Por Renata Poskus Vaz
Definitivamente não é fácil ser um mulherão peitudo em terra de mulheres pera, com cinturinha fina, peitinhos modestos e bumbum enorme. Na infância, as meninas bundudas tem seus atributos disfarçados por vestidinhos rodados. Ficam com sua imagem angelical imaculada por uns bons anos. Mas como esconder seios fartos em garotinhas? Digo esconder, porque, infelizmente, ainda há uma legião de animais adultos abusadores por aí, travestidos de cidadãos comuns.
Ganhei meu primeiro sutiã aos 9 anos, mas era só fita. Seios mesmo fui ter a partir dos 12 anos e eles surgiram de maneira discreta. Aos 13, já preenchiam sutiãs 44. Eu era uma mocinha, uma menina, mas as cantadas vindas de homens com idade para serem meus avós eram frequentes. Era injusto, na adolescência, ter que me esconder porque esses homens me invadiam e violentavam com suas palavras sujas. Nenhuma mulher com seios fartos, seja criança ou adulta, merece ouvir de um desconhecido: “que peitos deliciosos”. Isso não é um elogio, podem acreditar.
Passei coberta por um grande período, escondendo meus seios para não ter que passar por situações constrangedoras. Já na fase adulta de minha vida, quando sem medo aprendi a responder à altura qualquer referência nojenta ao meu decote, voltei a usar blusas que me deixavam mais exposta.
Mulher que usa decote não é necessariamente uma exibicionista. O decote é confortável, fresco e visualmente mais agradável para nós mesmas. Nós, peitudas, temos o direito de não passar calor usando decotes, da mesma forma que homens não passam ao exibir seu tronco nu em dias de muito sol.
É inegável que na fase adulta de nossa vida descobrimos o quanto belos seios podem ser um atributo importante na hora da conquista. É engraçado ver homens desconcertados, tentando esconder o olhar diante do nosso decote. É legal ser diferente. Nós, peitudas, nos Estados Unidos seríamos mulheres comuns, mas no país das mulheres de bunda grande, ser peituda sem artifícios como o silicone é um grande diferencial.
Recordo-me que aos 18 anos vivia ouvindo sugestões de pessoas próximas para que eu reduzisse meus seios. Era engraçado ver como os outros se incomodavam com eles. Normalmente a desculpa era a de que eu sofreria, no futuro, com dores nas costas ou que teria mais chances de ter câncer de mama por ter mamas maiores (absurdo!). Se eu tivesse seguido esses conselheiros de araque, hoje, na era do silicone, eu certamente estaria profundamente arrependida.
Hoje vejo meus seios como parte importante da minha beleza e até mesmo da minha identidade. Tenho orgulho de possuí-los e me sinto muito atraente.
Que me perdoem as despeitadas, mas amo ser um mulherão peitudo!
Veja depoimentos de algumas de nossa leitoras:
Claudia Ferreira, 31 anos, produtora e modelo plus size
Por volta dos 15 anos comecei a me olhar como mulher. Desde que meu “peitinho” começou a atrair mais olhares, eu entendi que boa parte da minha beleza e admiração se deviam a eles!! rs…. Depois disso, passei a abusar e a ter fascínio por decotes, valorizando sempre o meu colo.
Certa vez, andando na rua com a minha mãe, passou um homem de uns 30 anos, acho, e falou assim: “é silicone?” Hoje ainda me perguntam isso, mas naquela época eu era bem novinha e por estar na companhia da minha mãe, eu tive vergonha e raiva do cara ao mesmo tempo, pois a minha mãe odiava que eu usasse decotes e aquele retardado contribuiu para que eu fosse mais uma vez reprimida por algo que amava usar. Mas o tempo foi passando e o meu decote não passa de uma “marca registrada” minha.
É comum escutar dos homens: “isso tudo é seu amiga?”, “silicone?”, “com todo respeito, mas seus seios são lindos”…rs… Bem, hoje eu lido muito bem com isso, mas não tolero os comentários de mau gosto! Confesso que quando me apresentam a alguém, em especial os homens (rs), o olhar é direto!! Sabe pra onde né?! rs
Maria Cecilia Baumegger, 25 anos – estudante de canto erudito
“A primeira vez que eu me achei “peituda”, eu tinha uns 8 ou 9 anos. A minha mãe tinha me levado a uma endocrinologista porque eu tinha deixado de ser magrela e ganhado uns quilinhos, e aparentemente isso era preocupante. A médica me examinou e a minha mãe perguntou se os meus peitos eram porque eu estava “gordinha” (na concepção dela) ou eram peitos de fato, e a média falou que aquilo eram 100% meus peitos. Achei aquilo incrível e foi lá que eu comecei o meu caso de amor com eles, como costumo brincar.
Na adolescência eu sempre tive outras questões para ficar encanada, como meu nariz que operei quando fiz 18 anos, mas dos meus peitos eu sempre tive muito orgulho. Na familia eu sempre ouvi e ouço até hoje que eu deveria tirar, que vai acabar com as minhas costas e ombros, e eu respondo “Imagina que eu vou tirar os meus peitos! São eles que disfarçam o tamanho da minha barriga, aí eu pareço bem mais magra do que eu realmente sou!”. E entre os homens, posso dizer que sempre fizeram muito sucesso.
A primeira coisa que tive que me adaptar foram as pessoas dividindo o olhar entre os meus olhos e meus peitos (principalmente homens), e as mulheres ficando incomodadas com “todo esse material que você tem aí”, que é o que eu mais ouço. Além de comer e perder a metade da comida que não foi para a boca no meio dos peitos e na hora de correr, honestamente, é melhor segurar.
Acho que uma mulher que tem peitos grandes não consegue e nem pode ser tímida. É uma louqura, mas os peitos chegam sempre antes que você, você esbarra sem querer com eles nas outras pessoas, as outras pessoas esbarras demais neles simplesmente porque eles estão no caminho!
Só tenho mais uma coisa a dizer. Quem acha que os diamantes são os melhores amigos das mulheres ( “Diamonds are a girl’s best friend” ), é porque ou é homem, ou essa mulher tem peitinhos. “
Alyne Zaccanini, 23 anos, auxiliar de vendas
“Alyne? Qual Alyne? Aquela do peitão!” Quantas inúmeras vezes eu ouvi isso durante esses meus 23 anos de nascida, no mínimo uns 13 anos. Sim, minha mãe comprou meu primeiro “top” na minha infância pra ver se disfarçava meu peito em desenvolvimento. Eu, da minha turma, era basicamente a única que já tinha peito bem formado. Não me incomodava em nada, pelo contrário, eu me achava.
Menstruei a primeira vez com 11 anos, e depois desse acontecimento, os meus seios se desenvolveram. Eu arrasava, sambava nas meninas que aos 15, colocavam meia no sutiã, ou bojo para aumentar o volume dos seios. E posso falar? Eu ADORAVA isso. E agora, com meus 23 anos, passei a AMAR!
Que mulher não quer que um homem olhe pro seu decote, desvie o olhar… E dentro de segundos olhe de novo.. É fatal! Ok, confesso que tenho que comer quase todo dia de babador. Como meu irmão diz, meus peitos são como bandejas em cima da mesa. Ou então, que antes de eu comer, quem se alimenta primeiro é meu peito. Eu dou muita risada.
Uso e abuso dos decotes. Como dizem, bem ou mal falem de mim e dos meus seios! Se depender de mim, aumento eles ainda mais. Peito grande não é tudo.. Mas o olhar babando de um homem em cima deles, ah isso é… muito! Autoestima lá em cima, sorriso no rosto, e vamos que vamos fazer mais queixos caírem!”