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Gordas Peladas

gorda pelada

Por Renata Poskus Vaz

Gorda pelada é linda. Principalmente quando ela se ama de verdade, com orgulho de cada curvinha do próprio corpo. Gorda pelada exuberante é aquela que deixa de lado a preocupação com qualquer excesso. Uma celulite aqui, outra ali… Ou muitas! O que importa? Nada! Não há amor próprio que se contenha muito tempo apenas dentro da alma… Amor próprio irradia, domina nosso sorriso, nossas curvas, nossa pele… Ficamos lindas quando nos amamos. E porque esconder tudo isso?

Nudez não é pecado, não é feia, não é imoral. Quando é exposta de forma delicada, sincera, sem desculpas. Quer ficar pelada, ser fotografada? Fique. Fotografe-se para você, para o namorado ou para expor na internet… Se há uma exibicionista dentro de você, não a contenha. Apenas, rogo, não invente que está fazendo isso por uma causa social.

No Outubro Rosa, minha timeline do Facebook foi invadida por fotos de amigas modelos gordas seminuas, segurando os seios, dizendo que era em prol da Campanha pela Prevenção do Câncer de Mama. Será realmente que minhas amigas modelos gordinhas queriam ajudar na conscientização ou desejavam se expor, fazer marketing pessoal etc? Uma mulher segurando os seios te induz a se autoexaminar? Lancei, então, o desafio para que elas divulgassem seus resultados de ultrassom mamário ou mamografia e ninguém mostrou. Se bobear, elas não fazem o que propagam.

Ontem, 4 Misses eleitas pelo concurso Miss Brasil Plus Size Oficial organizado por Renata Issas, posaram em frente ao Planalto, de calcinha, segurando os seios. Todas com suas faixas e coroas. A foto foi estampada em diversos jornais e sites e, amanhã, elas serão entrevistadas por Fátima Bernardes no programa Encontro, na Globo. A justificativa para terem posado seminuas foi o de combater o preconceito. Duas das misses teriam sido hostilizadas por um atendente de hotel que afirmou que ambas não caberiam em uma cama de casal. Revoltadas, resolveram se expor.

De um lado, milhares de pessoas apoiando o ato como um importante passo para combater a gordofobia. Eu faco parte de outros milhares que não concorda que posar pelada seja uma forma de rebater uma situação de preconceito. E vou explicar meus motivos.

Concurso de Miss é um concurso de beleza que exige das candidatas uma conduta ilibada, livre de polêmicas e, sobretudo, sem exposição desnecessária do próprio corpo. Não analisei o regulamento do concurso organizado por Renata Issas, mas no concurso promovido pela Impacto Produções, as candidatas não podem fazer trabalhos desta natureza sob pena de desclassificação. Quem entra em um concurso de miss tem uma imagem a zelar. É a de princesinha, comedida, educada e diplomática e posar seminua, mesmo que em um protesto, não é postura de Miss. Se a pessoa não concorda, deve mudar de concurso ou entregar a faixa. Ou seja, ao aparecerem em frente ao congresso seminuas, elas desvirtuaram o conceito que todos esperam de uma Miss e perdem a faixa. Não importa se o motivo é justo ou não.

Se queremos ser exemplos e combater a gordofobia, ao sermos menosprezadas ou ofendidas por nossa condição de gordas, devemos chamar a polícia e exigir que seja registrado um Termo Circunstanciado. Esse protesto não mencionou o nome do hotel e nem do profissisonal que cometeu a ofensa, o que gerou dúvidas sobre a veracidade do fato. As vítimas dessa ofensa poderiam processar o autor da ofensa criminalmente e o Hotel civilmente, o que lavaria a alma e a honra de todas as gordas discriminadas por prestadores de serviço.

Diante da polêmica, enviei uma mensagem para as 4 misses da foto solicitando uma entrevista. Apenas uma me respondeu até o fechamento deste artigo, e de forma gentil e atenciosa. Seu nome é Flávia Soares, Miss Baixada Santista. Funcionária pública em um Tribunal de Justiça, diz ter recebido apoio de seu chefe, um Desembargador. Segundo ela, o retorno do protesto foi positivo. Ela recebeu mensagens de meninas depressivas, descontentes com o próprio corpo e que parabenizaram a iniciativa.

Não fiz com o intuito de chocar ninguém, fiz para ajudar as pessoas que me procuram. Estou feliz com a repercussão e faria novamente – diz Flavia Soares.

Perguntei para Flavia se ficar com os seios à mostra (quem consegue por muito tempo segurar seios manequim 52, 54?) e de calcinha em ambiente público não configuraria atentado ao pudor. Ela afirmou que saíram rapidamente do carro, de hobby, ajeitaram as mãos sobre os seios sem que ninguém notasse e fotografaram, sem chamar atenção. Já a Miss Plus Size São Paulo, Camila Bueno, disse o contrário para o site da Folha, que ficaram 15 minutos fotografando de topless e que enquanto isso passavam carros que buzinavam e as elogiavam.

A nudez como objeto de protesto sempre foi motivo de descrédito, descontrole e apelação. As grandes mulheres que mudaram o mundo e sensibilizaram nações, o fizeram vestidas.

Enfim, as meninas são lindas. E, ao meu ver, caso não existam empecilhos como regras de condutas para Misses que devem ser respeitadas e cumpridas, delicinhas assim não precisam ficar escondidas sob as roupas. Toda mulher tem o direito de se exibir e não ter vergonha do seu corpo e nudez, desde que isso não desrespeite o direito de outras pessoas. No entanto, fica a ressalva. Não usem campanhas sociais e nem se façam de vítima como desculpa para mostrar as peitolas e pepeca por aí. Wilza Carla, Carla Manso, Preta Gil, Tatiana Gaião entre muitas outras modelos e atrizes exibiram sua nudez por aí, no trabalho ou por amor ao próprio corpo. Celebrem seu corpo. Brindem o amor próprio. Sem desculpas. Simples assim.

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Protesto II

Por Eduardo Soares

Pela primeira vez neste espaço pegarei o bonde andando. Longe de mim querer comparar o estilo/padrão irretocável Keka Demétrio de escrever com o estilo rascunho-no-papel-de- pão- do Eduardo, mas nessa onda de protestos iniciado pela mineira deixarei o meu também.

Ferrucci. Nunca ouvi falar na tal marca. Conheço Ferrero Rocher, Ferrari, Ferracini (marcas citadas, aceito brindes) mas até ontem desconhecia a empresa citada pela Keka. E compartilho a queixa não apenas dela como também de várias mulheres que passam pelo mesmo transtorno.Não vou entrar numa questão que conheço pouco ou quase nada. Minha reivindicação é por algo diferente mas não menos revoltante (guardadas as devidas proporções, claro).

Como vocês sabem, sou cinéfilo de carteirinha (literalmente). E para os amantes da sétima arte qualquer dia é dia para ficar sentado de frente ao telão (com direito a espiadas no projetor de vez em quando). Mas como não estamos na parte nobre da Europa (Suiça, Dinamarca, Luxemburgo, Mônaco…), cento e quinze por cento da população brasileira precisa trabalhar para conseguir algo na vida. Ou seja, poucos são aqueles que podem se dar o luxo de frequentar o cinema entre segunda e sexta-feira. Sendo assim, resta apenas aquela sessão no final de semana…dentro do shopping lotado, cuja praça de alimentação tem mais gente que comida propriamente dita, com direito a falatório capaz de incomodar surdo, fora o esbarra-esbarra digno de noite de baile funk com cerveja a um real. PROTESTO Nº 1) Cadê os cinemas de rua? Tinha coisa melhor do que sair da sessão e respirar o ar (im)puro da cidade grande? Quem diria que um dia isso iria fazer falta. Cineminhas de bairro eram maravilhosos. Todo mundo se conhecia, havia um clima quase de interior. Se bobear, o pipoqueiro tinha lista de “penduras” dos vizinhos. Fora que a pipoca feita na rua parece ser bem melhor que a industrializada do shopping. E esta anda cada vez com menos manteiga, pombas!

A lista de queixumes está apenas começando. Pelo menos aqui no Rio de vez em quando temos esse “brinde” (embora com menos intensidade que antes) mas…PROTESTO Nº 2) A lua e as estrelas sumiram das cidades grandes ou a poluição resolveu brincar de ser um novo (e apático) céu? É preciso pegar estrada para ficarmos “joagados” numa rede de qualquer varanda de qualquer casa do interior para vermos as Três Marias? Lua Cheia, aquela que dava medo em alguns (e encantava outros)…está cada vez mais pálida, enfraquecida, como se estivesse fugindo de nós aos poucos.

A night boa é aquela cujas horas passam como se todas fossem apenas a primeira. O relógio corre feito atleta na maratona e quando você vai ver, são quase cinco da matina e daqui a uma hora você precisa trabalhar (sabe-se lá como). Você e os amigos voltam animados, contanto as histórias variadas que aconteceram minutos antes. Seria maravilhoso se…PROTESTO Nº 3) Quando estamos num momento legal não dá vontade de aumentar o som e baixar os vidros do carro? Ok, faça isso mas deixe de prontidão o telefone daquela empresa anti roubo pois as chances de um meliante aparecer com um revolver apontado na sua testa são grandes. Ainda mais na madruga. Ou seja, até para relaxar é preciso estar “preso”. Depois dizem que passarinho na gaiola canta feliz. Tá bom.

Não serei extenso na lista (embora os protestos sejam muitos). Costumo dizer que quando você vive por muito tempo em determinada região, você acaba se tornando parte dela. Sim, para ficarmos adaptados/antenados  ao mundo moderno de certa forma nos tornamos “mecânicos”. Inegavelmente, a tecnologia deixou/deixará a vida mais fria. E nós estamos incluídos nesse panorama. Exemplo? PROTESTO Nº 4) Quanto tempo faz que você não recebe uma carta? Pode ser pior: quanto tempo faz que você não escreve uma carta? Não estou dizendo que os e-mails são o que existe de pior na era dos computadores mas tinha coisa mais gostosa que ler algo escrito(não digitado), rasurado e assinado por alguém da nossa estima? Tinha carta que vinha até perfumada! Meninas, email nenhum no mundo pode oferecer essa sensação de alegria.

Pra acabar: seus filhos/sobrinhos/irmãos mais novos visitaram alguma horta ou eles o máximo que eles conhecem de natureza é através da Fazendinha do Orkut? PROTESTO Nº5!

OBS.: Ainda existe acampamento, trilhas, mochilão nas costas, essas coisas? Ou apenas sonhei que vivi isso tempos atrás?

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