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Carta para minha mãe que me chama de gorda

Por Renata Poskus Vaz

fat womanFoto: Marjai Judit

Mãe, ontem a senhora me chamou de gorda.

Ok, eu sei que você falou com jeitinho para não me magoar, mas magoa. A senhora fala como se eu não enxergasse o que vejo no espelho, como se eu não percebesse que há tempos já passei do manequim 50. Não que eu ligue de ser gorda, muito pelo contrário. Mas os seus apontamentos sempre vem muito carregados de preconceito. Eu me sinto rejeitada e humilhada quando você faz isso.

Quando você fala que se preocupa comigo e que tem medo que eu não consiga um namorado por causa do meu peso, eu até entendo. Mas agora, mãe, vou te dizer a verdade: eu te entendo, mas não concordo. Eu não planejei ficar gorda, mas fiquei. E quer saber? Eu me amo pacas!

Não me culpe por meus quilos extras, como se eu fosse negligente ou relaxada. Se quer saber, mãe, sempre guardei algo para não te machucar, mas se fiquei gorda também é por culpa sua.

Lembra que a senhora rasgava os bicos da mamadeira para eu mamar mais rápido? Lembra que colocava metade da mamadeira de leite e a outra metade de Neston e açúcar? Era praticamente um mingau grosso, um coquetel de diabetes, que eu mamava 5 vezes por dia.

Mãe, você se lembra que só me deixava sair da mesa quando raspasse o prato? E que a cada refeição você aumentava a quantidade? Parecia que eu sempre tinha um novo desafio, comer mais e mais para não ficar de castigo e não deixar a mamãe chateada. Quando eu não comia tudo era aquele inferno. Eu até apanhava. Você pode negar, mas eu me habituei a comer para não te decepcionar, para ser elogiada e me sentia feliz com isso.

Eu me lembro também de ouvir a senhora falar que a  Dona Matilde, nossa vizinha, era uma má mãe, porque as filhas dela eram magrinhas demais, pareciam raquíticas e deviam não comer direito em casa. “Olha como essas meninas são feinhas, magrinhas”, você dizia. Eu queria ficar bonita. Hoje, você me compara com as filhas da Dona Matilde, que são altas e magras. Você sempre me diz: “tá vendo, olha lá a Marcinha, magra e linda. Conseguiu um marido rico! Aprende com  ela!”.

Mãe, como eu disse, eu não escolhi ser gorda. Eu me tornei uma. E não sou eu a única responsável por meus quilos extras. Agora sou adulta e não vou mais chorar o leite derramado. Eu poderia fazer dietas malucas para te agradar, para emagrecer, mas minha saúde está em ordem, estou aprendendo a comer direito e isso me basta, não vou ser escrava da balança. Conviva com isso mãe. Não tenho mais a obrigação de te agradar. E se você me amar de verdade, vai me aceitar assim. Assim como sou. Gorda e feliz.

update: Garotas, esse texto é uma crônica, um “faz de conta” inspirado em dezenas de relatos de leitoras tristes com situações em que passam dentro de suas próprias casas. Minha mãe morreu há mais de uma década. Na ocasião eu pesava menos de 60 Kg. Ou seja, eu era magra. Além disso, minha mãe não cometia esse tipo de crueldade comigo (ah, sim, ela entupia minha mamadeira de  açúcar e Neston e me fazia raspar o prato, além de me dar Coca-cola na mamadeira, mas não me humilhava e nem me cobrava um corpo perfeito). Ou seja, esse texto é apenas para refletirem.

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Violência verbal contra criança também machuca!

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Por Renata Poskus Vaz

Mulherões, peço licença para falar sobre algo desumano que presenciei hoje. Muitas de vocês são mães e, mesmo as que não são, como eu, mas têm sensibilidade e respeito por outros seres humanos, entenderão minha revolta.

Frequento todos os dias uma padaria chamada Dom Filippe, situada na Rua da Bica, na Freguesia do Ó. Vou lá, compro meu brigadeirão, meu refri, coisa gostosa e obrigatória diária de gorda. Hoje, por volta das 20h30, estava eu lá, linda, fofa e feliz, olhando para a vitrine de doces, quando ouvi uma mulher, na porta da padaria, xingando MUITO sua filha. A garotinha mais parecia uma boneca com sua roupa de bailarina e tinha, no máximo, uns 4 ou 5 anos. Parei e comecei a olhar. Não importa o que a criança fez ou deixou de fazer, se trata de uma garotinha que pode sim ser repreendida, mas jamais humilhada, menosprezada, ofendida, muito menos por sua própria mãe. A mulher, com seus 50 e tantos anos, gritava: “sua burra, idiota, imprestável, paspalha, fedelha… Olha só o que você fez!”.  E quanto mais as pessoas olhavam, mais alto ela gritava. O que ela mais repetia era: “sua burra, imprestável, idiota” e completava com diversos: “vou meter a mão na sua cara”. Ou seja, ameaças, ameaças, ofensas que podem destruir a alma dessa criança e transformá-la em uma adulta problemática e sem um pingo de autoestima.

Eu fiquei lá quieta implorando em pensamentos que aquela mulher parasse com as ofensas, para que eu não precisasse intervir. Sim, pois sou dessas que não consegue fingir que não está vendo uma sessão de humilhações e torturas. Mas não, a mulher continuou e realmente deu um tapa na filha. A menina, de tão magrinha, cambaleou.

Naquele momento, intervi: “para de xingar e bater na sua filha”.

Foi aí que o demônio tomou conta daquela mulher. Ela me deu um tapa no braço, me xingou, me ameaçou e disse, com todas as letras, que a filha era dela e que ela tinha o direito de xingar e bater quantas vezes quisesse na menina.

Em outras situações, eu que sou uma lady da periferia, certamente quebraria aqueles dedos imundos que ousaram tocar com violência o meu alvo e delicado braço. No entanto, eu via aquela carinha linda da filha dela, que por mais que sofresse humilhações vindas da mãe, se sentiria impotente e imensamente triste ao ver a mãe apanhando de mim.

Então, mantive-me calma, embora firme e disse que havia leis em nosso País que proibiam a violência física e moral aos filhos. O barraco correu solto, a mulher gritava, xingava e a filha chorando, pedindo para ela parar. Me xingou de vadia etc e tal, mas isso eu já previa vindo de uma mulher que humilha e xinga a filha caçula publicamente.

 Ela foi embora quando me viu ligando para a polícia. Simplesmente 5 vizinhos da mulher vieram me parabenizar por minha atitude. Segundo eles, trata-se de uma moradora do Edifício Parque dos Pássaros, situado na Rua da Bica, número 410, na Freguesia do Ó, bem em frente à padaria que frequento.

O que mais me doeu é que todos foram unânimes em dizer que aquela mãe grita e humilha os filhos constantemente. E o pior, disseram que a pequenina é filha adotiva. Não sei se essas denúncias conferem, mas só o que vi na padaria já é o bastante para perceber que esta mulher não merece ser mãe.

Pergunto-me o porquê de ninguém fazer nada. Até entendo que as pessoas tenham medo, devido ao comportamento anti-social e desequilibrado que demonstrou ter a mãe, isso poderia gerar uma vida difícil entre os condôminos. Porém, o conselho tutelar recebe denúncias anônimas.

Amanhã vou ao conselho tutelar e protocolarei minha denúncia. A Padaria tem filmagens que comprovam o que estou dizendo. Espero, de coração, que o conselho tutelar apure esse caso.

A garota é linda, de classe média, bem alimentada, não tem marcas de violência no corpo, provavelmente estuda em escola particular, mas imaginem o que ela carregará na alma se a atitude que a mãe teve seja algo corriqueiro na vida delas?

Depois conto para vocês se o Conselho Tutelar investigará ou não minha denúncia.

No mais, fica minha dica para vocês, amigas e leitoras, que não se calem diante dessas situações. Crianças são pequenas demais, devem ser educadas, repreendidas, mas jamais humilhadas e ofendidas.

Violência verbal também é crime. Violência verbal também machuca.

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Desafio Mulherão: Homenagem de Dia das Mães

Por Renata Poskus Vaz

Aqui no Blog Mulherão a gente sempre faz uma homenagem para as mães de nossas leitoras. Este ano pensamos em algo diferente: postar frases de mãe. Afinal, não tem jeito! Mãe é nossa melhor amiga. E toda melhor amiga que se preze, é sempre muito sincera. Vai dizer que sua mãe não tem sempre uma resposta para tudo o que você FALA? E com 99,9% de chances de ter razão no que diz?

Se sua mãe tem uma “pérola” daquelas, envie para nós com uma foto: blogmulherao@hotmail.com no assunto escreva: FRASES DE MÃE. A ideia é brincar com aquele lado agridoce das nossas mães, porque o lado doce todo mundo já conhece! rsrsrs

Veja algumas leitoras que já colaboraram com nosso Desafio de Dia das Mães:

MAE 5

MAE 3

MAE 2

MAE 1

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Mãe da Xuxa se emociona com o novo cabelo da filha

Por Renata Poskus Vaz

Bom dia, meninas!

Olha, não quero saber o quanto a apresentadora Xuxa Meneguel ganhou da Wella para tingir o seu cabelo com Koleston. Esperta é ela que pode se dar ao luxo de cobrar por uma transformação enquanto nós, pobres mortais, gastamos os olhos da cara com isso. Mas o que vim falar não é sobre o cabelo castanho da Xuxa que vocês já devem ter visto por aí, mas sobre o vídeo de divulgação da Wella, em que a mãe da Xuxa, com parkinson, fica super emocionada ao ver a filha morena. Vale a pena ver! Se o negócio foi armado, eles merecem o Oscar porque a interpretação foi nota 10 e eu chorei muito! Clique aqui e assista.

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Nune e Kuka

por Keka Demétrio

Dizem que ser mãe é padecer no paraíso, mas eu discordo, até porque não conheço o paraíso. Mas uma coisa eu tenho certeza: filhos são divisores de água na vida de qualquer mulher.

Não consigo me lembrar com muita clareza minhas prioridades antes de receber de Deus a missão de ser mãe. A sensação que tenho é que depois de Matheus e Maria Angélica tudo tem outro sentido, e às vezes em que errei na educação deles, talvez por excesso de zelo e amor, me pego querendo acertar cada vez mais. Afinal, quem ama educa, e não é só educar para o trato com as pessoas, mas também educar o coração e a alma. Conheço inúmeras pessoas que mal sabem manusear um talher, porém, possuem uma generosidade no trato com a vida que deixaria qualquer um de nós roxo de vergonha.

Ser mãe é diferente de tudo o que eu poderia imaginar. É uma espécie de amor incondicional e insubstituível. Quando somos pequenos e imaginamos perder nossos pais nosso coração dói que parece que vai sair do peito. Pois é, quando temos filhos e imaginamos perdê-los essa dor se multiplica que faz até mal só de pensar.  E nas vezes que discuto com meus filhos aborrecentes, depois de inúmeras tentativas de diálogo, me pego tentando controlar o ímpeto de colocá-los no colo e pedir desculpas por ter sido tão dura. Mas me lembro dos exemplos de minha mãe, me seguro, e confesso que muitas vezes choro por perceber que, assim como eu, que muitas vezes não quis ouvir as palavras de minha mãe, achando-a retrógrada e chata, eles ainda vão aprender muitas coisas através do sofrimento.

Sempre tive a visão de que não crio meus filhos para mim, e sim para o mundo. Não para um mundo qualquer, mas um que eles devem criar através de escolhas sábias e descentes, tornando seus caminhos retos e claros. Isso nem sempre é fácil, o amor que uma mãe devota aos seus filhos às vezes cega e faz tropeçar nos ensinamentos, mas Deus é testemunha de que a intenção foi baseada no tal amor sem explicação.

Às vezes fico pensando como seria minha vida sem os meninos, e confesso que mesmo diante dos percalços vividos, na dor em ver um deles triste, minha existência não teria sentido. Confesso também que sinto medo em relação ao futuro, porque antes de serem meus filhos são pessoas dotadas de natureza própria, e que mesmo se eu quisesse jamais poderia tomar para mim suas dores, e mesmo se pudesse ainda assim estaria sendo egoísta ao ceifar-lhes o direito à evolução como seres humanos.

Tenho orgulho pela mãe que sou, mas mais ainda pelos filhos que tenho. Brigamos, discutimos, mas nos amamos. Aos trancos e barrancos vamos cumprindo nossos papéis. Eu tentando ser uma mãe presente, que ama, ensina, doa, satisfaz desejos, mas que também cobra e chama na conversa sempre que se faz necessário. E eles tentando entender essa mãe meio maluca, que tenta ser descolada, compreensiva, mas que faz questão de ouvir “Benção, mãe” junto com um beijo estalado, só para poder responder “Deus te abençoe” com um abraço muuuito apertado.

Nune vai completar 15 anos e Kukinha 14, mas para mim continuam a ser aquelas crianças que um dia Deus me presenteou para que eu compreendesse que a vida é muito mais do que simplesmente riscar os dias no calendário, que ela é feita de amor, de amor de mãe. E todas as vezes em que me sinto triste e desanimada, me lembro dessas duas almas confiadas a mim e agradeço a Deus por fazer esta minha existência muito mais fácil ao me permitir sentir as dores e as alegrias ao protagonizar o papel de mãe.

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Olha só que gracinha a campanha de Dia das Mães da Carlota, trazendo o depoimento da Lara, participante do II Dia de Modelo do Rio de Janeiro. Ela fotografou junto com a filhinha.

 Entre no Blog As Carlotas e participe da campanha de Dia das Mães. 

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