho me faziam querer me esconder e cancelar minhas saídas. Enfim… A resposta para meu namorado era: “sim, já tinha me olhado no espelho“. Com cara de inconformado, ele me perguntou: “Você se acha feia?”. Eu nunca parei pra pensar se me achava feia. Quando as pessoas falavam que eu era bonita, eu agradecia educadamente, pois certamente a pessoa só tinha falado aquilo por educação, não é mesmo? Eu nunca tinha servido para ser “a bonita”, afinal, eu era “quase um menino”, certo?
Errado. Descobri que eu pensava aquilo porque sempre vivi dentro da mesma caverna, olhando para as sombras na parede. Eu nunca parei pra observar o que havia de diferente lá fora. Eu considerava que se eu não fosse aquilo que eu era ali, se eu não me encaixasse da forma que eu já me encaixava, eu não serviria para ser outra coisa. Eu mesma me deixei guiar para me tornar só uma amiga querida e não mais do que isso… Mesmo quando eu gostava do menino eu insistia no fato de que ele “era só um irmão pra mim” e aí, como amigos, eu não tinha como sair machucada por causa da minha feiura e gordura.
Então, esse cara maravilhoso me aparece e me fala isso… “Você já se olhou no espelho?”. E fala rindo, como se a ideia que eu tinha no passado sobre mim mesma fosse ridícula e equivocada. Sensação de pernas quebradas. Foi então que ele me disse aquela frase que toda mulher gela ao ouvir “Você está gordinha”, mas completou com um “Mas isso não te faz menos bonita”. E graças ao “mas” eu não gelei e nem me importei por estar gordinha (ou gordona, que seja…). Eu sei que eu estou mesmo, e então conclui que nunca havia me olhado no espelho de verdade. Nunca olhei para além do que ele me mostrava, além do meu peso.
Não, eu nunca tinha parado para fazer isso. Acredito que ainda não consegui ver por completo o que eu sou, não tive tanta coragem em menos de uma semana, mas sinto que nesses últimos tempos eu tenho mudado. Minha confiança em mim mesma tem mudado e um amigo meu uma vez me disse que “A coisa mais sexy em uma mulher é quando ela confia nela mesma”… Acredito nisso. Nós somos tudo aquilo que nós mesmas acreditamos que merecemos ser, e nós podemos ser tudo o que quisermos, basta nos olharmos de verdade no espelho e acreditar que a gente pode. Aos pouquinhos eu me olho um pouco mais e descubro que tenho uma ou outra coisa nova que eu gosto. Eu estou tentando me olhar de verdade no espelho agora.
E vocês? Já se olharam no espelho hoje?