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Digitais

Por Eduardo Soares

 

No meu desencanto
A tua ausência
No meu pranto silencioso
A tua presença
Meu rosto anseia
Por um afago seu;
Meu silêncio proseia
Com sua respiração;
Meus verbos carecem
Da tua conjugação;
Minha caligrafia descreve
Nossas fotografias exibem
Entre molduras e rasuras
Suas palavras (te) revelam
Suas palavras (me) revelam
Suas palavras (nos) revelam
Meu peito nu espera o repouso da sua cabeça
Assim, meu coração ouvirá seus pensamentos
Enquanto você irá decifrar minhas batidas
Absorvo teus segredos
Absorva minhas vontades
Com a mão direita,
Acaricie minha boca
Enquanto a esquerda
Crava as unhas no meu peito
Não tenha pressa
Me arranhe devagar
Vasculhe minhas veias
Até encontrar (com o polegar)
Meu melhor ponto fraco
Depois de um tempo
Ao tirar o dedo
Tome cuidado
Meu coração não precisa de marcas
Certifique-se, faça o certo
Longe ou perto
Ao lembrar de você

Ele pode esquecer a dor
Para eternizar
Apenas
Suas digitais.
 


			

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Guarda Roupas

Por Eduardo Soares

 

Chega
Tire logo essas paixões residuais do seu coração
Quantos ex-amores vestidos de desamores ainda estão no seu guarda roupas?
Adianta colecionar tanta peça velha cheia de traças?

Confesse
Teve coisa que nunca lhe caiu bem
E mesmo assim você quis usar
Aprenda, aporrinhação não tem devolução
E arrependimento não tem ressarcimento

Veja
Está na hora de colocar ordem nessa desordem
Do contrário, seu querer será apenas um cemitério
E o coração, reles depósito fútil de restos imortais de quem passou anos atrás.

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Navegador

Por Eduardo Soares

Fiz bem em guardar alguns textos feitos ao longo dos anos. “Navegador” foi criado quatorze anos atrás, depois de uma briga (a primeira por sinal) com a primeira namorada. E o Edu, no auge dos 19 anos, já demonstrava ser um sonhador à moda antiga. Não procure entender a história, tente sentir a preocupação de um pós-adolescente em manter o relacionamento com uma mocinha cinco anos mais velha. Para complemento de informação, o namoro durou três anos.

Ler um pensamento escrito em 1998 traz boas e más recordações. Algumas virtudes permanecem comigo até hoje. Outras, se foram com o passar do tempo. E nem sei se voltarão. Mudamos, aprendemos, crescemos. Procuramos evoluir seja através do amor ou dor. E assim a vida segue.

“Não direi que te amo/Quando estiver à procura de aventuras no Reino de pierrots & suas colombinas (seríamos fantoches movidos a crise)/Não direi que te quero/Somente para tê-la provocante/Nua na cama/Com perfume de audácia (máscara perigosa do desejo camuflado)/Porém, nunca direi que te odeio/Pois fui navegador/ E no espaço cósmico/Achei uma estrela do mar/Que me deram por pena do fracasso (regalia irônica de um amor decepcionante).

Vamos fazer uma sinfonia

Vamos ter uma filha chamada Anjo

Leia meus lábios e anote meu pedido/“Com amor, o nosso amor, até a tempestade (amiga de outrora), naufraga em si em todos os meus sonhos”/Tua alma adormece no meu coração/Impera na Terra do Pensamento/E acima de tudo, transforma meu ser/Projetando restos quaisquer de medo para o limbo.

Indícios de términos não entram na atual realidade/E para navegar num amanhã singular/Precisamos insistir no futuro/Que habita em nossos próprios corações. (1998)”

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Rascunhos de casal

Por Eduardo Soares

Por mais que seja cena relativamente comum, não consigo ficar indiferente. Com esse negócio de Eurocopa, estou com a bendita camisa da Holanda na cabeça. Para quem não é familiarizado com futebol, imagine um uniforme cor de cenoura debaixo do sol de verão. É mais ou menos por aí.

Começo da noite, tinha acabado de sair do cinema e para passar o tempo resolvi procurar a tal camisa de futebol. Encontrei algo parecido. Acho que era o terceiro, quarto, nono uniforme do Barcelona. A tal cena comum vem agora. Minha atenção foi dividida entra a camisa e um belo casal que estava a dois metros de mim. O carinho, digamos, alternativo de ambos era impressionante. Lembro-me do seguinte diálogo:

– Você vai ficar desfilando na loja, mulé? Ou compra logo ou vamos embora, estou de saco cheio! Tu fica feito uma palhaça, não sabe o que quer da vida!

– Baixa a bola! Se não quer ficar, pode ir. Estou me lixando pra você. Vou ficar aqui o tempo que for, e daí? Vai me bater?

Isso foi apenas o começo. Mas o espaço (e o bom senso) não me permite reproduzir o restante dos mimos verbais. E nem vale a pena. O que eu vi, os caixas viram, o segurança viu e os clientes também foi uma sucessão interminável de impropérios e ameaças de agressão física. Sabe aquela pressão psicológica do tipo ”tem coragem? Duvido! Não me provoca! Olha que eu faço”. Bom, até onde eu vi, ninguém saiu no tapa pelos corredores do shopping. Mas, vai que num dia qualquer, a paciência de ambos atinja o limite que não era pra ser atingido e a pancadaria come solta? Olha a que ponto certas pessoas chegam a troco de..de…de quê?

O maior medo do navegador é encontrar uma tempestade em alto mar. Por mais experiente que seja, ele não tem como prever o que irá acontecer daqui a dez segundos com o oceano em tormenta. Pelo menos, caso tenha amor a vida, ele vai tentar sair dessa da melhor forma possível. Mal comparando, tem gente que não consegue sair daquela situação fadada ao fracasso. É como se o relacionamento ficasse preso ao redemoinho, sendo que, ao contrário do navegador, essa gente parece gostar de viver 24 horas por dia sobre o efeito da tormenta.

Adrenalina tem limite. Quer aventura? Vá praticar alpinismo, asa delta, bungee jumping, rapel, surf, skibunda no asfalto, jogar peteca revestida com urtiga. Brincar de “até onde posso ir” é desperdício de tempo e inteligência. O pior é quando o coração fica acostumado a esse tipo de situação. Pode pintar a pessoa mais carinhosa do mundo. Ela até poderá entrar, mas certamente vai ter uma participação relâmpago na vida de quem prefere viver à base de trovoadas.

Sinceramente, o conceito do “Entre tapas e beijos/É ódio é desejo/É sonho é ternura/(…)E assim vou vivendo/Sofrendo e querendo esse amor doentio…” serve apenas pra música ou seriado. Quando isso vira trilha sonora da relação, acredito ser a hora de trocar de rádio/CD.

Tem par que nasceu pra ser admirado e até invejado. Gente que serve como exemplo para vários. Outros, porém, preferem a pompa, o status, são verdadeiros mentirosos (ou mentirosos com síndrome da verdade), oficializam união, fazem votos, juras, assinam a certidão. Mas no fundo eles não passam de rascunhos de casal descasado.

Namoro, casamento, noivado. Não importa. Você a(o) escolheu e vice-versa. Ninguém apontou uma arma na sua cabeça para obrigá-lo(a) a estar com a pessoa de quem você gosta.

Por mais intimo que seja o casal, nenhuma das partes tem o direito de pulverizar o outro com vilipêndios e ameaças. E se isso for uma constante, seja inconstante. Ao encostar sua cabeça no travesseiro, pense nas próximas 24, 48, 72 horas. Vale realmente a pena entrar no redemoinho?

Segundo o dicionário, rascunhos são “trabalhos iniciais em que se fazem as correções necessárias antes de dar-lhes a forma definitiva”. Você é o único professor dos seus sentimentos. Observe o momento atual. Caso o rascunho do relacionamento demonstre contornos feios, veja se é possível haver correção.  Se incorrigível for, e se mesmo assim você optar em ir até o fim, receba duplamente meus parabéns. 1 – Persistência não lhe falta (sobra a falta de vergonha na cara); 2- Você traçou com perfeição o definhamento definitivo de toda sorte que a vida poderia lhe oferecer.

“Mas quem sofre sempre tem que procurar/
Pelo menos vir a achar/
Razão para viver/
Ver na vida algum motivo pra sonhar/
Ter um sonho todo azul/
Azul da cor do mar…”

Toca o barco, comandante…

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Agora é a vez dela: Keka Demétrio responde!

Por Eduardo Soares

As pessoas que nunca foram em Ituiutaba (MG), provavelmente ainda não tiveram a oportunidade de assistir as aulas desta professora/secretária fantástica. Motivo para tristeza? Nem tanto. Cada publicação de Keka Demétrio parece (e não deixa de ser) uma aula. Mesmo sem querer – já querendo – ela nos ensina a viver da melhor forma possível. E sempre, sempre o amor está presente. Prestes a completar quatro décadas muito bem vividas, é visível o grau de amadurecimento progressivo desta adorável morena que conquista qualquer tipo de criatura. Basta abrir um sorriso enorme. Ou soltar uma frase curta. Seja como for, ela encanta até em silêncio.

Para quem sempre teve curiosidade em saber mais a respeito da nossa mineira, a hora é essa. Mande sua pergunta até a próxima sexta-feira (15/06) para edusoaresblog@gmail.com com o título “Keka Demétrio responde”. Imagino que centenas delas serão feitas. Mas devido ao espaço, apenas vinte serão escolhidas. As respostas serão publicadas aqui na próxima semana.

Temos uma chance de ouro nas mãos, concordam?

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Mulher de verdade

Por Eduardo Soares

Tínhamos brigado feio justamente no dia dos namorados (eis uma situação real porém inacreditável). A coisa foi tão séria que não houve qualquer tipo de diálogo durante a semana inteira (fato raríssimo nos quase três anos de namoro). Se tem uma coisa que irrita é ver o(a) espertalhão(ona) querer comprar alguém com presentes numa tentativa  canalha de abafar um conflito em aberto. E bobo daquele que aceita o mimo como forma de “cala boca”. Não era o nosso caso. Depois do mar silencioso que nos separava cada vez mais, dois dias antes dos fatos que virão a seguir, e com o intuito de chegar num consenso satisfatório para ambos, conversamos bastante. Acordo feito, e a harmonia saindo do freezer rumo ao lugar da onde nunca deveria ter saído. Ok, se o clima não ficou 100% romântico depois do papo, pelo menos alimentávamos uma chateação menor diante dos dias pós-briga.

Como o clima estava voltando ao normal, era a hora de recuperar o tempo perdido. Sempre gostei de paparicar. Se não posso dar um Audi conversível branco ou uma casa de veraneio em Angra dos Reis, coloco a cabeça para trabalhar visando encontrar algo marcante dentro dos padrões financeiros de um brasileiro não endinheirado. Durante os anos de namoro, ela dizia nunca ter recebido uma cesta (tipo café da manhã). Lâmpada acesa na cabeça! Era a deixa.

Usei meus (inexistentes) dotes artesanais: comprei uma espécie de baú (apropriado para presentes), papel estampado com corações para forrar o fundo do baú, perfumes, cremes, estojo de maquiagem, loções, hidratantes, CD do Roupa Nova e um saco com pétalas de rosas vermelhas (que foram devidamente espalhadas entre o conteúdo, formando assim um belo aspecto visual). Passei a tarde inteira quebrando a cabeça para organizar tudo aquilo de forma em que o resultado final ficasse digno destas cestas que encontramos nas vitrines das perfumarias. Ah, de alguma forma eu queria demonstrar que precisava daquela morena do meu lado.

Enquanto eu desarrumava os itens pela 29ª vez, eu ria ao imaginar a reação dela ao ver aquilo. Bom, foi além do imaginado. Era nosso primeiro contato em dez dias. Ela chorou. Aquelas lágrimas, se fossem decifradas, teriam um significado próximo de “ei, não quero brigar com você, seu mala-sem-alça”. Dei o presente. Era nítido que aquilo não era fruto de uma Boticário da vida. O embrulho, a arrumação imperfeitamente perfeita, a fita dourada contornando o baú, os itens que ela adorava, o cheiro de um perfume do seu gosto (pedi uma amostra grátis para borrifar no presente)…

Ela ficou alguns minutos em silêncio, observado o conteúdo daquele baú. E eu agoniado, comecei a suar (aquele suor, se fosse decifrado, teria um significado próximo de “ei, quero saber se você gostou, patroa”). Subitamente, ela me beijou demoradamente. Ah, alívio. Em seguida, pediu um instante e foi para a sala. Na volta, trouxe um presente (também inesperado) para mim. Outro beijo demorado (este, se fosse decifrado, teria um significado próximo do inexplicável). Declaração de ambos, olho no olho. Peguei-a no colo, era ria como uma adolescente. Esse grand finale era algo comum entre a gente. Posso dizer que ela conseguiu me rejuvenescer. Éramos dois quase trintões (ela, com 29; eu com 26). Juntos, parecíamos dois teens recém apaixonados. E nunca nos preocupamos com o que os outros iriam dizer. Tempos depois o namoro acabou, mas sua essência nunca sairá da nossa memória. Foi algo especial. Foi algo de verdade.

Essa introdução quilométrica busca reforçar algo raro. Mulher de verdade é aquela que consegue ser especial sem qualquer tipo de esforço. É aquela que “amansa” o ímpeto do cara antes pegador de todas. Se for esperto, ele para. Ela exerce o papel racional dentro do relacionamento. Tem homem, inteligente, que faz questão de ouvir a amada. Mulher de verdade apoia, sempre. Mesmo que o apoio venha em forma de bronca. Quando preciso for, o amor precisa ser enérgico. Amor tem pulso forte, personalidade. Amor é persistente (basta ter motivos). Amor exala companheirismo, cumplicidade, carinho, harmonia, aconchego. Mulher de verdade tem pulso/personalidade forte, é persistente (basta ter motivos), companheira, cúmplice, carinhosa, harmoniosa. Tem o abraço aconchegante e um beijo que vale mais do que dois mil beijos de todos os antigos romances superficiais.

Na hora das divergências, algumas mulheres apontam o dedo na cara. Mulher de verdade encara a turbulência com sabedoria. Mulher de verdade não apenas beija. Ela sela com a boca o compromisso do “que seja eterno enquanto dure”. Ela não faz sexo. Para isso, existem várias. Ela se entrega ao amor e pede o mesmo em troca.

Mulher de verdade surge como abrigo quando o companheiro está perdido. Ela não acusa simplesmente. Ela procura a causa para tomar as providências. Mulher de verdade sofre quando o homem teima em ser de mentira. Ao brigar, ela chora ao ver que o homem, seco, não vê razões para chorar.

Se você, camarada, tem uma mulher de verdade do lado, considere-se um sortudo. Mulher de verdade é, antes de tudo, raridade. Mas caso você (assim como eu) ainda não encontrou a sua, descarte qualquer tipo de conformismo.

 Sonhar ainda é permitido.

E o seu sonho pode acontecer no próximo amanhecer.

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Quem merece seu apreço?

Por Eduardo Soares

Nas últimas semanas a pergunta tem sido constante: Edu, quando você voltará a escrever exclusivamente sobre as questões envolvendo mulheres acima do peso? Tive duas conclusões: 1 – A repetição do mesmo pedido mostra a importância da visão masculina diante do universo G; 2 – De fato, faz tempo que não elaboro uma prosa à moda antiga para destinada ao público alvo deste espaço virtual.

Uma nova tendência (longe de ser unânime) tem incomodado não só a mim como a boa parte dos envolvidos no segmento plus size. Você, leitora acima do peso, que já sentiu ou sente na pele as conseqüências dos famigerados pré-conceitos e preconceitos impostos por uma parte estúpida da sociedade que insiste em julgar o caráter de alguém com base nos dígitos apontados pela balança, deve estar percebendo vários casos recentes de “bruxinhas” se transformarem em “ousadas Cinderelas plus size”.  Bom sinal? Nem sempre. Como assim? Quando o exagero faz-se presente em qualquer história, nenhum conto de fadas da vida moderna tem final feliz.

Até pouco tempo atrás, fotos de gordinhas nuas eram vistas aos montes em sites exploradores do tal “sexo bizarro”. A razão para tal é simples: assim como existe o cara que realmente aprecia o corpo da menina acima do peso, não são poucos aqueles que sentem prazer em esculachar o mesmo tipo tido como “fora dos padrões de beleza”. Essa galera está por aí através de piadas de humor duvidoso, nos abusos do humor negro, nos temas politicamente incorretos e na distorção do conceito da liberdade de expressão. Gente, todo mundo faz piada sobre todo mundo. Você, leitora, em algum momento da sua vida deve ter dito alguma coisa aceitavelmente engraçada pro seu parceiro sobre algo relativo ao seu corpo. A diferença reside em abrir a boca para ofender/atacar gratuitamente determinado tipo de pessoas a troco de meia hora de fama ou da admiração burra de gente com o nível de inteligência abaixo de zero.  Fora isso, você ainda precisa lidar com os sábios que continuam a julgar sua capacidade com base no tamanho da sua calça jeans (se for menor que 48, você serve), ou pelo abdômen não reto, pelos braços fortes, coxas grossas, seios fartos e rostos arredondados. E o pior vem agora. Pasme, ainda tem gordinha que ajuda a manter o racismo ou a criatividade insana dos piadistas de plantão.

Exibicionismo sempre existiu. Mas o que antes era um estilo exclusivo de mulheres donas de corpos esculpidos através de academia, hoje tem a presença cativa de belas (outras nem tanto) meninas acima do peso. O que tem de menina acreditando ser a capa amadora da Playboy ou Sexy é uma coisa de louco! Outras pensam que são atrizes do ramo pornô, vide a enxurrada de fotos/vídeos explícitos pipocando na web. Essas meninas, embaladas pelo boom da aceitação do corpo, tomam banho na fonte do (falso) amor próprio. Com isso, elas estão ao nosso redor, peladas, empolgadas e de bem com a vida.

Existe algo muito interessante que o amadurecimento oferece a todos nós com o passar do tempo: arrependimento. Vai que, aos 18, Luluzinha cismou em publicar suas fotos caseiras sensuais. Dez anos depois, Luluzinha (então uma advogada de renome) teve as mesmas fotos divulgadas por um sujeito que fora acusado por ela. Olha a dor de cabeça (evitável, diga-se de passagem)! Por mais que ela tenha se arrependido daquela peripécia, as imagens, uma vez na intenet, estarão para sempre à disposição dos curiosos. Sim, o Google exerce a função de acervo vitalício. Ou seja, por mais que você tenha vida séria, seu passado estará nos WWWs e emails com titulos como Caiu Na Net, Deu Mole, Ninfetinha Gordinha ou Gorda Exibida da vida.  E o arrependimento perdeu para a inconseqüência de anos atrás.

Tem casal que curte registrar a transa. Nada contra. Mas preserve o conteúdo fotografado ou filmado da noite tórrida. Divulgar fotos dos apetrechos utilizados como a lingerie, chicote rosa, salto alto vermelho e corselete vinho só atrairá tarados de plantão. Não vou elaborar uma cartilha com as “regras dos registros da transa”. O corpo é seu, valorize-o ou valorize-se como achar melhor. Agora, saiba do risco que você corre caso queira mostrar seus dotes para o mundo. E use do bom senso.

Com dois anos dentro do mundo plus size, vi vários ensaios sensuais maravilhosos.  Desde os temáticos (com direito a cinta liga, luva, dedinho na boca e o escambau) até os menos sofisticados. Todos primaram pelo bom gosto. Se você insiste em ser vista, pelo menos procure gente capacitada para orientá-la melhor. Falta grana para aquela produção top de linha? Espere um pouco mais. Enquanto isso, ensaie, treine, não pare. Sem divulgação. Seja sexy pra você. Depois, para quem está com você. Nunca para o mundo virtual. Lembra da Luluzinha? Pense que outros verão seu acervo também. Entenda por “outros” seus pais, filhos, chefe, amigos do marido…

Visão do homem: entre a gordinha gata escancarada e a não-tão-bela-assim fotografada num ensaio profissional (e que pode ser sensual), nosso foco dará exclusividade para o segundo exemplo. Que raios nós, homens, vamos pensar de uma figura que coloca suas fotos na rede aparecendo em poses ginecológicas?

TODA MULHER deve ser apreciada, desejada, cobiçada. Para  quem a mereça ou fez por onde tê-la nua na cama. Caso eu queria apenas um pedaço generoso de carne, tenho duas opções: busco informações a respeito daquela que expôs seus dotes descenessariamente ou vou ao açougue.

Entre sensualidade e vulgaridade existe o discernimento.

Entre o sujeito sério e o cara-a-procura-de-mais-uma-gostosa-exibida existe o merecimento.

Quem merece seu apreço?

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As dores da vida

Por Eduardo Soares

Com o passar dos anos a vida nos oferece vários tipos de dores. Grande parte delas constrói nosso constante e eterno aprendizado. Em outras palavras: cedo ou tarde, inevitavelmente,  iremos nos confrontar com alguns dos inúmeros tipos de dores existentes pelos quatro cantos do mundo. Azar, desgraça, maldição? Longe disso. Não pense que o Sr. Destino (caso você acredite nele) sorteou seu nome numa chuvosa tarde de Outono, presenteando sua vida com um poderoso arsenal das agruras da vida. Independente do motivo, a dor da saudade que você sente tem em sua composição a mesma essência da saudade sentida por um australiano, vietnamita, ucraniano, húngaro, islandês, marroquino, canadense, seja lá pelo que/por quem for.

Dizem que a dor maior seria aquela na qual os pais enterram seus filhos, pois eles sofrem o oposto da ordem natural da vida. Impossível não citar a dor da derrota, dor do fracasso, dor da escolha, dor do silêncio (às vezes é preciso guardar as palavras para evitar confrontos), dor do arrependimento.

Para muitos a dor de fome pode gerar a dor pela falta de fé.Ainda assim, existe a espera e a esperança. Mas a escassez de alimento continua e os constantes pedidos também. Surge então a dor pela oração “não ouvida”. Acredite, ela será atendida no momento certo.

Dor da indignação/dor do “sim” ou do “não”/dor da permissão (quando discordamos mas somos forçados a fazer em prol de algo)/dor da omissão (permanecemos covardemente inertes durante um tempo e quando pensamos em agir, é tarde demais)/dor da decepção/dor da traição/dor daquilo que foi dito/dor daquilo que não pode ser desfeito/alguns sentem a dor pelo campeonato perdido/outros dão adeus à dor da aposta furada/Fácil sentir a dor do emprego perdido/difícil absorver a dor da humilhação (que surge em tom de piada).

Dor de barriga, que faz qualquer um ganhar status de rei e rainha, já que o “trono” é nossa única companhia; nossas preces são despertas visando o cessar da dor dos sisos; a dor do parto traz choro e alegria; dor intensa que aperta o peito nos instantes finais; dor que asfixia mesmo quando o ar que nos envolve não resolve; dor que limita movimentos de quem vivia sem limites.

Dor da lembrança que não será repetida, dor das lembranças que somem aos poucos da memória (quando a pessoa envelhece e percebe que dali a alguns meses não terá lucidez suficiente para contar suas histórias).

Dor do desapego/Dor do descaso/Dor da falência/Dor do despejo/Dor da mágoa/Dor do medo/Dor muita/Dor pouca/Dor para quem ainda tem muito a sofrer/Dor pelo pouco que ainda resta/Tem quem faça uso de uma dor fingida ou futilmente intensificada/Tem que sinta a dor da consequência pela inconsequência cometida.

Sexo causa dor. Dor pela primeira vez iniciada (com prazer) através do sangue ou a dor da transa forçada/não pensada, finalizada (com pesar) através do feto no lixo.

Citei algumas mas certamente existem outras dezenas de dores. Ah, se possível desconsidere a dor de amor. Mas, caso algum dia você venha a tê-la, troque de coração. Melhor, troque de hóspede. Ninguém que mora no aconchego do seu peito tem o direito de arruinar o maior/melhor dos sentimentos. Se a pessoa quiser vandalizar o carinho, que seja em outro lugar, de preferência com alguém que ele(a) mereça para fazer valer o velho clichê do “aqui se faz, aqui se paga”.  Nesse caso, o correto seria “aquele(a) que com um(a) fez, com dez pagará”.

Não se trata de vingança. É aprendizado, crescimento. Amadurecimento tardio ou imaturidade eterna. Ação e reação. Atos e consequências. Quem aprende, ganha. Que erra, paga.

É a lei da vida.

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Cuidado: Área restrita

Por Eduardo Soares

“Veja bem, amor/ Onde está você?/ Somos no papel, mas não no viver/ Viajar sem mim, me deixar assim/ Tive que arranjar alguém pra passar os dias ruins. (Veja Bem, Meu Bem – Maria Rita)
“Você não tem culpa se eu estou sofrendo/Se fantasiei de verde esta história/Você tem namorado posso até estar errado/Mas tenho que ganhar você”. (Me Apaixonei Pela Pessoa Errada – ExaltaSamba)

 “Eu hoje tô tão dividido/ Sem saber o que fazer/ Uma tá sempre comigo/ E a outra eu sempre quis ter/ Será que isso é meu castigo/ Não sei se ligo ou não ligo/ Namorar com duas é um perigo/ Tem que tomar cuidado com o que vai dizer”. (Duas Paixões Netinho de Paula)

““Te perdôo/ Por contares minhas horas/ Nas minhas demoras por aí/ Te perdôo/ Te perdôo porque choras/ Quando eu choro de rir/ Te perdôo/ Por te trair”. (Mil Perdões – Chico Buarque)

 Se existe um tema polêmico, tenso, denso, evitável para alguns e relativamente natural para outros, é a traição. Bater no peito para berrar “eu nunca trai na vida” faz do orador um sujeito digno de inúmeras condecorações verbais. Mas quando a proclamação é dita da boca pra fora (geralmente no ato de conquistar alguém), ocorre então uma tentativa de amenizar/ocultar as manchas de um passado que nem sempre é tão passado assim. Assim como você, conheço várias pessoas partidárias da “pulada de cerca na surdina”. Para essa galera, a traição tem como objetivo a preservação do relacionamento frio. Bom, nesse caso acredito que pessoa erra a mão duplamente: 1-por não ter coragem de pular do Titanic (relacionamento afundando) no momento do choque com o iceberg; 2-por não respeitar o(a) companheiro(a) ao permitir a entrada de uma terceira pessoa numa vida que seria em tese (sentimental e moralmente falando) a dois.

Tem gente que trai como quem troca de roupa e vive bem, sem nenhum dilema moral ou dor na consciência. Pesquisas recentes mostram o crescimento da infidelidade feminina e por consequência nivelamento com a masculina. Partindo do principio dos diferentes focos que fazem homens e mulheres traírem por razões distintas, quais são os nossos (rapaziada) focos? Veja, homem trai devido ao instinto, pele, cheiro, contato/atração visual, incessante busca pela conquista e principalmente pela questionável autoafirmação de poder. Nossos argumentos chegam a ser imbecis: a bunda da secretária é gostosa, os peitos da estagiária são deliciosos, as coxas da faxineira são espetaculares, o rebolado da chefe acaba comigo, a vizinha (casada, safada, tarada) está me dando mole e se eu não pegá-la vou ficar sem moral na rua…

O tal “ficar sem moral na rua” dói. Afinal, homem faz questão de contar que está “pegando” a boazuda do bairro. No fundo, até se ela for tão atraente quanto uma sardinha-empanada-a-uma-semana-na-estufa-da-rodoviária serve. Traçou a mulher? Beleza, isso faz com que ele ganhe 10 pontos perante a galera. E se a moçoila for casada, a pontuação triplica, como se a conquista fosse um atestado de virilidade perante os amigos. Geralmente a mulher trai em silêncio, até porque em boa parte dos casos, surge um incessante dilema moral em sua cabeça recheada de questionamentos como “a culpa é minha?”, “porque ele não me procura mais?”, “onde foi que errei?”. Claro, nesse exemplo desconsideramos as mulheres de caráter duvidoso. Essas sim, não têm nada a perder e saem por aí, visando a mesma autoafirmação questionável de poder dos homens. Com o perdão da sinceridade, assim como tem homem galinha, o que não falta são mulheres (na falta de palavra mais amena e no pior sentido do termo) safadas.

Como disse acima, a mulherada pula a cerca em boa parte dos casos devido as crescentes fissuras sentimentais que não têm previsão de fechamento. Isso gera carência, tristeza sem fim, questionamentos culposos e fragilidade emocional. A mesma fissura dolorida daquele coração desprotegido cede espaço para que um sujeito aproveite a brecha para entrar (às vezes até) despretensiosamente naquela vida fadada ao fracasso. Com o tempo a mulher ganha vigor quase adolescente e assim o visitante torna-se presença cada vez mais agradável e necessária. Trocam sorrisos, confidências, declarações, ideias, pensamentos, intimidades. Trocam até os sentimentos: sai o medo explicito, entra o desejo guardado (e acumulado). Transformam-se em amantes. Transam. Entre beijos, mordidas, arranhões, (re)descobertas, suspiros, gemidos e um prazer relativamente incômodo, o liquidificador moral está ligado em rotação máxima na cabeça dela. “E quando eu chegar em casa, como vou ter coragem de olhar pra ele?”, pensa a mulher, conciliando o pensamento entre aquele momento delicioso com a pasmaceira instalada no relacionamento “oficial”. De um lado, ardência gostosa, calor proibido. De outro, clima glacial registrado em cartório. E um coração duplamente climatizado.

Alguns preferem o comodismo e fazem os amantes ganharem status de estoque reserva, conciliando assim o relacionamento “oficial” com a “sobremesa” aparentemente saborosa (que cedo ou tarde acaba como alimento indigesto, até porque nunca vi amante celebrar aniversário de romance, ou como costumo dizer, bodas de espelho no teto). Outros fazem da traição um subterfúgio para encarar um recomeço. “Melhor assim, dispensei o antigo, fiz a escolha certa”, pensam. Assim, o coração ganha uma nova redoma: sai o vidro arranhado, entra o cristal intacto. Até aí tudo bem mas numa eventual briga, adivinhe qual pensamento pulsará latejante na mente dela: ele tinha uma esposa e mesmo assim ficamos juntos. Se ele fez isso com a mulher dele, pode fazer o mesmo comigo.

Se determinados atos fossem calculados, evitaríamos vários tipos de dilemas. Fosse o coração uma terra desconhecida, a placa pregada na entrada dele seria assim: Cuidado. Área restrita. Melhor bater antes de entrar. Melhor conhecer antes de se perder. Melhor (in)validar antes de invadir. Melhor trocar o impulso pela pausa. Melhor deixar a casa antes de ser expulso.

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Estou apaix….por você

Por Eduardo Soares

Raramente proseamos a respeito de algo que obrigatoriamente antecede o amor: a paixão. Tem gente que menospreza o assunto, outros supervalorizam, mas inegavelmente nosso amigo coadjuvante também é figura presente em nossas vidas. O curioso é que a associação “paixão” + “masculina” não é tão comum assim. Afinal, essa comunhão de palavras/sentimentos existe na vida real?

Sim, nós, barbados, marmanjos, seres aparentemente desprovidos de sentimentos também alimentamos vários tipos de paixões: tem sujeito apaixonado por Ferrari; outros pelo time do coração; uns por esportes radicais; alguns por bandas; tem até marmanjo apaixonado por desenhos animados. Convenhamos que tais apreços existem em ambos os sexos e por isso vamos dispensar tais “paixões secundárias” para focarmos no inexplicável. Dá para entender porque raios o cara tem medo de assumir que está apaixonado?

A incerteza soa como refúgio sentimental. Fora isso, tem a turma defensora do tal advento da dúvida. Ou seja, defensores e argumentos não faltam. Entretanto, falta eficiência suficiente para manter tais teorias como itens fundamentais em qualquer tipo de relacionamento.  Ora essa, que garantia a mulher tem de que não será sacaneada quando está apaixonada? Nenhuma! E mesmo assim ela dá à cara a tapa para ver em que aquilo vai dar. Nós da ala masculina fazemos isso? Raramente. Motivo: m-e-d-o.

Homem tem mania de superioridade e isso vem desde a época primitiva. Deixar transparecer qualquer tipo de sensação boa vinda do coração nunca foi nosso forte. “Ela que demonstre/chore/declare/sofra”, pensam alguns. Lembrei de trechos de uma canção do Frejat: “Homem não chora nem por dor, nem por amor/E antes que eu esqueça/Nunca me passou pela cabeça lhe pedir perdão(…)Meu rosto vermelho molhado/É só dos olhos pra fora/Todo mundo sabe que homem não chora(…)Homem não chora por ter/Nem por perder… ”  

Raros são os casos onde o sujeito é/está desprovido de tal medo. Para isso, é necessário ter uma autoconfiança satisfatória. Imagine se todo mundo tivesse medo de receber um “não”, quem iria arriscar? Melhor, pra quê correr tal risco? Seríamos reféns dos nossos medos, prisioneiros das possíveis respostas contrárias àquelas que gostaríamos de ouvir.

Mas estamos analisando apenas um lado da moeda. Tenho uma amiga que costuma tocar na ferida quando o assunto envolve questões sentimentais. Ela consegue localizar causa e conseqüência com facilidade impressionante. Qual é a causa em questão? Palavras dela – A verdade é que hoje os homens têm medo dessas mulheres que não querem nada com a hora do Brasil. Enquanto algumas buscam apenas curtição, certos homens procuram compromisso com o intuito básico: achar uma pessoa bacana pra formar uma vida juntos. Esse papo de que todo homem é safado não está tão atual, pois determinadas  mulheres também não ficam atrás…às vezes elas são piores.   E qual é a conseqüência disso? O medo trocou de sexo. Hoje, ele também está na cabeça dos homens, coisa inimaginável num passado não muito distante. Além disso, vocês levam vantagem no assunto “amor próprio pós pé na bunda”. Afinal, a mulher sofre por curta temporada. Chora, desacredita, canaliza o pensamento no canalha mas depois passa. Nada como alguns encontros divertidos com aquelas amigas sempre dispostas a ajudarem a dona do pé na fossa. O homem acumula o sofrimento e usa o silêncio para manter a pose. Sofremos calados. Orgulho puro que leva ao alcoolismo, depressão e atitudes inconseqüentes (agressões físicas ou crimes passionais estão inclusas nesses atos impulsivos).

Mulher tem medo (de sofrer, arriscar, se apaixonar) mas mete o peito no vento e paga pra ver. Homem tem medo e se retrai, mete a cara na janela para tentar ver aquilo que nem sempre está no alcance visual. Logo nós, historicamente corajosos, guerreiros, desbravadores, audaciosos, ousados, valentes. Enfrentamos centenas em guerras épicas mas tememos expor nossos sentimentos para a mulher amada, como se isso fosse exposição de uma fraqueza.

Homem tem medo de perder o controle. Optamos por deixar a companheira dormir cheia de dúvidas, negamos a ela o doce som da verdade. Preferimos alimentar o machismo burro (como é o feminismo ou qualquer tipo de radicalismo) do que alimentar a harmonia do casal. Deve ser mais prazeroso para alguns falar “te odeio”, “você não é nada pra mim”, “quem manda sou eu”, “cale sua boca”ou “fica na sua” na hora da briga do que soltar um “estou apaixonado por você” no momento de carinho. Declaração essa sem neuras, receios e complexos. Declaração portadora de sentimentos verbalizados.

Sem a melosidade excessiva de quem erra a mão na forma de demonstrar sentimento (e isso independe de sexo), precisamos (ala masculina) soltar/dizer aquilo que está preso injustificadamente.  Ou você prefere “abrir o coração” quando for tarde demais? Saiba que, por mais sincero que venha a ser, tal declaração tardia soa como canalhice. Ou covardia.

Estou para conhecer idosos solitários e felizes. Conheço sim, vários idosos ranzinzas e (na maioria dos casos) solitários.  Tem gente deixou escapar várias pessoas ao longo da vida devido ao silêncio. Vai ver eles preferem levar para o caixão várias declarações não ditas e que ficaram perdidas no tempo e nos corações daqueles que pediram mas nunca as tiveram.

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