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Bola fora: Riachuelo fez propaganda racista?

Por Renata Poskus Vaz

Com a patrulha do “politicamente correto” fazendo muita tempestade em copo d´água por pouca coisa, quando li uma matéria dizendo que a Riachuelo tirou do ar um vídeo, por suas clientes estarem a acusando de “racismo”, achei que se tratava de mais um mimimi.

Então, resolvi ver o vídeo:

Após assistir, confesso que me senti muito incomodada. Mesmo percebendo que os editores usaram uma série de recursos e elementos negros, não somente a mão que a vestia, foi impossível não me sentir remetida à escravidão, em que a negra vestia a sinhazinha branca. Fiquei com vergonha alheia pela marca, sabe?

Achei uma bola fora, e uma grande pena essa repercussão negativa, porque a Riachuelo ainda é um dos lugares mais em conta para “mãos brancas” e “mãos negras” fazerem suas compras de moda.

E vocês, o que acharam?

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O photoshop racista e gordofóbico da C&A

Por Renata Poskus Vaz

Na coleção de inverno plus size, a C&A exagerou tanto no photoshop em Preta Gil, sua garota propaganda, que 10 em cada 10 blogueiras GG fizeram menção negativa à campanha. A gente também detestou o festival de photoshop (veja aqui). Pensávamos, claro, que C&A usaria o poder do Google para checar o que nós, formadoras de opinião e consumidoras achávamos, e faria um trabalho decente desta vez.

Lançada a coleção Verão plus size da C&A, novamente com nossa diva Preta Gil, mais um trabalho de photoshop exagerado e mal feito, beirando o racismo e a gordofobia. Deformaram a Preta Gil! Na ânsia de emagrecê-la na foto, distorceram o corpo da atriz, o deixaram desproporcional, um corpo feio e irreal! Isso sem contar a pele branca, à la Michael Jackson… Preta é Preta. Preta é gorda. O que aconteceu com a C&A? Já estou achando que é piada… O departamento de mkt lança essas fotos e, em reunião, ficam lendo nossos comentários e rindo: “olha lá as gordas mortas de ódio”. Sim, isso foi uma ironia, mas na prática, photoshopar exageradamente a Preta Gil, nos mostra que a C&A de fato não aceita gordas em suas campanhas e que provavelmente também não nos aceite como suas consumidoras.

Pisada de bola, hein?

Preta Gil deformada

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Preta e gorda

Por Renata Poskus Vaz

Hoje é comemorado o Dia da Consciência Negra em diversas cidades do País. Como se trata de um ponto facultativo, nem todas as cidades aderiram ao feriado. Mas uma coisa é certa, nesse dia 20 de Novembro, sites, blogs e demais redes sociais estarão inundadas de matérias sobre preconceito, direitos e conquistas de cidadãos brasileiros da raça negra. Hoje, todo mundo virará militante da causa negra de carteirinha.

Lidiane Machado

Eu não queria ser mais uma dessas, só mais uma blogueirazinha cumprindo sua média social, criando uma matéria para esta data, sem ter feito nada antes para contribir com a discussão dessa temática. Há semanas, por sugestão de Lidiane Machado, uma linda modelo plus size negra carioca, já vinha rabiscando um artigo sobre este tema. Entrevistei algumas pessoas e pedi que me enviassem suas respostas antes do dia 20, para evitar a coincidência. Hoje, recebi uma das respostas. Logo pensei, chateada: “poxa, só agora fui receber?”. Acho que estava sentindo um medo danado de publicar algo hoje e todo mundo achar que só estava escrevendo porque era o Dia da Consciência Negra. Talvez, até sentisse minha consciência branca um pouco pesada: “eu não poderia ter abordado mais sobre racismo em meu blog nesses últimos 4 anos? Não poderia ter ajudado mais? Fui deixar para falar sobre isso somente agora?”. Porém, entre falar e me calar, entre contribuir e ignorar, eu preferi agir!

Ao longo dessa semana, vou publicar inúmeras entrevistas com profissionais negras e gordas. Mas a primeira delas, a de hoje, é uma das mais especiais para mim.

Faz algum tempo que eu encontrei no Facebook uma comunidade chamada Preta&Gorda. Sim, diretíssima, sem diminutivos e nenhum nhenhenhém. O nome pode chocar os “politicamente corretos”, eu sei. Lembro de quando criei o Blog Mulherão e achava o cúmulo alguém ser chamado de Gordo. Hoje, com uma autoestima um pouco mais elevada, percebi que os diminutivos, como “gordinha”, “fofinha”, “cheinha”, podem ser muito mais cruéis conosco e, ao invés de passar uma sensação de carinho, às vezes transmitem a idéia de alguém pequenino como ser humano, digno de pena. Porém, muita gente ainda não gosta de ser chamada de gorda, mesmo tendo passado dos três dígitos da balança há muito tempo, fato.

Já de preta, há inúmeras mulheres que se autointitulam dessa forma. Ou homens negros que de forma carinhosa se referem assim sobre suas esposas. Todavia, uma mulher branca não ousa chamar de preta outra mulher. Já me arrisquei uma vez e ouvi: “preta é cor, negra é raça”. Aí você se sente a maior das racistas e se cala pra sempre, até ver no Facebook uma comunidade chamada Preta&Gorda.

Amber Riley, atriz e cantora, uma das imagens compartilhadas por Preta&Gorda

Preta&Gorda compartilha imagens e mensagens sobre mulheres gordas, negras, lindas e estilosas no Facebook, para servir de exemplo para outras mulheres, que não encontram nos catálogos e desfiles de moda mulheres da mesma raça.  Você pode achar que criar uma comunidade só para negras é racismo ao contrário. Então, pare para pensar em quando surgiram os blogs de gordinhas aqui no Brasil. Muita gente insinuou que as blogueiras GG estariam discriminando as magras, ou se fechando em um mundinho paralelo, que só criaria mais preconceito contra nós. E não foi o que aconteceu (com raras exceções, claro). Conseguimos reunir forças, recuperar a autoestima e, finalmente, sermos ouvidas. Uma nova comunidade reunindo e dando forças para as gordas da raça negra é um progresso, um passo adiante dos que já demos até então. Na minha opinião, alguns assuntos poderiam ser tratados na comunidade de forma menos agressiva e com mais respeito às divergências de opiniões (se bem que aqui no Blog Mulherão eu também não sou lá muito maleável). Vi algumas brigas e algumas pessoas queridas, que muito contribuem pelo crescimento do mercado plus size saindo magoadas de discussões lá na Preta&Gorda. Porém, essa é só minha opinião. E como sou só gorda, não sou negra, por mais que tente me colocar no lugar daquelas que já foram discriminadas por conta da raça, só posso ficar no campo da suposição. Jamais senti na pele esse tipo de discriminação.

Entrevistei a Alessandra que, junto com o Maicon, administra a comunidade Preta&Gorda no Facebok.  Leiam na íntegra:

Mulherão: Qual a motivação de criar uma página exclusiva para as mulheres acima do peso da raça negra?

Alessandra: Pra mim, Alessandra, a princípio foi algo voltado para minha auto-afirmação. Sou militante do Movimento Negro e sempre me indispus com todo este sistema que excluí todos aqueles que são considerados “fora dos padrões”. Sou gorda e sempre acreditei que não preciso mudar para agradar a ninguém a não ser a mim mesma. Enquanto eu estiver bem comigo mesma, a opinião das pessoas não tem de me importar. Como gorda, participava de grupos de discussão na internet, tinha o meu próprio grupo, acompanhava as postagens e tal, mas sempre notei uma exclusão já ali. Fotos de mulheres eram postadas, mas as que tinham maior número de curtições e elogios eram das moças brancas. As pretas, em geral, ou não se manifestavam, ou não tinham o mesmo reconhecimento de todos (homens e mulheres) como belas. Sempre fui muito crítica. Então, um belo dia, escrevi um texto de desabafo no meu perfil do Facebook tocando neste assunto, sobre a invisibilidade da mulher preta e principalmente quando ela é gorda. E isso chamou a atenção de muita gente, inclusive de uma amiga que é fat militante há anos. Começamos a conversar dentro deste contexto e ela, mesmo sendo branca, reconheceu que existe uma mega exclusão das mulheres pretas no meio Plus. Publiquei no Blog dela, e para minha surpresa, uma chuva de moças pretas assumidíssimas começou a desabafar! Achei lindo! Gosto do movimento do meu povo! Gosto quando eles vestem a roupagem de luta! Foi aí que eu percebi, que este sentimento, estava abafado dentro de mta gente. Então eu encaro a page como um desabafo de mais de 2.000 pessoas (em sua grande maioria mulheres) dizendo que existe algo de errado e que precisa urgentemente ser acertado.

Mulherão: Qual a sua visão sobre o mercado de trabalho para as modelos plus size negras?

Alessandra: Nulo. Dentro de um contexto amplo? Nulo. Tendo em vista o fato da população preta ser maioria. Questão de números. Existem modelos pretas lindíssimas que estão sem trabalho. Pessoas queridas com muito talento que não tem oportunidade de trabalhar porque o mercado simplesmente não está aberto a elas. Existem algumas pessoas que colocam pretas em seus catálogos, mas, sinceramente? Se não for feita uma campanha séria que realmente mova o mercado plus a abrir os olhos e as portas para as mulheres pretas (e homens também), a inclusão das meninas será por cumprimento de Lei. Nada mais além disso. Supondo que uma agência tenha 100 modelos, 10 são pretas? Onde está a igualdade nisto? Onde está a representatividade das moças dentro dos desfiles. Porque eu, como preta, sou obrigada a ser representada por uma mulher branca, loira? Porque eu não posso me ver também? Porque dizem para as moças que mulher preta não vende? Não vende? Lembro-me que a uns anos atrás o papo era que gordo não vendia… E olha aí todo mundo andando na moda! Agora preto não compra roupa? Quero ver uma negra vestindo uma roupa legal, que combine com o meu jeito de ser, com meu estilo, para que eu me veja também.

Mulherão: Eu li em alguns posts você falando que a preferência de modelos brancas ao invés de negras para estrelar catálogos é racismo. Na sua opinião, esse racismo é algo enraizado ou acha que as grifes fazem de propósito?

Alessandra: Racismo sempre está enraizado. Isso é algo que dificilmente mudará. De propósito? Sim é de propósito, como o racismo é cultural a discriminação por cor é o racismo em ação. Portanto, normal as grifes fazerem isso. O racismo é simplesmente manutenção de poder caucasiano não deixando ter acesso os pretos(as) em todos níveis sociais. Elas acham que realmente não são racistas, mas excluem naturalmente.

Silvia Neves: ela se autointitula negra, mas a consideram clara demais para ser negra.

Mulherão: No Fashion Weekend Plus Size há poucas modelos negras: Silvia Neves, Erica Calderal e Juliana Ferreira. Elas se intitulam negras, mas muitas vezes são censuradas por as considerarem muito claras para serem negras. O que acha disso?

Alessandra: Acho que o orgulho de ser preta independe da sua tonalidade da pele. Até porque aqui no Brasil, encontramos pretos e pretas em inúmeras pigmentações. Isso é genética. O que verdadeiramente define sua negritude não é apenas seus traços africanos, e sim o somatório destes traços com sua afirmação e posicionamento político e afrocentrado dentro deste contexto. Pretas que possuem pele mais clara mas que exalam e afirmam sua negritude diante de toda adversidade que encontram dentro do universo fashion, merece nossa total admiração! O que muitas pessoas não conseguem entender é que uma pessoa se intitular preta, é mais do que se orgulhar de quem é e de sua ancestralidade… É uma maneira também de protestar contra todo sistema excludente que nos cerca, que quer inclusive determinar quem somos e quais as ‘qualificações’ necessárias para sermos ou não pretas. Quanto as pessoas que as censuram, estão querendo chamá-las de mestiças. Uma forma sutil de diminuí-las e negar a participação das moças como pretas. Quantas pretas já ouviram assim “Não… Você não é preta! Que isso! Você é uma morena linda!”? Isso é uma forma sutil de dizer que não existe beleza em ser preta. Que para você ser aceita, tem de ser ‘morena’… Quanto mais “clarinha” você se afirmar, mais a sociedade vai te aceitar. Só que se as meninas se consideram pretas e batalham por representar as pretas, é como pretas que elas tem de ser reconhecidas e nada menos que isto. Coibí-las é racismo. Preterí-las também.

Quando se descreve como negra na internet, Erica Calderal também deixa muitas pessoas surpresas

Mulherão: No mercado tradicional, o das modelos magrinhas, não é muito diferente. Você acha que o mercado plus size também vai demorar para reconhecer as modelos negras? Qual a sua sugestão para alterar esse cenário?

Alessandra: O meio fashion é muito preconceituoso. Independente da forma física, dificilmente vemos pessoas pretas fazendo parte de desfiles. Isso é uma problemática antiga. Sim, o processo é lento… Muito lento. Mas não é impossível. Os pretos tem esta marca de sempre ter de batalhar muito e dobrado para conseguir um objetivo, e quanto a isto, não será diferente. Sabemos disso. Minha sugestão é a auto-afirmação. O que temos feito na nossa comunidade. As mulheres pretas precisam assumir-se pretas e acreditar que tudo o que disseram sobre sua aparência não passa de uma estratégia racista para diminuir nossa auto-estima. Isso é uma terrível tática de guerra, que funcionou durante séculos, mas que felizmente temos conseguido vencer. Temos de ter orgulho de nós mesmas e de nossa raiz e lutar para que sejamos reconhecidas e respeitadas como somos e pelo que somos. Acho que esta é a chave.

Juliana Ferreira, uma das modelos mais solicitadas pelas grifes do FWPS

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Todo esse processo para conseguir a entrevista com a Alessandra foi bem difícil. Ela estava temerosa que sua ideologia e viés político não fossem respeitados. Eu, uma simples jornalista gorda, branquela e organizadora de um evento de moda plus size que se enquadra nos citados por ela, com apenas 3 modelos negras em um grupo de 28 modelos, tentei, a todo custo, provar que sei da situação atual do mercado, que não concordo com ela e que estou disposta a ajudar a mudá-la. Afinal, ao contrário de muita gorda que fica sentada na frente do computador atacando, ofendendo e depreciando quem se predipõe a fazer alguma coisa por nossas plus size, eu sempre estou disposta a contribuir. Fiquei relatando minha experiência a frente do Portal Negritude do qual fui editora, numa tentativa desesperada de mostrar: “olha, sou legal, acredite em mim”. E é por este motivo que colei suas respostas na íntegra.

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Lembro-me quando iniciei minhas atividades no Blog Mulherão e recebia alguns e-mails dizendo que eu era racista, porque no Dia de Modelo só havia participantes brancas. Uma bobagem! O Dia de Modelo não é filantrópico, é um evento custeado pelas participantes e eu não tinha como obrigar nenhuma negra a pagar e participar, e nem era essa minha intenção. Notoriamente, naquele início, a participação de negras era bem menor.  Segundo Alessandra, esse fato poderia se justificar pelo medo da rejeição. “A mulher preta por si só já tem auto-estima baixíssima por conta do racismo e todas as formas de exclusão e perda de identidade que ele acarreta. A mulher gorda de modo geral nem se fala… Somos tidas como ET´S pelos demais… Então a mulher preta e gorda tem o dobro de dificuldade de acreditar que é linda e que pode fazer o que bem entender.”.

Já no Fashion Weekend Plus Size, as marcas que desfilam são orientados por mim a privilegiar a diversidade de raças em seus castings. Porém, a melhor forma das confecções entenderem essa necessidade e ampliarem seus quadros de modelos deve partir de vocês, consumidoras de moda plus size. Escrevam para os estilistas e manifestem suas opiniões nas redes sociais. Claro, de forma educada e construtiva, pois no momento em que a Militância vira Ignorância, ela perde o seu efeito.

Para acompanhar a Preta & Gorda, clique aqui.

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Espaço da leitora: Vivi Oliveira

“Fui recusada em um trabalho por causa da minha raça”

Pensei bem antes de escrever este texto, com medo de parecer piegas ou que as pessoas o entendam de forma pejorativa. Nunca levantei bandeira contra o preconceito racial, por considerar isso um tanto quanto pequeno em pleno século 21, além de,  sinceramente, acreditar que acima da raça encontra-se o ser humano. Entretanto, para minha absoluta surpresa e também para que eu comprovasse o quanto ainda sou imatura cedendo a pedidos dos quais desconheço a procedência exata, decidi não só escrever-lhes, mas também fazer um alerta. Jamais enviem fotos a desconhecidos ou divulguem as mesmas em sites dos quais não saibam efetivamente a conduta dos responsáveis por ele.

Fim de semana passado, recebi um telefonema no qual me propunham um trabalho. Durante a conversa, ela me pediu que enviasse duas fotos, uma maquiada e outra sem maquiagem, pois a marca que desejava meus préstimos gostaria de conhecer meu rosto. Prontamente e “burramente” enviei as mesmas.

Após alguns minutos, recebi um retorno da mesma pessoa que me procurou anteriormente, evidentemente sem jeito e pisando em ovos ela me disse: Oi Vivi, me diga o que você se considera…. Negra, mulata, morena ou branca? Só pude rir e dentro do meu eterno humor responder que me considerava “japonesa”, evidentemente à resposta foi dada num tom ácido. Ela educadamente, afinal notava se seu constrangimento emendou que eu me encaixava em tudo, mas que por eu ser negra não poderia fazer o trabalho… Tudo isso rodeado de mil desculpas, avisando que no próximo me chamaria e que ela cometeu o “”erro””  pois antes de perguntar minha descendência, pediu minhas fotos. Ou seja, sem querer me vi a frente de duas situações lamentáveis, uma por ter sido recusada para um trabalho por ser negra e outra que além de lamentável é bizarra, ter sido questionada sobre minha raça, sobre minhas raízes. 

O questionamento sobre o que me considero, além de burro demonstra uma imensa ignorância e uma dose de bizarrice com hipocrisia. Vivemos num país mestiço onde poucos podem afirmar descender de uma “raça pura”, sejam brancos, negros ou amarelos. Lamento passar por este tipo de constrangimento em um país onde no último SENSO constatou se que mais de 50% da população é mestiça.

Minha indignação resume se a apenas dois fatos: ainda haver atitudes racistas num país que se diz moderno, democrático e isento de racismo, em pleno século 21 e, mais ainda, por hoje em dia sermos passíveis de rótulos. Se eu me considerar negra sou negra, se me considerar branca viro branca e por aí vai, lógico isso diante de pessoas de pouca ou nenhuma inteligência.

Reafirmo que raça pra mim não tem significado algum desde que não se torne motivo de bulling, deboche, chacota, exclusão ou até mesmo protecionismo. Digo isso sem qualquer medo ou apelo piegas, afinal eu sendo negra, sou contra esta tal cota para negros em universidade. O foco não deveria ser cota para uma determinada raça, e sim ensino decente e digno para que todos competissem em pé de igualdade como há algumas décadas atrás. 

Afirmo isso de consciência limpa, pois sou universitária, meu pai que fez colégio público é mestre assim como minha mãe, que também fez colégio público. A diferença é que meu pai fez uma universidade conceituada particular e minha mãe fez uma universidade de referência mundial pública. Logo, ambos vindos de escolas públicas tiveram a mesma chance de cursar universidade. Concluo que antes de fazer apologia a cotas, ou usar camisetas que remetam à quaisquer tipo de discriminação, seja por da raça, condição da pessoa ou situação em que alguém se encontre, o importante e o fundamental é que todos tenham o mesmo direito à saúde, educação e  a alimentação, que estas sim devem ser à base de uma nação onde as pessoas se dizem inteligentes, democráticas e avançadas.

Inadmissível é alguém hoje ser julgado melhor, pior ou inadequado para algo devido ao seu tom de pele. Horrores já aconteceram por conta da cor de pele de alguém e mesmo assim o mundo de hoje ainda se prende a estes detalhes esquecendo o bem maior: a vida, o respeito, o ser humano. 

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