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A patrulha do peso contra as gordinhas bem-resolvidas que fazem dieta

Por Renata Poskus Vaz

Aí você decide fazer dieta. Não dieta para usar manequim 38. Você sabe que esse manequim está no passado, nos seus 12 anos de idade, talvez. Também sabe do quanto sofreu ao ingerir aqueles tarjas-preta, as dietas malucas, tudo para ter o mesmo corpo da mocinha da novela. Você deixou de querer a silhueta da Gisele e finalmente redescobriu seu amor próprio. Só que hoje, por um motivo qualquer, você quer perder uns quilinhos.

Fazer reeducação alimentar com amor próprio é outra coisa. Você muda hábitos alimentares para se sentir melhor, para limpar o corpo e a mente. Não passa por privações que te torturam. Seu objetivo passa a ser só o de se cuidar e não o de emagrecer exageradamente, para parecer um outro alguém,  ou para agradar o marido, o filho, o chefe ou o papagaio.

E nesse processo de gordinha bem-resolvida que acaba emagrecendo por um motivo qualquer, você se depara com a patrulha do peso perdido: “e aí, não disse que era bem resolvida? então porque emagreceu?”. Lá está você  em uma nova situação, se justificando do porquê ter emagrecido. Uma releitura do passado, quando precisava justificar o porquê de não conseguir emagrecer. Mas agora você tem que se justificar por sua roupa ter ficado larga, por substituir a coca-cola por um suco natural, ou por não pesar mais 110 Kg, apenas 100.

“Como assim não vai comer um brigadeiro? Mas você não é uma gorda que se aceita?” …. Sim, eu sou, mas não quero comer hoje a porra do brigadeiro!

O grande “x” da questão é que as outras pessoas, mesmo não tendo nada haver com as suas escolhas particulares, sempre serão invasivas, fazendo cobranças. E é aí, neste momento, que você comprovará se realmente é uma pessoa bem-resolvida. Pessoas bem-resolvidas não se preocupam em se justificar em situações como essa. Pessoas bem-resolvidas seguem seu coração, mudam por si mesmas e não pelos outros.

🙂

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Lembranças de um corpo magro

corpo magro

Por Renata Poskus Vaz

É muito difícil para uma mulher que nasceu magra e recebia na adolescência elogios por seu corpo enxuto, se acostumar com um corpo gordo e com todo o preconceito e dificuldades que cercam pessoas acima do peso. A mulher magra cresce associando magreza à beleza. Sente o gosto de ser desejada, amada e admirada. Na cabeça dela, todo esse prestígio e facilidades se devem unicamente ao seu corpo magro. Quanto mais magra, para ela, mais fácil para ser estilosa, para namorar, para ter amigos, para ser convidada para festas, para ter sucesso profissional… Sem magreza, para ela, não há beleza. Não há felicidade. Não há sucesso.

 Engordar, na cabeça dessa mulher, mais do que um aumento de peso, representa o fim de sua autoestima, de toda aquela satisfação que sentia por ser “bonita”. Engordar significa perder, fracassar.  O primeiro preconceito a ser enfrentado pela ex-magra é o que ela sente por si mesma. Lutar contra a própria vaidade é muito mais difícil do que lidar com o novo corpo de medidas generosas. Convencer-se de que é possível ser feliz acima do peso, ser linda, admirada, amada, ter sucesso profissional é a segunda e mais difícil etapa da fase pós-magreza. A primeira, claro, é a negação inicial acompanhada das tentativas desesperadas de emagrecimento com dietas malucas que colocam a própria saúde em risco.

Levam-se anos para que a ex-magra finalmente desista de tentar emagrecer e reconquistar o corpo magro do passado e, só então, descubra suas verdadeiras potencialidades: seu charme, sua inteligência, atrativos que vão muito além da forma física. Engordar, embora represente um descontrole físico, metabólico e até psíquico, não deixa de ser uma forma dessa mulher equilibrar a própria vaidade e se conhecer de verdade.

Mesmo sabendo que conscientemente ninguém queira e nem precise engordar para descobrir seu verdadeiro “eu” é inegável que as ex-magras aprendem com o novo corpo e os desafios de se estar acima do peso, novas formas de se destacarem.

Nesse aspecto, as “gordas de nascença”, aquelas que desde pequeninas já eram robustas e cresceram engordando, são excelentes exemplos. Óbvio que não podemos generalizar, que existem magras sem autoestima e gordas que sempre foram gordas e que nunca se amaram. Porém, a grande maioria, talvez até por não ter vivido uma existência magra, encara a vida de forma mais bem-humorada, conscientes da beleza singular de seus corpos, felizes, bem-resolvidas.

Falo com experiência de causa. Sou uma ex-magra que fazia muito sucesso com os rapazes e amigos com minha antiga silhueta magra. Porém, só descobri minhas reais potencialidades e verdadeira felicidade com o sobrepeso e tendo como exemplo minhas amigas mais gordinhas. 

Ser feliz e realizada sem o corpo magro do passado é perfeitamente possível.

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Projeto Mulherão Saúde: Esteatose Hepática (fígado gorduroso)

Por Renata Poskus Vaz

Primeiro dia útil do ano e com certeza essa também é a data em que muitas mulheres iniciarão suas dietas para perder peso ou desintoxicar o corpo por conta de tantas gostosuras calóricas e não tão saudáveis saboreadas durante as festas de natal e réveillon. Comigo não será diferente. E minha preocupação vai muito além de controlar os ponteiros da balança… Tem relação direta com minha saúde que, há algum tempo, não anda muito boa.

No ano passado visitei um médico endocrinologista preocupada com meu grande aumento de peso, sobretudo a concentração de gordura exagerada na parte superior abdominal, na região do estômago e fígado. Além de fortes dores na coluna, também sentia dores de cabeça terríveis quando ingeria muita gordura e sérias indisposições gástricas.

17 Kg mais gorda

renata poskus vaz mais magra

Acima, 17 Kg mais magra em 2009, sem photoshop

Em 2009, no início do Blog Mulherão eu pesava 72 Kg. Hoje, peso 89 Kg. Um aumento de 17 Kg em menos de 4 anos. Passei do manequim 44 para o 48/50. Engordei tanto que não agüentava mais dançar ballet. Suportar meu peso sobre uma única perna passou a ser impossível para mim. A coluna também mandava recados de que não ia bem.  Trabalhar o dia todo sobre um salto alto quando estava menos pesada já era cruel e com meu novo peso me incapacitava no dia seguinte para qualquer atividade.

Engordar não foi proposital, porém não há como não notar que os ataques que algumas blogueiras e outras invejosas faziam questionando minha condição gorda diminuíram drasticamente (sim, eu já fui discriminada por ser uma gorda em um mundo magro e depois passei a ser discriminada por ser uma magra em um mundo gordo). Mais gordinha, pude ver meu bumbum crescer, o corpo ganhar mais curvas e rosto ficar mais corado e jovial. Enfim, fiquei mais bonita gorda do que quando era magra, porém, a saúde não ia bem.

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 Esteatose Hepática

Quando recorri a um endocrinologista, não imaginava que, na verdade, deveria ter recorrido a um gastroenterologista. O endocrinologista me pediu alguns exames de sangue e de hormônios. O resultado não apresentou alterações hormonais, de glicose, triglicérides ou colesterol, mas apontou para um outro problema: esteatose hepática, vulgarmente conhecida como gordura no fígado.

Esta condição do fígado pode ser gerada pelo consumo exagerado de bebidas alcoólicas ou por alimentação rica em gordura. Mais de 70% dos pacientes com esteatose hepática são obesos. Meu caso. Meu atual peso elevou minha condição de paciente com sobrepeso para paciente obesa.

 A retirada da minha vesícula aos 22 anos, que antes auxiliava a processar a gordura que eu ingeria, também é um fator que pode ter contribuído para esse quadro clínico. Os riscos principais da esteatose hepática são doenças decorrentes da inflamação do fígado, como a hepatite e outras lesões no fígado.

Isso me dá medo? Sim. Minha avó materna morreu de câncer no aparelho digestivo e a avó paterna dela também. Em nossa família também há muitos outros casos de complicações gástricas graves.

Recuperando a saúde

Embora tenha recebido esse diagnóstico há alguns meses e temer uma complicação, nada fiz para reverter esse quadro. Culpo-me por ter sido omissa comigo mesma. O excesso de trabalho e a falta de tempo me fizeram adiar o início do tratamento e de novos exames. A notícia boa é que essa predisposição de acumular gordura sempre existirá, porém, com dietas e acompanhamento médico, é possível controlá-la e não sofrer nenhuma complicação.

A dieta deve ser controlada. Não adianta cortar a gordura totalmente da alimentação, pois meu organismo sentirá essa restrição forçada e para se precaver pode estocar no fígado toda a pouca gordura ingerida, piorando meu quadro clínico.

Nesta semana, marcarei médicos e iniciarei um programa de nova vida saudável. Vou dividir com vocês aqui, toda segunda-feira, tudo o que fiz de saudável na semana anterior. Vou chamar de “Projeto Mulherão Saúde”. Sei que tornando meu caso público, poderei ajudar mulherões que padecem desse mesmo mal e também tenho certeza que receberei apoio e carinho de todas vocês.

Contar ou não que estou com a saúde afetada?

Perguntei-me várias vezes se seria ou não uma boa idéia dividir aqui que estou doente. Afinal, sou exemplo para muitos mulherões que me seguem. Tinha medo do impacto que poderia causar para alguém que recuperou a autoestima por meio do Blog Mulherão, ver que a autora do blog prega que é possível ser gorda e saudável se ela não está saudável. Cada caso é um caso. Da mesma forma em que há magros doentes, hoje, sou eu que estou debilitada.

Minha decisão de tornar isso tudo público é porque cansei de ver gente muito mais gorda e com problemas de saúde muito mais sérios do que os meus, mentindo sobre seu verdadeiro peso e divulgando que são absolutamente saudáveis, quando sabemos que isso não é verdade. Gente que forma opinião, que poderia ajudar muito mais gente se fosse sincera. Afinal, mentir para os outros e para si mesma é o pior veneno que alguém com a saúde debilitada pode sofrer.

Torçam por mim!

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Obesidade mórbida não é brincadeira!

Por Dani Lima

Vocês sempre me vêem aqui falando sobre moda para gordinhas, que devemos nos vestir bem e de forma moderna e condizente com as tendências, e que acima de tudo, tamanho do manequim não tem relação com beleza, felicidade e caráter; ou seja, não precisamos sofrer por não vestirmos 36 e sim, encarar o fato como uma condição normal do ser humano, que é ter uma forma de corpo: uns tem o corpo mais esguio, outros mais rechonchudos. Sim, temos que ser felizes, independente do nosso peso, e a partir do dia em que vivemos uma vida desencanada em relação a isso, todos os campos fluem de forma natural e encontramos a tão sonhada paz ou no mínimo, chegamos bem perto disso.

Contudo, é de senso comum, que é impossível que um espírito que habita um corpo sem saúde, tenha paz. Pelo contrário, ele viverá desorientado e em busca do equilíbrio, a procura do que chamamos de “mente sã, corpo são”.

Desta forma, sempre deixamos claro que não apoiamos obesidade excessiva, tampouco incentivamos as pessoas a engordarem e terem uma vida feliz de gordo. Levantamos acima de tudo, a bandeira de que é necessário ter uma vida saudável!

E esta semana, encontrei na Globo.com uma matéria na seção “Planeta Bizarro“, que contava que uma moça de 42 anos, casada, mãe de uma filha, tem a pretensão de nada mais, nada menos, entrar no Guiness Book, por ser a mulher mais gorda do mundo! Ela pesa hoje em dia 273kg e almeja chegar aos 453kg. Na verdade, não é só um desejo… ter esse peso é o seu maior sonho!

Li toda a matéria (que pode ser encontrada aqui) e lá eles contavam que segundo ela, sua saúde está em dia. Bom, não sou médica, mas falo pra vocês com sinceridade que não consigo acreditar que uma pessoa que ganha a vida comendo (sim, ela mantêm um website onde as pessoas pagam para vê-la comer, segundo a reportagem) e pese quase 300kg seja saudável por completo!

Não vou julgar a moça, pois não é do meu feitio, mas senti que precisava falar sobre isso, porquê achei no mínimo muito bizarro, fazendo jus à seção onde foi encaixada a matéria, na grade da Globo.com.

Fica o meu recado que sim, eu apóio todas as moças gordinhas , mulheres com sobrepeso e quem mais vier. Mas que venha saudável. Afinal, a imagem das moças que desfilam nas passarelas do mundo afora e parecem que podem quebrar a qualquer momento não me agrada nem um pouco, mas definitivamente, a imagem de uma pessoa que só come e lamenta o fato de não conseguir chegar aos 400kg, me deixa muito, mas muito triste.

Que fique claro que eu não estou julgando as pessoas que tem obesidade mórbida. Estou apenas ressaltando que fico estristecida com o fato que existem pessoas que, mesmo sabendo do seu estado patológico, conseguem (em termos populares) “fincar” ainda mais o “pé na jaca”!

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