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Kama Sutra para gordos

Por Renata Poskus Vaz

Final de ano, festas, calor, curtição e as leitoras do Blog Mulherão ficam numa safadeza sem limites (menos eu que sou super santa! cof cof cof). Após o sucesso do post das pepecas gordas, fiz uma enquete com minhas leitoras lá no Facebook sobre temas que gostariam que eu abordasse aqui. E lá vamos nós de novo discutir a felicidade de nossas pepecas. A maioria pediu na enquete que eu fizesse um artigo sobre Kamasutra Plus Size.

Kama sutra é um antigo texto indiano que fala sobre o comportamento sexual, com posições ilustradas. Copiei daqui.

Kama Sutra Plus Size? Que doidera é essa?- pensei. Como abordar esse tema? Se a situação aqui comigo não estivesse tão crítica eu até que poderia tentar umas posições inusitadas com meu namorado (imaginário). Mas em época de racionamento afetivo e sexual em minha vida, esta alternativa está fora de cogitação. A base deste artigo, infelizmente, será apenas teórica. hahaha

Não fique com vergonha do seu corpo

Antes de sair por aí decorando posições do Kama Sutra, tenha em mente que se tiver vergonha do seu corpo, ou quiser esconder alguma coisa na hora h, é melhor não transar. É impossível que uma mulher consiga sentir prazer com vergonha da celulite, ou da barriga gordinha que esparrama para o lado quando se está deitada ou, ainda, do seio enorme que inevitavelmente dá uma caidinha quando se tira o sutiã. Ficar se preocupando com seu corpo, com a luz acesa ou com o que o cara vai achar de você ou da sua performance, não rola! Então, relaxe, curta, desencane. Você tem que sentir prazer também e não ficar lá reproduzindo posições e simulando prazer só para agradar macho.

Posições para Gordinhos

Não há como apontar posições 100% prazerosas para gordos (e nem para magros). Você tem que testá-las e descobrir quais as que agradam mais a você e seu companheiro. Nem sempre ele é gordo também e tudo isso pode influenciar, além de outros fatores.

O site Idelas consultou vários especialistas em chacachacanabuchaca e criou uma galeria com imagens de posições sexuais que, segundo eles, são mais confortáveis e gostosas para quem está acima do peso. Como este é um blog de família :p  , vou sugerir que cliquem neste link para visualizar as posições. Sinceramente, nada de novo. E na maioria delas aquela ideia de que não se pode exigir muito da performance da mulher gorda.

O ponto positivo é notar a retratação de homens sempre controlando o peso do corpo sobre a mulher. Não é porque somos gordas que aguentamos marmanjo despencando sobre a gente, né?

Já o Blog Obvious mostrou uma sacanagem cult! O renomado pintor colombiano Fernando Botero, que desde sempre retrata gordinhas em suas obras, criou o BOTEROSUTRA, com 70 imagens feitas por técnicas diversas. Olhe só:

kama sutra plus size 1 kama sutra plus size 2 kama sutra plus size 3 kama sutra plus size 4 kama sutra plus size 5 kama sutra plus size 6

“Em maio eu estava na Itália trabalhando em uma escultura de uma mulher reclinada e não consegui encontrar a solução da composição como eu queria. De repente, ocorreu-me que se você colocar uma figura masculina acima, como se fazem amor, poderia conseguir uma melhor composição. Eu nunca tinha feito nada parecido com isso. E eu pensei que tinha encontrado uma adição muito importante para determinada solução ousada da plástica. Terminei esta escultura, fiz um segundo, depois um terceiro e eu estava entrando no assunto de forma gradual. Então eu comecei a desenhar e ler o Kamasutra curioso. Eu pensei que era um tratado que mostrou muitas posições amorosas, mas a verdade é que há muito pouco sobre isso, pois se trata de um tratado de amor.” Fernando Botero (entrevista para o jornal, El Tiempo. Edição de 23 de novembro de 2013.)

Ah, e se posso deixar um conselho é que não sigam posições como um guia de ginástica. Sexo é pele, cheiro, beijo, abraco, contato visual também. O resto sempre surge naturalmente. É só você estar bem consigo mesma e com seu companheiro. ❤

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Como disfarçar pepeca gorda

pepeca gordaMonte de vênus proeminente à esq. Ambos são normais.

Por Renata Poskus Vaz

Algumas de vocês podem até achar inapropriado ou constrangedor esse assunto. Acontece que eu recebo muitos e-mails de mulheres acima do peso pedindo dicas de como disfarçar o monte de vênus volumoso. Algumas se dizem envergonhadas e incomodadas com a protuberância nessa região.

Mas afinal, você sabe o que é Monte de Vênus?

Monte de vênus é a parte superior da vulva, coberta de pêlos pubianos e que cobre o osso de mesmo nome. Localiza-se abaixo do abdome e acima do prepúcio clitoriano. O Monte de Vênus é sensível em algumas mulheres e, por ser constituído de gordura, protege o osso pubiano, diminuindo o impacto durante a relação sexual. Copiei daqui, ó.

Monte de Vênus também é chamado vulgarmente de capô de fusca.

Enfim, quando escuto das mulheres essa vergonha e necessidade de disfarçar ou esconder a pepeca, fico um pouco chateada. Acho que nós não temos que ter vergonha de ter uma pepeca gordinha, volumosa. Ela, inclusive, não é privilégio das gordas. Muitas magras tem a pepeca gorda.

Os homens não tem vergonha dos seus volumes. Não que eu saia por aí reparando nos pipis alheios, mas alguns homens guardam o dito cujo para um lado, outros para o outro. E ninguém se preocupa em esconder este volume por baixo da roupa. Nós, mulheres, também não deveríamos nos envergonhar e querer disfarçar algo que é natural, normal e comum a todas nós.

Além do mais, como pudemos verificar na descrição acima, essa gordurinha da parte superior da pepeca serve para diminuir o impacto durante a relação sexual. Ou seja, se formos olhar por essa ótica, aguentamos muito mais o tranco do que as magrinhas. Isso deveria ser encarado como uma vantagem e não como um defeito.

Ok, mas eu entendo o que isso pode lhe causar. Então dou algumas dicas para você disfarçar a sua pepeca gorda até começar a amá-la como deveria, ok?

na praia plus size 1

Biquínis Cachopa

Não vou colocar aqui biquinis com sainhas ou saídas de praia como opção, pois é óbvio que eles disfarçam qualquer coisa e a proposta aqui é que você aproveite o verão plenamente, sem esconder seu corpo. Uma dica para dar aquela disfarçada no Monte de Vênus gordinho é Investir em biquínis estampados, de preferência com fundo escuro. Ou então, investir em biquínis como esses da foto acima, com uma faixa drapeadinha na cintura baixa. Se reparar, a faixa tanto disfarça aquela barriga estilo aventalzinho, como também parte do monte de Vênus.

para passear

Vestidos Xica Vaidosa

Para passear você pode escolher uma vestido ou saia em A, que é essa evasê, abertinha. Vestidos muito grudados revelam mais nossos volumes, então se a sua intenção é não revelar sua pepeca gorda, não use vestidos tubinhos e nem saias lápis. A estampa também é aliada nos vestidos, principalmente essa com algumas nuances escuras. Cuidado ao escolher uma estampa para o desenho mais chamativo não ficar posicionado justamente no local que você deseja disfarçar, pois neste caso ela aumentará visualmente a região. Outra opção bacana são as saias-short, em que você esconde a pepeca e revela os contornos do bumbum.

Para trabalhar, escolha vestidos e saias como os descritos acima e também calças de tecido plano encorpado. Use seu tamanho, nada de roupa apertada, que evidencia o monte de vênus.

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Um amigo meu, fotógrafo muito famoso que trabalha para revistas como VIP e Sexy, cansado de fotografar pepecas de todos os tipos, uma vez me disse que uma tática para mulheres aparentarem ter um monte de vênus menor é não depilar a pepeca toda. Quando você tira todo o pelo do monte de vênus, ele parece maior. (só não pergunte como eu e meu amigo chegamos neste papo..kkkk)

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Outra solução para a pepeca gorda são as cirurgias de lipoaspiração na região. Há quem também se incomode com o tamanho, cor e aparência da vagina como um todo. Pesquisando sobre o assunto, encontrei um blog muito bacana chamado ELA MAIS LINDA, lá as mulheres contam sobre suas experiências com a cirurgia íntima. Muitas enviam fotos do antes e depois. E há também aquelas que, como eu, amam suas pepecas gordinhas e tortinhas como são e também enviam fotos para o blog (minha pepeca não tá lá não!rsrs). Pra espiar, clique aqui.

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Ame sua pepeca! ❤ ❤ ❤

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A gorda que não “compensa” e é feliz assim!

Por Renata Poskus Vaz

Quando alguém gosta de você, gosta de você completa. Não gosta só da sua bunda, ou só do seu sorriso, ou só das suas formas. Você não é fragmentada, é um conjunto de qualidades que vão muito além das físicas e que te fazem especial, única.

Quando alguém te enxerga em partes, como um objeto, inevitavelmente procurará defeitos. Quando o seu corpo é encarado desta forma, como defeito, se torna uma espécie de empecilho a ser revelado por essa pessoa que acha (ou finge) que gosta de você. Ela só revela seu peso, se você lhe trouxer compensações.

* Ah, ela é gorda, mas convida ela para a festa pra ajudar a limpar o salão.

* Cara, tô pegando a gordinha. Ela faz tudo o que eu quero na cama, não sabe dizer não.

* Tudo bem, eu fico com você, mas não fala para os meus amigos.

* Bota a gordinha para trabalhar no feriado, ela não reclama de nada.

É aí que você, se não for ainda detentora de segurança e amor próprio, se esforçará para compensar seu corpo gordo e agradar aos outros.

Você não precisa compensar nada! Seu corpo é apenas seu corpo, não te faz inferior a ninguém. Não precisa se esforçar para ser legal, muito menos para ser aceita. Não precisa ficar com o primeiro cara babaca que aparecer na sua frente, só porque acham que gorda não pode ser seletiva.

Se quiser ficar por ficar, fazer sexo sem compromisso, vai fazer apenas o que quiser e com quem quiser. Vai dizer não quando quiser dizer, sem medo de ser ofendida. E se for ofendida, vai ligar o foda-se e voltar para casa de cabeça erguida. Espero que você não precise, mas  lembre-se sempre que nosso País tem leis que enquadram certinho esse tipo de cara.

Você não precisa desculpar piadas de mal gosto, ofensas e discriminações. Não precisa forcar o riso. Muito menos ficar com vergonha de comer na frente dos outros.

Você não precisa ser a amiga que não sabe dizer não, que faz tudo para todo mundo, que escuta, é prestativa, mas não recebe nenhuma atenção ou consideração em troca.

Eu sei que é difícil e o medo de ficar sozinha é tão grande que pode te desencorajar, muitas vezes, a deixar de se comportar como a mulher que é gorda, mas compensa.

Neste mundão está repleto de pessoas dispostas a serem suas amigas de verdade, colegas de trabalho respeitosos, ou ainda loucos para se apaixonarem por alguém como você. Alguém completa, com qualidades, com alma, coração e não só peso. Mas, antes, você precisa se libertar deste tipo de gente preconceituosa que só convive com você por achar que traria algum tipo de compensação. Gente que, cá entre nós, é que não compensa sua amizade.

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“Sua gorda!” – Pelo direito de não me ofender com a realidade

Por Isabella Trad

Antes de começar, quero que prestem atenção no vídeo abaixo:

Passei a minha vida inteira aprendendo que ser gorda não é legal. Que eu não seria amada, atraente e muito menos teria sucesso, que eu não seria digna de elogios. Como muitas de vocês, criei a imagem de um monstro e fui repreendida e rebaixada diante de várias situações por conta do meu peso.

Familiares diziam que eu se eu ficasse magra tudo seria diferente, tudo seria mais fácil e sabe o que eu aprendi? Que a vida é difícil pra quem dá desculpas pra viver. E o que o vídeo tem haver? Bem, a intenção óbvia dos brasileiros foi fazer uma piada com essa garota gringa, linda e gorda.  Eu não ri. Fiquei com vergonha.

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Ela é gorda, mas eles não tinham o direito de usar o adjetivo como defeito. Ela é gorda e linda, é gorda e tem cabelo liso, ela é gorda e quem decide encarar como elogio ou defeito é ela e não vocês!

Eu sei que se ela soubesse falar português provavelmente se sentiria ofendida e o meu recado pra ela é: Não se sinta. Meu recado pra todas vocês é esse, não se sintam ofendidas por ela e não se sintam ofendidas por serem chamadas de gordas, obesas ou baleias.

A intenção desses idiotas foi de ofender, usaram a palavra gorda como ofensa, mas no final, quem escolhe se ofender é VOCÊ. Prefere ser a gorda cheia de coitadismo que deixa os outros opinarem na sua vida e se e ofende com uma realidade que só você pode escolher se é boa ou ruim? A atitude da garota inocente, dando sorrisos de satisfação mesmo sem entender o que estava acontecendo é digna.

Se todas nós não tratássemos nosso peso como defeito, talvez as pessoas não o enxergassem como um. Bem, eu sou gorda, baixinha e ruiva e escolhi que nenhum desses adjetivos são defeitos.

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Carta para minha mãe que me chama de gorda

Por Renata Poskus Vaz

fat womanFoto: Marjai Judit

Mãe, ontem a senhora me chamou de gorda.

Ok, eu sei que você falou com jeitinho para não me magoar, mas magoa. A senhora fala como se eu não enxergasse o que vejo no espelho, como se eu não percebesse que há tempos já passei do manequim 50. Não que eu ligue de ser gorda, muito pelo contrário. Mas os seus apontamentos sempre vem muito carregados de preconceito. Eu me sinto rejeitada e humilhada quando você faz isso.

Quando você fala que se preocupa comigo e que tem medo que eu não consiga um namorado por causa do meu peso, eu até entendo. Mas agora, mãe, vou te dizer a verdade: eu te entendo, mas não concordo. Eu não planejei ficar gorda, mas fiquei. E quer saber? Eu me amo pacas!

Não me culpe por meus quilos extras, como se eu fosse negligente ou relaxada. Se quer saber, mãe, sempre guardei algo para não te machucar, mas se fiquei gorda também é por culpa sua.

Lembra que a senhora rasgava os bicos da mamadeira para eu mamar mais rápido? Lembra que colocava metade da mamadeira de leite e a outra metade de Neston e açúcar? Era praticamente um mingau grosso, um coquetel de diabetes, que eu mamava 5 vezes por dia.

Mãe, você se lembra que só me deixava sair da mesa quando raspasse o prato? E que a cada refeição você aumentava a quantidade? Parecia que eu sempre tinha um novo desafio, comer mais e mais para não ficar de castigo e não deixar a mamãe chateada. Quando eu não comia tudo era aquele inferno. Eu até apanhava. Você pode negar, mas eu me habituei a comer para não te decepcionar, para ser elogiada e me sentia feliz com isso.

Eu me lembro também de ouvir a senhora falar que a  Dona Matilde, nossa vizinha, era uma má mãe, porque as filhas dela eram magrinhas demais, pareciam raquíticas e deviam não comer direito em casa. “Olha como essas meninas são feinhas, magrinhas”, você dizia. Eu queria ficar bonita. Hoje, você me compara com as filhas da Dona Matilde, que são altas e magras. Você sempre me diz: “tá vendo, olha lá a Marcinha, magra e linda. Conseguiu um marido rico! Aprende com  ela!”.

Mãe, como eu disse, eu não escolhi ser gorda. Eu me tornei uma. E não sou eu a única responsável por meus quilos extras. Agora sou adulta e não vou mais chorar o leite derramado. Eu poderia fazer dietas malucas para te agradar, para emagrecer, mas minha saúde está em ordem, estou aprendendo a comer direito e isso me basta, não vou ser escrava da balança. Conviva com isso mãe. Não tenho mais a obrigação de te agradar. E se você me amar de verdade, vai me aceitar assim. Assim como sou. Gorda e feliz.

update: Garotas, esse texto é uma crônica, um “faz de conta” inspirado em dezenas de relatos de leitoras tristes com situações em que passam dentro de suas próprias casas. Minha mãe morreu há mais de uma década. Na ocasião eu pesava menos de 60 Kg. Ou seja, eu era magra. Além disso, minha mãe não cometia esse tipo de crueldade comigo (ah, sim, ela entupia minha mamadeira de  açúcar e Neston e me fazia raspar o prato, além de me dar Coca-cola na mamadeira, mas não me humilhava e nem me cobrava um corpo perfeito). Ou seja, esse texto é apenas para refletirem.

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Sua saúde vai bem, mas você está gorda!

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Por Giovanna Sbrissia

Sempre fui gordinha, então, desde pequena, ouço dos médicos a mesma ladainha sobre peso – ok, muitas vezes correta e como precaução – mas uma coisa começou a me incomodar com o passar dos anos: Poderia eu estar com gripe, ou então ter quebrado o dedinho da mão, tudo iria acabar se relacionando com meu excesso de peso, de formas muitas vezes constrangedoras.

“Vou te receitar um antigripal, e também te encaminhar para um colega meu nutricionista” E quando as cirurgias bariátricas passaram a ser, também, tratadas de forma mais estética: “Você nunca pensou em operar? Sua saúde está ótima agora, mas em breve você poderá ter problemas!”

Ok, todas nós sabemos que o excesso de peso traz sim alguns tipos de danos a saúde, e eu não estou aqui para levantar uma bandeira pró gordura mas, sim, para conscientizar de que ser gordinha não precisa ser sinônimo de pessoa doente. Minha saúde? Vai muito bem, obrigada.

Da mesma forma que existem pessoas magras, que tem péssimos hábitos, existe gordinhas e gordinhos que tem uma ótima qualidade de vida, praticam exercícios e são saudáveis.

Chega de preconceito! Abaixo, mostraremos alguns relatos das nossas leitoras sobre situações constrangedoras em consultórios e hospitais. Você já passou por algo assim?

Conte-nos nos comentários!

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“Fui fazer um teste admissional para entrar em um emprego, o médico era um cirurgião plástico, um dos maiores de Goiânia e ele me perguntou se eu tinha inúmeros problemas por causa do peso. Eu respondi que não tinha nada, e ele me disse que iria me aprovar por caridade, pois eu não estaria apta para trabalhar pois estava gorda. Depois disso ele me indicou a clínica dele pra eu me tratar, eu fiquei boba, mas como era meu primeiro emprego e eu precisava, tive que engolir tudo que ele disse. Eu estava com 90 kg.” (Jossana Lauria)

“Tive cólica renal, e fui ao posto para uma consulta e pedir requisição para um ultrassom. O médico era Endocrinologista e a todo o momento me aconselhava a ligar para o seu consultório para fazermos um tratamento.”
(Jussara Nilsen)

“Fui em uma ginecologista pois queria engravidar, e ela foi super grossa. Disse que eu nunca conseguiria por conta do meu peso, e corria risco de morrer e deixar o filho largado no mundo.” (Day Duvale)

É claro que muitos são os médicos que realmente se preocupam com a saúde do paciente, mas e quando isso se torna um preconceito CLARO? O que devemos fazer? A quem recorrer? A gordofobia infelizmente segue sendo um dos preconceitos “aceitos” em nosso país.

 

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Gorda que faz plástica não se ama?

Por Renata Poskus Vaz

Conheço algumas celebridades plus size que já fizeram operações plásticas estéticas. Uma arrebitou o nariz, colocou silicone e fez lipo, a outra reduziu o tamanho dos mamilos e deu uma empinada nas peitolas, uma outra fez lipoaspiração no papinho. Teve uma que fez plástica na barriga e outra que além da plástica na barriga, botou silicone nos seios e ainda nos lábios.

Algumas delas assumem publicamente e defendem a realização de cirurgias, como é o caso da blogueira Hannah Perez, minha amiga, que após perder 50 Kg e, ainda gordinha, operou o braço (veja mais clicando aqui). A cirurgia se chama braquioplastia. Hannah preferiu ficar com uma cicatriz enorme a ter o incômodo do excesso de pele e gordura que ela tinha que carregar nos seus braços e que não saiam com reeducação alimentar e exercícios físicos. Ela ficaria anoréxica, mas aquele peso e incômodo continuarian ali.

braquioplastia

Hannah é um exemplo de personalidade e amor próprio. No entanto, há personalidades plus size que também se amam, mas negam ou omitem suas cirurgias. Algumas temem sofrer pressões de suas fãs e seguidoras (hey, garotas, às vezes vocês são muito cruéis e impiedosas). Outras plus size simplesmente se preservam, por encarar plástica algo íntimo, o que é natural, já que ninguém é obrigado a sair falando por aí sobre essas coisas.

Você pode se perguntar: mas será que uma mulher que se ama precisa diminuir o tamanho dos mamilos? E eu respondo: o mamilo é seu? É você que tem que ficar se preocupando com ele escapando por cima do biquini? É você que fica constrangida, vez ou outra, quando sai com um vestido mais decotado e percebe que seu mamilo está aparecendo? Olha, acredite, é perfeitamente possível você se amar e odiar seu mamilo!

Esse assunto é muito delicado. Acredito que muitas pessoas façam plásticas por motivos errados. Há quem faça para recuperar o amor do ex-namorado, outras para ganhar concursos de beleza (não precisa disso, gente, agora no mundo plus size é só ter dinheiro e comprar a sua faixa), há quem faça para impressionar a família ou causar inveja nas amigas. Tem quem faça para se sentir bonita. Todas essas razões podem causar sofrimento e frustração, caso os objetivos pós-plástica não forem atingidos.

Quando falamos de mulheres acima do peso fazendo plástica, isso me preocupa, claro. Temo por quem faça plástica para “emagrecer” e todas nós sabemos que emagrecimento saudável não acontece de fora para dentro.  No entanto, acredito que existam sim mulherões que se amam, que se achem bonitas e que, mesmo assim, se submetam às cirurgias estéticas.

Não tive filhos, mas amigas dizem que aquela barriguinha saliente que fica após a gestação na obesidade, é muito incômoda. Deixa de ser algo puramente estético a partir do momento que afeta a qualidade de vida dessa mulher. E eu imagina que seja mesmo, pois quando estava com quase 100 Kg, fiquei com uma “pochetinha” bem grandinha, já que todo meu excesso de peso se concentrou na barriga. Era ruim para sentar e coçava horrores no verão. Eu me coçava tanto na barriga, que chegava a fazer feridinhas. Emagreci um pouco e ela diminuiu. Continuo com uma barriguinha delicinha, mas nada que me incomode. Mas muitas das mulheres plus size que engravidam, normalmente, mesmo perdendo alguns quilos, continuam com a barriga incomodando.

Meus seios são enormes. E é claro que são naturalmente caídos :p . Amo meus seios, não sinto minhas costas doendo. Mas conheço mulheres plus size que sentem fortes dores de coluna, que andam curvadas e que querem e merecem diminuir os seios. Então, quer dizer que se elas operarem, que estarão declarando que não se amam? Nada disso! Nós não nos resumimos a peitos. Quando eu for mais velha e se meus seios se aproximarem mais do meu umbigo, eu operarei. Isso também será uma prova de amor por mim!

Amo meus cabelos loiros escuros, mas já fui ruiva, morena e loira sueca e mudar minha aparência não representou uma falta de amor próprio. Óbvio que cirurgia é algo muito mais sério, mas não deixa de ser uma mudança estética, embora permanente e com todos os riscos que qualquer operação possa oferecer.

Acredito que a cirurgia seja dispensável para mim, ao menos por enquanto, e para muitas mulheres plus size também. Para outras, a cirurgia pode ser uma forma de corrigir algumas “imperfeições” que, para nossos olhos não fazem diferença, mas que para essas mulheres pode ter um impacto até mesmo em sua saúde e qualidade de vida.

Sejam menos rigorosas com nossas amigas que fizeram plásticas. Um dia, acredite, você pode querer ou precisar passar por isso também. 😉

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Quem quer casar com um milionário?

Por Cíntia F Rojo

Caro emerald

Não, não estou falando sobre o clássico filme de Marilyn Monroe. Foi uma pergunta direta mas, se você quer fisgar um partidão e está acima do peso, esqueça! A psicóloga Eliete Medeiros, da agência de casamentos Eclipse Love, deu algumas “dicas” à Revista Veja SP:

 “Ninguém gosta de mulher carrancuda. Milionários são ocupados e não têm tempo para crises de mau humor.

É preciso ser magra, saber se portar em público e ter nível superior.

Nada de escândalos em público. Deve-se engolir o ciúme.

Não é simpático dizer que é muito ocupada. O ricaço quer alguém com agenda maleável.

Sabe a Aline, da novela Amor à Vida? Tem de ser como ela. Só não pode cegar o marido! Os milionários são carentes e querem mulheres receptivas e carinhosas.”

Bem,  eu e meu manequim 48 estamos definitivamente fora da disputa (hahaha). Mas fiquei pensando: tendo em vista que a maioria das mulheres reclama da dificuldade em emagrecer, será que alguma estaria disposta a perder peso para fisgar um partidão? O que vocês acham?

 Foto: Caro Emerald, cantora holandesa cheia de curvas (internet)

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Magras que engordam como forma de auto-sabotagem

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Por Renata Poskus Vaz

Outro dia, uma leitora me disse que em sua terapia descobriu que engordou como uma forma de se punir por ser muito bonita. Ela afirmou com todas as letras que a forma que encontrou para diminuir o assédio sexual que sofria na adolescência foi engordar.  Parece algo absurdo e até um tanto quanto prepotente, mas será que isso não é realmente possível? Engordar como uma forma de se auto-sabotar?

Hoje sabemos que podemos ser bonitas, sensuais e bem-resolvidas mesmo gordas. Mas como era o conceito que fazíamos do sobrepeso antes, na adolescência?

Não foi a primeira vez que escutei ou li esse tipo de comentário. Uma querida amiga, por exemplo, dona de lindos olhos azuis, inteligentíssima, sentia-se cobrada por seus pais. Ela era, aos olhos deles (mesmo que disfarçassem e não assumissem isso publicamente) melhor em diversos aspectos que a irmã. E quanto mais bonita ela ficava, mais cobranças acerca da sua beleza ela recebia. Ao engordar essas cobranças pararam. Ela deixou de ser considerada “acima da média”, virou a “inteligente da família”, enquanto a irmã era a “mais bonita”, aos olhos dos que as cercavam.

Nasci um bebê com peso normal e sempre fui muito ativa. Fazia volei, natação, ballet… Brincava de corre-corre, pique-esconde… Nas férias vivia no mar e andava todos os dias quilômetros e mais quilômetros de faixa de areia. Era uma criança magra.

Aos 12 anos, de uma hora para a outra, enormes seios surgiram no meu corpinho esguio. Surgiram também a cinturinha fina e o quadril largo. Porém, continuava magra. Aos 14 anos pesava 52 Kg e já tinha 1,72m.

Com esse corpo novo surgiram novas cobranças: “sente de perna fechada, mocinha não pode ser assim”. “Não estufe essa barriga!”… Para completar, tenho uma tia poucos anos mais velha do que eu. Ela é mais uma espécie de irmã mais velha do que tia, a Laiza, que sempre foi muito magra e linda. Óbvio que me comparavam com ela. E isso, para uma criança, dói.

Na escola, ouvia piadas e histórias de que eu tinha não sei quantos namorados, mas a verdade é que eu demorei pacas para dar meu primeiro beijo na boca, era tímida e encalhada e mesmo assim diziam que eu “transava com sei lá quem”. Isso para mim era humilhante. Eu tinha o sonho de casar virgem, pura e mais um monte de lenga-lengas românticos e me sentia desrespeitada. Acontece que eu era uma menina com corpo de mulher e isso talvez tenha dado margens à imaginação daqueles garotos idiotas e das meninas invejosas.

Na rua, ouvia cantadas de homens mais velhos, com idade para serem meus avós. Foi aí que aprimorei minha capacidade de ser grosseira e respondia sempre com agressividade a esses tarados.

Ser magra e bonita, realmente era um inconveniente! Além do mais, porque eu era, modéstia à parte, muito inteligente. E, por incrível que pareça, até mesmo por parte dos professores havia a ideia de que alunas bonitas são burras. Foram diversas as vezes em que tive que comprovar que minhas redações eram realmente minhas e que eu merecia as notas altas que recebia.

Com o tempo, deixei de me dedicar na escola. Tirar notas médias e baixas e engordar era uma boa forma de não ser notada, de ser como todas as outras garotas.

Hoje encaro meu corpo de outra forma e sei que esse engorda/emagrece/engorda também foram responsáveis pela Renata que hoje sou. Entretanto, o vício da auto-sabotagem, não só a do corpo, também refletiu em outros aspectos de minha vida. E é disso que eu preciso cuidar, hoje.

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Photoshop que esconde magreza

“Para editores de grandes revistas, a visão de magreza perfeita não existe”

Leah Hardy (ex-editor da Cosmopolitan).

Por Cintia F Rojo

karlie kloss

Aposto que ao ler o título desse post, você arregalou os olhos e perguntou: Oi? Ou então voltou ao título e releu… ou clicou em todos os hyperlinks do post pra saber se tinha algum erro na concepção desse conteúdo. E depois de ter feito tudo isso você entendeu direitinho: editores de moda, das principais revistas do mundo, agora também usam o photoshop para retocar as magrinhas. Será que eles cansaram de “emagrecer” as gordas ou de “plastificar” a beleza natural das mulheres? Não, não é bem isso…

A matéria veiculada no site catraca livre sobre o uso de photoshop para disfarçar a magreza excessiva de algumas mulheres, comenta um artigo publicado por um ex-editor da revista Cosmopolitan, que aqui no Brasil se chama NOVA. Dentre os figurões citados, ela traz o depoimento de Robin Derrick, diretor criativo da Vogue, e Jane Druker, editor da britânica Healthy (palavra que significa “saudável”). Druker admitiu ter editado muitas fotos de modelos que pareciam magras demais e pouco saudáveis. Já Derrick disse: “Passei os primeiros dez anos da minha carreira fazendo meninas parecerem mais magras – e os últimos dez tentando deixá-las maiores”.

Oras, vamos pensar bem levando em conta a frase de Leah Hardy, em destaque no começo do post, e em tudo que nós, mulheres acima do peso já enfrentamos nessa vida no quesito “padrões estéticos”. Já estávamos fartas de ver campanhas publicitárias com mulheres que foram vítimas do photoshop do mal. Vocêm lembram a vergonha alheia dominando geral em 2013, depois da divulgação da campanha da C&A, em que Preta Gil está com um pescoço que parecia do Anderson Silva. Algum tempo depois, a Sabrina Sato também tinha levado um banho de retoques malignos na capa de outra publicação feminina. Nem a lindona sarada escapou do photoshp e ficou com aparência de estátua de cera.   

Portanto, note que as gordas não agradaram e as magras também não agradam mais! Isso comprova o que repetimos incansalvemente: não adianta ir contra sua natureza nem projetar sua felicidade na conquista de padrões estéticos. Esses padrões opressores – não queria usar essa palavra mas é a verdade (humpf!) – foram construídos pela mídia e agora ela própria admite que tais padrões não servem mais. Uma de minhas melhores amigas é saudável, usa manequim 36 e sempre ficou brincando, em tom de gozação, que não precisava fazer esforço para ficar com as costelas aparentes como as meninas das passarelas. Pois, amiga, trago notícias: você está ficando fora de moda!

Honestamente, não sei mais o que esperar. Tenho a impressão que amanhã, quando acessar minha revista feminina favorita (que é a Aquarius, de Dubai) vou encontrar uma modelo-robô, uma mulher que não existe, mas ela estará vestindo as últimas tendências da moda e usando as melhores marcas de maquiagem. E mesmo que eu , plus size, ou minha amiga, manequim 36, não nos identifiquemos com a mulher-robô, não teremos outra alternativa a não ser fingir que aquela beleza é real e acessível a qualquer mulher em qualquer lugar do mundo.   

(Foto: Karlie Kloss, via Catraca Livre)

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