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Entrevista com a modelo brasileira plus size Daniela Klinger, que atua na Alemanha

Por Renata Poskus Vaz

Daniela Klinger, 37 anos,é natural de Brasília, mas foi na Alemanha que ela ingressou na carreira de modelo plus size, há 9 anos. Isso mesmo! Temos mais brasileirinhas lindas brilhando lá fora do que imaginamos. Fiz uma entrevista no melhor estilo bate-bola com a Dani (ui, tô íntima!). Confiram:

Mulherão: Qual a sua altura, peso e manequim?

Dani: Tenho 1,77m e peso 90 kilos. Meu manequim é46-48 no  Brasil, já na Alemanha visto 44-46. Minhas medidas são 110 cm de busto, 89 cm de cintura e 118 cm de quadril.

Mulherão: Há quanto tempo e porque mora na Alemanha?

Dani: Já era casada com alemão e morávamos no Brasil, nos conhecemos em um Congresso de Direito em São Paulo, resolvemos passar um “tempo” na Alemanha e acabamos ficando 10 anos. No período de adaptação aprendi a língua, fiz  Mestrado em Direito Internacional em Munique e minha carreira de modelo começou.

Mulherão: Como descobriu a carreira de modelo plus size?

Dani:  Eu me tornei modelo por acaso na Alemanha. Há 8 anos, quando assistia um programa de entrevistas onde uma agência para tamanhos maiores estava em busca de novas modelos. Comentando com amigas em um café informal elas me encorajaram imediatamente: “Você precisa mandar uma foto sua agora.”  Eu pensei: ok, é uma tentativa. Então tirei uma foto de mim mesma, hoje “selfie”,  e mandei pra agência, pois não tinha Book nem qualquer foto profissional. Três meses depois, quando já nem lembrava mais de ter enviado minha foto e dados, recebi um telefonema da minha agencia hoje (MOS) com um convite para um casting em uma TV da Alemanha, HSE24, onde eu passei a atuar como modelo apresentado roupas em tamanho 46. Lá foi onde tudo começou. Aprendi na prática e observando tudo, andar de salto nunca foi problema e fiz dança muitos anos no Brasil. Tudo isso me ajudou a aprender o mais rápido possível. Desde então participei de inúmeros desfiles, fotos para catálogos, revistas e maquiagem até a minha maior campanha para a Ulla Popken na feira Curvy is Sexy em Berlin.

Mulherão: Agora vc mora no Brasil ou na Alemanha?

Dani: Estou no Brasil desde novembro de 2013 e em razão de ser procuradora de uma firma alemã em São Paulo, ficarei mais no Brasil do que na Alemanha pelos próximos 2 anos. No entanto, mesmo depois deste período vou manter a minha casa no Brasil, na cidade dos meus pais em Londrina, no Paraná. Depois de tanto tempo fora queria muito que a minha filha, agora com 12 anos, realmente conhecesse o país onde nasceu, aprendesse a falar português correto e que nós ficássemos perto da minha família.

Bom, eu estou agora dividida entre o Brasil e a Alemanha, meu marido ainda trabalha mais lá do que aqui e temos residência na verdade nos dois países. Viajo 2 vezes por ano e fico em média 2 meses lá e ele só pode vir 1 mês pra cá. Pra quem está de fora pode parecer tudo muito chique, mas a realidade é bem mais difícil do que aparenta. De qualquer forma fiz essa escolha pela minha família e não me arrependo. Os anos passam e a únicas coisas que ficam são os momentos com as pessoas queridas, resolvi dividir pra somar, entende? : )

Mulherão: Quais os projetos que tem para a sua carreira como modelo?

Dani: Ainda tenho contratos e desfiles pra cumprir na Alemanha, vou agora em maio e fico até meados de julho e depois só em outubro.  No Brasil, ainda estou começando a conhecer o mercado plus size.

 Mulherão: Como faz para conciliar as carreiras?

Dani:  Sou advogada e professora de direito internacional. Como sempre fui autônoma a conciliação deu-se de forma automática, o compromisso que viesse primeiro excluía o outro, quando já tinha desfiles ou fotos não marcava nada no escritório e vice-versa. É claro que precisei estudar ou trabalhar no domingo para cumprir prazos etc, o que nunca significou sacrifício pra mim. Sempre fui apaixonada pelo direito e advogada por vocação e o fato de ter me tornado também modelo só me proporcionou uma nova visão e aceitação de mim mesma. Agradeço poder mostrar para todas as “formas” de mulheres roupas que realmente combinem. Hoje não aceito mais comentários como: “Ela é bonita, mas é gorda” ou “Ela até que é inteligente, mas é gorda.” Peço que tirem o “mas” e coloquem um “e”, pois, ser gorda pra mim não é ofensa. Ao contrário do que diz a lenda, aceitar-se não significa deixar de se cuidar.  Ser modelo me ajudou a cuidar ainda mais da minha aparência, fazer exercícios no mínimo 3 x por semana (faço aulas de funcional, caminhadas e yoga) e comprovar que a mudança também pode vir de fora pra dentro.

Enfim, ter duas profissões me ajudou a ser mais disciplinada no meu dia-a-dia, acho que posso afirmar ser uma advogada mais feliz por ser modelo também.

Mulherão: O que o mercado plus size brasileiro poderia aprender com o alemão?

Dani: Na Alemanha existem muito mais desfiles de lojistas por temporada, além das fotos para comerciais e catálogos. Não necessariamente com modelos somente em plus size, mas uma aceitação da diversidade, onde em um único show, modelos do 36 ao 48 desfilam. Especialmente as lojas de deparmento promovem estes desfiles assim que recebem as novas coleções de diferentes marcas. As clientes são convidadas para o evento e as vendas aumentam o suficiente para compensar o investimento do lojista, além disso há a satisfação de ver a roupa em movimento e não somente em fotos.

Outro aspecto importante é uma maior valorização de modelos acima dos 50 anos, o cliente quer uma maior identificação com seu público alvo e contrata inúmeras modelos nesta faixa etária, não só pra fazer propaganda de farmácia, mas para artigos de luxo, viagens, moda e entretenimento. E, essas modelos são, em grande número, plus size.

Mulherão: o que o mercado alemão poderia aprender com o brasileiro?

Dani: Na  Alemanha não há essa quantidade imensa de concursos de miss plus size como no Brasil.  A questão não é seguir carreira ou não como miss e modelo, o que é muito bom no plano individual das ganhadoras, mas também promover uma maior aceitação do ser humano em TODAS as suas formas e tamanhos.  Por esse motivo, acredito que seria interessante a realização de mais concursos como no Brasil.

Você pode conhecer mais sobre o trabalho da Daniela Klinger no Facebook.

 

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