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Manequim 44 no limbo da moda

Por Renata Poskus Vaz

manequim 44

Maria Luiza, modelo plus size manequim 44

Se você me perguntar qual o manequim que mais sofre preconceito no mundo da moda eu, imediatamente, sem sombra de dúvidas, vou te dizer: o  manequim 44.

O 44 é grande demais para ser considerado um manequim tradicional e parece pequeno demais para aquelas que se consideram plus size. Mas é. É um manequim plus size como o 54 e o 64, pelo menos enquanto não inventarem mais subdivisões na moda, como: mega plus size, mini plus size, extra plus size, hiper plus size etc. Afinal, o 44 pode até não ser uma roupa para gordas, mas é uma roupa para mulheres com medidas generosas, e é isso o que o termo “plus size” representa: tamanho maior e não tamanho gordo.

Eu sei que dói para algumas pessoas que usam manequim 54 ouvir isso. Particularmente, juro que preferiria que uma mulher que usa manequim 44 encontrasse roupas em qualquer loja, mas enquanto isso não ocorre, 44 será sim um manequim maior. Aí você dirá que roupa 44 vende na Marisa ou na loja de esquina lá da Vila Inhocuné. Amiga, presta atenção, se não encontra em qualquer lugar é porque ainda é um manequim marginalizado. Ninguém vai viver só de Marisa, eu garanto.

Ele não é um manequim preterido só  pelas lojas tradicionais. As plus size deixam de revender esse tamanho acreditando nesse besteirol de que há oferta para as mulheres manequim 44 em outras lojas. Com isso, passam a revender apenas a partir do 46 ou 48. E a mulher que usa 44 fica no limbo da  moda.  Ou tenta se apertar num jeans 42 que deformará o seu corpo, ou assume um look 46 larguinho, que a deixa com a cara do relaxo.

Como se não bastasse essa saia justa para encontrar roupas, a mulher 44 tem que aguentar um preconceito escancarado de gordas e também magras. De um lado, a visão das pessoas magras que a acham gorda demais. Recebe sugestões para emagrecer constantemente. Afinal, ‘falta tão pouco para chegar no manequim 38”. Mas só quem usa manequim 44 sabe que não é bem assim.

De outro lado, as gordinhas a consideram magra demais para ser uma plus size. E não há barriga estufada, quadril largo, seios mega size e nem celulites gritantes que as convençam do contrário. Rola aquela vitimização: “eu sim sou plus size, ela não”, “eu sim sei o que é não conseguir comprar roupas”, “eu sim sofro para encontrar algo que me caiba”, e esse papo esbarra na inveja e intolerância,  ao negar que a mulher com manequim 44 também possa passar por problemas semelhantes.

Outra questão importante é no que se diz respeito a utilização de  modelos 44 em suas campanhas. Publicidade plus size pode ter uma modelo manequim 44. O problema não está aí, mas em só colocar uma modelo 44 se o seu público é amplo, contempla também outros manequins. A solução não está em mandarmos para a fogueira modelos com esse manequim, mas enviando sugestões para os fabricantes.

Aceite, 44 é plus size e você pode conviver com isso.

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Gorda ou magra?

Preconceito: ser pp do mundo gg não é fácil não!

Celina 4Celina Lulai, 27 anos

Quantas vezes ouvi de pessoas magras que sou fora do padrão, que para mim não tem roupa, que eu não posso ter alguma coisa por ser “fora do padrão”… Lojas que não têm roupas do meu tamanho, vendedoras olhando com cara de desprezo… Ficava muito triste e não me conformava. Quando me assumi gordinha, me liberei dos traumas, e fiquei em paz comigo mesma, achei lojas que vendem exclusivamente para mim, aí começo a sofrer outro tipo de preconceito: o das pessoas que usam manequins maiores do que o meu. Como já tinha superado a fase do preconceito das magrinhas, começo a sofrer o preconceito das mais avantajadas do que eu. Sinto-me ofendida todas as vezes que me chamam de “magra”. Uso manequim 46 com muito orgulho! Considero-me bonita, mas sei que tenho dobrinhas a mais, e não me preocupo com isso. Temos que nos aceitar e aceitar as outras pessoas como elas são! Um beijo a todas e se sintam felizes consigo mesmas, pois outras pessoas não farão isso por vocês.

DSC_1578_RTaiz Marques, 29 anos

Visto manequim 44 e sou considerada gorda, com orgulho. Quando entro em uma loja “comum” para comprar roupas sempre saio de mãos vazias e sob olhares do tipo “tadinha não vai encontrar nada que caiba nela”. Já em uma loja especializada em tamanhos maiores me deparo com o problema ao inverso, o meu tamanho nunca tem pois é feito em menor escala ou com o caimento pensado para pessoas que vestem tamanhos maiores que o meu. Acabo ficando desengonçada na roupa. Daí fica a dúvida, onde me encaixo? O que sou eu afinal? Gorda ou magra? Vejo e apoio as PLUS quando dizem “abaixo ao preconceito, ser gordo, saudável, é normal” e acabo virando alvo tanto das “magras” quanto das “gordas”. Que fim do preconceito é este que elas buscam criando um novo contra às pessoas que têm o corpo como o meu?? Seria utopia demais pedir um mundo onde todas as medidas fossem consideras “normais”?

Renata Poskus 7Renata Poskus Vaz, 27 anos

Tenho sobrepeso. Posso parecer magra perto de alguém que usa manequim 50, mas só eu sei a dificuldade que passo na hora de comprar uma roupa. O manequim G das grifes tradicionais sempre é pequeno demais para mim. Para piorar, quando se usa manequim 44 e se está quase 20 Kg acima do peso considerado normal, todos esperam que você emagreça, até atingir o esquálido manequim 38. Quando comecei a escrever para o Mulherão, percebi que muitas meninas se identificavam com os meus textos. Entretanto, não foram raras as vezes em que ouvi dizerem que eu era magra demais para o mundo plus. Há até quem diga: “se é tão bom ser gorda, porque você é magra?”. Eu estava convidada a participar de uma entrevista no programa da Claudete Troiano, na Gazeta. Fui desconvidada em cima da hora. Disseram que eu não representaria bem as gordinhas por ser magrinha. Aí perguntei para a produtora se ela me encaixaria em uma pauta de biquínis. Ela ficou sem graça, é claro. Deve ter pensado: “jamais colocaria essa gordinha em um biquininho”. Oras…. Magra ou gorda? Não importa. Sou uma PP deste mundinho GG e exijo que todas vocês respeitem a mim e a outras meninas que usam a partir do manequim 44. Da mesma forma que vocês não gostam de sofrer preconceito por estarem muito acima do peso, nós também não gostamos de sofrer preconceito por estarmos apenas um pouco acima do peso. Desdenhar ou desqualificar alguém por causa do tamanho do seu manequim é coisa de mulherzinhazinhazinha e não de mulherão.

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