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O príncipe que desejamos, o cafajeste que esperamos

príncipe ou cafajeste

Por Renata Poskus Vaz

Você pede para Deus um príncipe. Um príncipe gentil, educado, que te de toda a atenção do mundo e te trate como a princesa que você é. De repente Deus te escuta. Manda aquele gentleman que você diz desejar. E o que você faz com ele? O transforma em seu melhor amigo, um ser assexuado, porque embora diga que deseja um príncipe, lá no fundo, o que você quer mesmo é um cafajeste para chamar de seu.

“Pô, Renata, não generalize! Nem toda mulher gosta de um cafa”. Concordo. Nem toda mulher gosta, mas a maioria das solteiras que conheço, que desejam um relacionamento sério e que estão sozinhas há tempos, reclamando da homarada e da solidão, é porque mira no príncipe, mas acerta no cafajeste.

Para essas mulheres, cara certinho não tem graça. É previsível demais, chato, cansativo, entediante… Um cara sem sal! Já os safados parecem homens irresistíveis e sempre interessantes. Só que é óbvio que os cafajestes jamais as assumirão. Essa história é mais ou menos assim: o príncipe que ama a princesa, que ama o cafa, que não ama ninguém.

Calma, não estou falando de algo consciente, é algo que foge da nossa razão.  Li alguns livros sobre isso e, em resumo, posso afirmar que relacionamento com cafas, que não nos dão valor algum, cria uma espécie de agitação em nossa vida. É uma relação turbulenta que preenche um vazio existencial. O cara vai lá, te leva para sair, faz um lepo lepo memorável e não te liga no dia seguinte, nem nas semanas seguintes, nem nunca mais. E quando liga, te usa, te maltrata, faz pouco de você. Sai com mais umas 5 ao mesmo tempo e não se importa que você fique sabendo, mesmo que você tenha deixado claro que não quer só uma amizade colorida ou sei lá o quê. Aí você sofre com isso, se ocupa com todo esse sofrimento e com suas próprias reclamações. E, garota, quer saber?  Jamais alguém que goste de você de verdade liga o foda-se para o seu sofrimento!

E tem ainda um outro tipo de cafajeste. Aquele que se faz de príncipe,  te engana, te ilude etc. Cabe a você ter sensibilidade para detectar se os sentimentos do cara são genuínos, ou uma reprodução em série de juras de amor para você e a torcida feminina inteira do Flamengo. Eles são tão confiantes que sempre, sempre mesmo, acabam dando sinais de que não valem o que comem, literalmente. Dissimulam, manipulam, mentem. Uma hora você descobre e  eles reagem negando. Simples.  Você vai sacar.

E antes que me pergunte, não, ele não vai mudar.

Por que você permite essa situação em sua própria vida? Por que se sente apaixonada por um cara desses? Provavelmente seja seu medo de sofrer. Você acaba preferindo um sofrimento previsível com um cafa, desde o início, do que correr o risco de ser feliz com um príncipe encantado. Isso mesmo, medo de ser feliz! Medo de ser feliz e um dia isso acabar, pois a dor poderia ser bem maior. Mas nesta de “poderia”, você deixa de vivenciar experiências bacanas com um cara realmente legal.

Às vezes, achamos que não somos merecedoras de uma história bonita, de fidelidade, carinho e respeito. E temos preconceito com caras legais, dispostos a nos valorizar, amar e apoiar. Nós os olhamos como bobos, quando na verdade são tudo o que lá no fundo precisamos, queremos e merecemos. A vida com um príncipe não precisa ser enfadonha. Muito pelo contrário. Príncipes são encantados. E há sempre surpresas neles. Mas essas surpresas você só descobrirá se permitir que ele entre em seu reino de faz-de-conta. Inclusive, príncipes podem ser cafajestes, mas apenas na hora “h”,  se você permitir,  e só com você.

Então, princesa. Dá um chega pra lá no seu cafa para seu príncipe poder chegar até você. 🙂

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“Não é porque ele namora uma gorda, que vai ficar a fim de você”

Por Renata Poskus Vaz

E finalmente você começa a namorar um cara legal e muito gato. Um sujeito magro, forte, bonitão, pinta de galã da novela das oito, um perfil que provavelmente ninguém nunca fosse imaginar que um dia fosse se apaixonar por uma gordinha. Mas vocês se conheceram, se curtiram e começaram a namorar.

A  lista de amigos do cara no Facebook era vazia antes de se conhecerem. E, de repente, uma enxurrada de gordas passa a adicioná-lo. O pior é que são gordas com as quais você certamente já deve ter se cruzado nesse mundinho virtual, sem um mínimo de simpatia ou amizade entre vocês.

Do nada, elas se comportam como amigas de infância do seu gato. Curtem todas as fotos do bonitão. Todas. Deixam elogios exagerados, forçando uma intimidade que nunca existiu entre os dois.

Você já passou por isso?

Eu presencio essa situação todos os dias  com amigas desse mundo plus size. Num passe de mágica seus namorados viram objeto de cobiça alheia. E como eu mesma já passei por isso no passado,  passei a investigar o que leva mulheres a buscar incessantemente a atenção de homens comprometidos com mulheres, assim como elas, gordas.

Ilusão de que o cara tem tara por gordas

É uma ilusão pensar que há homens que namoram com bumbuns fartos, peitos gigantes e pernas grossas. Essas partes do corpo podem sim chamar a atenção de um cara a primeira vista, mas não são elas que o fazem ficar. E da mesma forma que há mulheres que preferem homens morenos, ou altos, ou mais velhos, podem sim existir homens que prefiram as gordinhas. Mas o que o faz namorar com uma é um conjunto de qualidades. Caso contrário, se fosse só por tesão, pele, não passaria de uma noite e nada mais.

O fato de um homem preferir namorar gordinhas, não faz dele um tarado adúltero, que trocará a namorada pela primeira gordinha safada oferecida que aparecer por aí. Embora gostemos de pregar que homens são todos iguais, todos safados, existe sim uma legião de caras que valorizam suas mulheres, que são fiéis.

Há outros que nunca gostaram de gordinhas e namoram uma pela primeira vez. E mesmo que terminem com a atual namorada, nada garante que se interessarão novamente por uma.

Gostar de competir e roubar o que é da outra para se sentir “menos pior”

Querer roubar namorado de outra não é um mal de gorda. É mal de mulher. E eu juro que mesmo com um espírito rancoroso, vingativo e amarguinho, não consigo acreditar que existam mulheres que se predispõe a isso. Tenho muito orgulho de dizer que jamais fiquei com ex-namorado de amiga minha, muito menos com ex de desafetos. Acredito em alma gêmea, mas nunca pensei que minha alma gêmea fosse o chinelo velho de alguém próximo.

Como diz minha irmã, em um mundo com 7 bilhões de pessoas, querer bem o bofe da amiga ou mesmo da inimiga  é um tremendo atraso intelectual, sentimental, de caráter e espiritual.

Eu demorei para perceber isso, que algumas mulheres próximas poderiam querer a todo custo o meu namorado. Mas na verdade, o que elas desejavam não era a pessoa maravilhosa que ele era, mas a relação que nós tínhamos. Elas não invejavam o fato de eu namorar ou o meu namorado como pessoa. Invejavam quem eu era quando estava com  ele. E isso não há como se copiar. O que faz um relacionamento são as duas pessoas. Ou seja,  ou você entra nesse triângulo amoroso (brincadeirinha!) ou esquece de vez, porque uma mesma pessoa se comportará de maneira diferente em outros relacionamentos.

Uma pessoa maravilhosa não te faz alguém melhor se você for alguém medíocre.

Toda relação tem um equilíbrio. É uma união e não uma compensação.

Achar que porque o cara não reclama, é porque está gostando

Homens são idiotas a ponto de não quererem criar inimizade com ninguém e negam até a morte que aquela garota que força uma intimidade está querendo alguma coisa a mais com ele. Ele sabe que não vai trair a namorada, que nenhuma biscate do mundo é capaz de separá-los, são racionais, talvez por isso não pensem que precisam excluir, bloquear ou destratar as penosas.

Nós já somos passionais, pensamos em mil e uma hipóteses sobre essas aproximações sem propósito. Pensamos no depois, no que estão pensando da gente, que vamos ficar com famas de corna, ou que há um plano maligno sendo tramado com o qual seremos surpreendidas no futuro.

Ou seja,  ele pode não reclamar por ser mesmo um banana. É claro que pode acontecer ao contrário, ele ser um grandiosíssimo filho da puta. Mas isso cabe a você sentir e descobrir.

Confiança é tudo!

É muito difícil se sentir confiante em uma situação dessas, mas façam o que eu digo, não façam o que eu faço! rsrsrs

Confiem em seus parceiros. Se o cara tiver que te trair, vai te trair. Seja com a gorda oferecida do facebook, ou com uma pessoa que você já mais viu em sua vida.

Isso não quer dizer que você precise se fazer de cega, surda e muda para mostrar que é uma mulher confiante. Chame o gato para conversar. Se ele se importar com você, vai evitar esse tipo de situação e conflito. Se ele continuar te ignorando, reveja se ele realmente se importa com seus sentimentos e se manter o relacionamento nessas condições vale a pena.

Com relação às destruidoras de lares e sentimentos alheios, se for sua amiga, corte-a. Amiga que é amiga entende os limites de qualquer amizade e não se insinua para seus namorados. Se for uma pessoa estranha, não gaste saliva.

Tenha certeza sempre que a coitada dessa história não é você. 🙂

Dica para aquelas que curtem o marido/namorado alheio

Gata, meu recado agora é para você. Não sou puritana, estou bem longe disso. Também não vou ficar vomitando aquelas histórias de que “Deus” está vendo etc. Também sei que o que vou dizer vai entrar pela sua orelha e sair pelo outro.

No entanto, no futuro, talvez você relembre das minhas palavras.

Pode parecer tentador roubar o namorado de alguém que você conhece. No fundo você tem aquela sensação de poder, se acha melhor em alguma coisa, com super poderes etc. Provavelmente você justificará a sua ação dizendo que: “se o cara gostasse dela de verdade, não daria bola para mim”. E até pode ter razão. Mas isso não quer dizer, também, que o gato vai te dar algum valor depois.

Se ele realmente te deu bola, quando estiver com você dará bola para outra. E aí a usadinha, corninha da vez, será você.

Conquistar e ser conquistada é muito bom! E fazer isso sem prejudicar ninguém, também.  É  bom viver uma história de amor em que a mocinha protagonista é você. Ninguém quer ser a vilã da sua própria história de amor.

Outra coisa importante a salientar é que pessoas infiéis ou que estejam envolvidas em uma história de infidelidade podem se prejudicar também em outras esferas sociais.  Todos os dias pessoas são despedidas por conta de interferências dessa natureza, que acabam refletindo em suas carreiras. Além disso, uma pessoa infiel no amor, ou que apoie uma traição, tem grandes chances de agir da mesma forma no trabalho, com familiares, amigos etc. Não só no amor.

Não se queime por pouca coisa. 😉

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Cuidado: Área restrita

Por Eduardo Soares

“Veja bem, amor/ Onde está você?/ Somos no papel, mas não no viver/ Viajar sem mim, me deixar assim/ Tive que arranjar alguém pra passar os dias ruins. (Veja Bem, Meu Bem – Maria Rita)
“Você não tem culpa se eu estou sofrendo/Se fantasiei de verde esta história/Você tem namorado posso até estar errado/Mas tenho que ganhar você”. (Me Apaixonei Pela Pessoa Errada – ExaltaSamba)

 “Eu hoje tô tão dividido/ Sem saber o que fazer/ Uma tá sempre comigo/ E a outra eu sempre quis ter/ Será que isso é meu castigo/ Não sei se ligo ou não ligo/ Namorar com duas é um perigo/ Tem que tomar cuidado com o que vai dizer”. (Duas Paixões Netinho de Paula)

““Te perdôo/ Por contares minhas horas/ Nas minhas demoras por aí/ Te perdôo/ Te perdôo porque choras/ Quando eu choro de rir/ Te perdôo/ Por te trair”. (Mil Perdões – Chico Buarque)

 Se existe um tema polêmico, tenso, denso, evitável para alguns e relativamente natural para outros, é a traição. Bater no peito para berrar “eu nunca trai na vida” faz do orador um sujeito digno de inúmeras condecorações verbais. Mas quando a proclamação é dita da boca pra fora (geralmente no ato de conquistar alguém), ocorre então uma tentativa de amenizar/ocultar as manchas de um passado que nem sempre é tão passado assim. Assim como você, conheço várias pessoas partidárias da “pulada de cerca na surdina”. Para essa galera, a traição tem como objetivo a preservação do relacionamento frio. Bom, nesse caso acredito que pessoa erra a mão duplamente: 1-por não ter coragem de pular do Titanic (relacionamento afundando) no momento do choque com o iceberg; 2-por não respeitar o(a) companheiro(a) ao permitir a entrada de uma terceira pessoa numa vida que seria em tese (sentimental e moralmente falando) a dois.

Tem gente que trai como quem troca de roupa e vive bem, sem nenhum dilema moral ou dor na consciência. Pesquisas recentes mostram o crescimento da infidelidade feminina e por consequência nivelamento com a masculina. Partindo do principio dos diferentes focos que fazem homens e mulheres traírem por razões distintas, quais são os nossos (rapaziada) focos? Veja, homem trai devido ao instinto, pele, cheiro, contato/atração visual, incessante busca pela conquista e principalmente pela questionável autoafirmação de poder. Nossos argumentos chegam a ser imbecis: a bunda da secretária é gostosa, os peitos da estagiária são deliciosos, as coxas da faxineira são espetaculares, o rebolado da chefe acaba comigo, a vizinha (casada, safada, tarada) está me dando mole e se eu não pegá-la vou ficar sem moral na rua…

O tal “ficar sem moral na rua” dói. Afinal, homem faz questão de contar que está “pegando” a boazuda do bairro. No fundo, até se ela for tão atraente quanto uma sardinha-empanada-a-uma-semana-na-estufa-da-rodoviária serve. Traçou a mulher? Beleza, isso faz com que ele ganhe 10 pontos perante a galera. E se a moçoila for casada, a pontuação triplica, como se a conquista fosse um atestado de virilidade perante os amigos. Geralmente a mulher trai em silêncio, até porque em boa parte dos casos, surge um incessante dilema moral em sua cabeça recheada de questionamentos como “a culpa é minha?”, “porque ele não me procura mais?”, “onde foi que errei?”. Claro, nesse exemplo desconsideramos as mulheres de caráter duvidoso. Essas sim, não têm nada a perder e saem por aí, visando a mesma autoafirmação questionável de poder dos homens. Com o perdão da sinceridade, assim como tem homem galinha, o que não falta são mulheres (na falta de palavra mais amena e no pior sentido do termo) safadas.

Como disse acima, a mulherada pula a cerca em boa parte dos casos devido as crescentes fissuras sentimentais que não têm previsão de fechamento. Isso gera carência, tristeza sem fim, questionamentos culposos e fragilidade emocional. A mesma fissura dolorida daquele coração desprotegido cede espaço para que um sujeito aproveite a brecha para entrar (às vezes até) despretensiosamente naquela vida fadada ao fracasso. Com o tempo a mulher ganha vigor quase adolescente e assim o visitante torna-se presença cada vez mais agradável e necessária. Trocam sorrisos, confidências, declarações, ideias, pensamentos, intimidades. Trocam até os sentimentos: sai o medo explicito, entra o desejo guardado (e acumulado). Transformam-se em amantes. Transam. Entre beijos, mordidas, arranhões, (re)descobertas, suspiros, gemidos e um prazer relativamente incômodo, o liquidificador moral está ligado em rotação máxima na cabeça dela. “E quando eu chegar em casa, como vou ter coragem de olhar pra ele?”, pensa a mulher, conciliando o pensamento entre aquele momento delicioso com a pasmaceira instalada no relacionamento “oficial”. De um lado, ardência gostosa, calor proibido. De outro, clima glacial registrado em cartório. E um coração duplamente climatizado.

Alguns preferem o comodismo e fazem os amantes ganharem status de estoque reserva, conciliando assim o relacionamento “oficial” com a “sobremesa” aparentemente saborosa (que cedo ou tarde acaba como alimento indigesto, até porque nunca vi amante celebrar aniversário de romance, ou como costumo dizer, bodas de espelho no teto). Outros fazem da traição um subterfúgio para encarar um recomeço. “Melhor assim, dispensei o antigo, fiz a escolha certa”, pensam. Assim, o coração ganha uma nova redoma: sai o vidro arranhado, entra o cristal intacto. Até aí tudo bem mas numa eventual briga, adivinhe qual pensamento pulsará latejante na mente dela: ele tinha uma esposa e mesmo assim ficamos juntos. Se ele fez isso com a mulher dele, pode fazer o mesmo comigo.

Se determinados atos fossem calculados, evitaríamos vários tipos de dilemas. Fosse o coração uma terra desconhecida, a placa pregada na entrada dele seria assim: Cuidado. Área restrita. Melhor bater antes de entrar. Melhor conhecer antes de se perder. Melhor (in)validar antes de invadir. Melhor trocar o impulso pela pausa. Melhor deixar a casa antes de ser expulso.

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Ô gente, é muito amor

Por Keka Demétrio

Tem gente que nasceu amando. Tem gente que aprendeu a amar. Tem gente que quer aprender a amar. Tem gente que não quer mais saber do amor. E tem gente que está esperando o amor. Sei que para cada amor, uma dor.

Sou das que provavelmente nasceu amando. Digo isto porque minhas lembranças sempre vêm acompanhadas de nomes, rostos e gostos. Não vejo minha vida sem o danado do amor, mesmo que ele me faça chorar. Decididamente nasci para amar.

O amor é ilógico, irracional, nos deixa abobados. Porém, quando a gente tá amando, e me corrijam se estiver equivocada, o céu fica mais azul, a vida passa a ter cheiro bom e surge uma paleta de cores absurdamente lindaspra gente sair pintando de sorrisos e suspiros.

O amor, amor mesmo, aquele de verdade, que prega o desprendimento, a felicidade do outro mesmo longe da gente, este é difícil de encontrar, e para dizer a verdade, quem tem na vida um amor assim deveria agarra-lo com unhas e dentes, porque poucas pessoas tem o privilégio de serem amados plenamente. O problema aqui é que a gente não manda no coração. Teve uma época em que eu queria mandar, e ficava revoltadíssima por não conseguir, mas com o tempo, as decepções, as lágrimas, os tombos, as noites mal dormidas aprendi que quando nos dispomos a amar estamos correndo riscos que podem marcar nossas vidas profundamente e até modificar nossa forma de viver.  É que a dor do amor às vezes dói tanto, que a garganta fica seca, o peito parece comprimido por uma tonelada e a gente chega a cravar as unhas na pele pra ver se a dor do coração diminui.

Achamos que vamos cair na classe dos que não querem mais saber do amor, passamos a desconfiar de tudo e de todos, mas no fundo, nem que seja bem no fundinho mesmo, continuamos com aquela vontade, mesmo que seja vontadezinha, de que apareça o cara certo, mesmo que seja na hora incerta.

Então, vamos seguindo, e depois de muito relutar decidimos nos entregar aos amores que vão surgindo pelo caminho como forma de aplacar a ausência e a solidão deixadas por tudo aquilo que sonhamos e que tivemos que deixar para trás. A princípio, viver estes amores parece ser errado, é como se estivéssemos negando o amor que dizíamos sentir por aquela outra pessoa, soa em nosso íntimo como uma forma de traição, porém, começamos a entender que é preciso olhar para dentro de nós mesmos e seguir adiante, e correr novos riscos, porque nos apegarmos a esses amores não tem anda a ver com sermos fracos ou que realmente não estivemos amando, tem a ver com o fato de sermos humanos, tem a ver com a busca do remédio pra a alma que insiste em não querer parar de chorar. Porque no fim das contas, a gente nasceu mesmo foi para sorrir.

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“Não justifique, faça”

Por Renata Poskus Vaz

Na minha adolescência integrava um grupo de teatro dirigido por meu querido amigo e talentosíssimo Roni Guilherme. Recordo-me que, durante os ensaios, quando nos corrigia em alguma cena e tentávamos explicar o porquê de não termos seguido uma orientação dele, Roni dizia: “não justifique, faça”. Cresci com aquela frase na cabeça. Enquanto adolescente o achava intolerante, pensava que como meu diretor ele deveria parar e ouvir minhas justificativas. Só agora, crescidinha, noto o que ele queria dizer com “não justifique, faça”.

 As vezes a gente perde muito tempo se justificando por ter errado, por ser assim ou assado, enquanto poderíamos aplicar nosso tempo “fazendo diferente”, corrigindo nosso erros, não com palavras, mas com ações.  Ok, você deve estar se perguntando: “mas porque a Renata está me dizendo isso agora?”. Por vários motivos. Entre eles, para que você tente aplicar essa técnica em sua vida.

 “Não justifico o porquê de estar acima do peso”

Se você fica se vitimizando por estar acima do peso, pare de reclamar da vida e tome uma atitude. “Estou acima do peso porque engordei 30 Kg na gravidez, ou porque entrei em depressão e blá, blá, blá”. Esses desabafos você pode fazer aqui, em nosso Mulherão, no terapeuta ou no seu diário, mas em seu dia-a-dia não se justifique para pessoas que nada tem a ver com o seu peso. Se o seu próprio corpo te incomoda, tome uma iniciativa para mudá-lo. Procure um profissional para orientá-la, faça dieta, exercite-se.

 Se estiver se reeducando com relação à alimentação e for à uma festinha, não responda as ofertas de docinhos e salgadinhos com: “não, obrigada, estou de regime”. Só dizer que não quer e agradecer já basta. Dizer que está no regime gera uma série de cobranças que, de repente, em início de dieta, você não estaria preparada para ouvir. Além do que, parece que tem gente que só vive da desgraça alheia. Só porque está de regime, o cunhado chato ou a prima invejosa vão passar a bandeja com delícias na sua frente, cinco vezes mais, só para testar a sua boa vontade.

 “Não aceito justificativas do porquê de ter sido traída”

Você foi traída por uma amiga ou um namorado e não sabe como reagir?  Não aceite justificativas. É muito comum, quando erram conosco, tentarem atribuir a culpa por seus deslizes a alguém. O algoz vira a vítima e vice e versa. Se o namorado te trai, certamente ele dirá que é porque você não lhe dava atenção suficiente, ou porque o relacionamento esfriou, ou porque você elogiou fulano… Só quem já levou um chifre daqueles sabe bem o que estou dizendo.

Então, poupe-se! Não escute justificativas que só vão te deixar nervosa ou, injustamente, culpada. Não estou pregando o fim do diálogo, mas a conversa deve acontecer antes que os problemas ocorram e não depois. Como já diz o título deste artigo, não justifique, faça. E faça direito.

Com amizade vale a mesma premissa. Antes de trair a sua confiança, o “amigo” teve tempo para pensar em seus atos. Afinal, não somos mais crianças. E não somos animais que agem por impulso. E ao pensar, optou por prosseguir mesmo que seus atos te causassem algum tipo de sofrimento. E você não merece sofrer injustamente.

“Reconheço meus erros, mas não me justifico para meu chefe”

No trabalho é muito bacana quando a gente consegue reconhecer que errou e assume que precisa se aprimorar. Todavia, não adianta ficar usando justificativas para tentar encobrir ou amenizar seus erros. “Chefe, eu não terminei esse relatório porque a Cristiane do RH ficou de me mandar os dados e não mandou”. O exemplo ao lado reflete muito do que costumamos fazer. Para justificar não ter concluído uma tarefa, atribuímos a culpa a alguém ou a algum fato, como o trânsito (saia mais cedo de casa), a falta de energia elétrica (não deixe para a última hora a conclusão de um serviço), ou a falta de contribuição de um colega (se isso acontecer, comunique seu chefe antes do prazo expirar). Então, se não conseguiu por qualquer motivo concluir a tarefa, assuma o erro, peça desculpas (sem ladainhas) e peça uma nova data para entregar o relatório.

Não se justificar mostra seu compromisso em querer aprender, crescer, ser um ser humano melhor. Mostra que você não tenta encobrir seus erros, que é madura o suficiente para reconhecer que precisa melhorar e agir da melhor forma nas próximas vezes. Seja feliz. Não justifique, faça.

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Ele me trocou por uma mulher magra

Por Renata Poskus Vaz

Recebemos centenas de e-mails semanalmente com desabafos sobre as “amarguras”  de se estar acima do peso. Um deles me chamou muita atenção. Como a leitora pediu para não ser identificada, vou chamá-la simplesmente de amiga.

“Renata, estou muito deprimida. Meu marido, com quem eu vivia há 8 anos, me abandonou para ficar com uma mulher muito mais magra do que eu. Não sei  que fazer. Nada me tira da cabeça que ele me largou por eu estar gorda, já que eu era magra como ela quando nos casamos”.

Amiga, você não é a única mulher a terminar um relacionamento e logo ver o amado nos braços de outra. Isso é mais comum do que você imagina. Não existe um botão de liga e desliga do amor. Uma hora ele te ama loucamente e, de repente, ele desama e vai viver com outra só porque você está acima do peso. Não estou dizendo, também, que a força galinácea de certas mulheres não ajude a abalar relações. Mas, na maioria das vezes, quando se existiu amor de verdade, o fim do relacionamento é lento e quase imperceptível. Vocês vão se distanciando, se distanciando até que passam a fingir uma felicidade que não existe. Em algumas relações o amor cede lugar às brigas, conflitos ou simplesmente descaso… E isso pode durar anos até que o amor acabe de vez. A separação seria algo inevitável, mas ambos se acomodam e, muitas vezes, uma terceira pessoa é um objeto motivador para finalmente oficializar a separação. Enfatizo, apenas objetivo motivador e não a origem dos problemas.

Embora esteja com muita raiva da atual parceira dele, espero que reflita se seu excesso de peso é realmente o motivo principal da separação. Certamente, é este o motivo que você escolheu para tentar esconder um sentimento de culpa por também ter colaborado para que o seu relacionamento não estivesse 100%.

Amor não se define pelos ponteiros da balança. Se olhar bem para seu ex-marido verá que ele também deve ter mudado muito fisicamente nesses últimos anos, não é mesmo? E se o seu relacionamento já estava fadado ao fracasso era questão de tempo ele sair de casa e, com um tempo, procurar uma nova parceira, fosse magra ou gordinha. Afinal, homens não lidam bem com a solidão e precisam sempre de um rabo de saia para reafirmar a masculinidade.

Sei que, inicialmente, sua vontade será a de reconquistá-lo. Mas quando há uma terceira pessoa envolvida na história, talvez seja melhor dar um tempo. Ele fez uma escolha. E essa escolha foi partir, viver com outra e suas súplicas para ele voltar só te farão sofrer. Cuide de si mesma e recupere seu amor próprio. Você não é pior do que a atual do seu ex só por estar mais gordinha. E isso precisa estar bem claro para você neste recomeço de vida.

Você vai sofrer por dias, semanas ou até meses. Mas eu te juro que vai passar. E por experiência própria digo que, no futuro, quando você menos esperar, correrá o risco dele voltar te pedindo perdão. E se isso acontecer você já estará em outra e não terá por esse homem nada além de piedade.

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Vá cuidar da sua vida, dona Margarida!

Por Eduardo Soares

Fim de semana é sinônimo de shopping lotado. Em especial nas tardes de sábado. Parece que noventa por cento da população sente-se atraída por aquele amontoado de pequenas lojas. Não existe praia, quiosque, pracinha, parque de diversão, casa de campo, acampamento, caminhada, bosque. Sendo assim, encontramos com todo tipo de gente nos corredores, filas de cinema ou de restaurantes, lojas de roupas ou de utilidades domésticas e estacionamento do local. Espaço mais democrático, impossível. Crianças & idosos, solteiros & casados, ricos & humildes, feios & bonitos, pinguços & abstêmios, extrovertidos & tímidos. Ninguém tem tatuado na testa o que é ou o que faz. Sentada na praça de alimentação, você pode estar almoçando ao lado de um padre ou do bandido foragido mais temido de outro Estado. 

Dona Margarida Pitanga faz parte do tipo de gente que vive para aporrinhar. Sessentona metida à garotinha do playground, parecia não querer saber de casamento. Tivera cinco. Ficou três vezes viúva, deixou um marido no hospício e o outro fugiu com a empregada doméstica. Neste caso, seria apenas mais um marido safado não fosse por um detalhe: a empregada tinha setenta anos de idade. Daí vocês podem ter noção do quão insuportável/intragável era nossa “adorável” senhorinha. Seu único intuito no shopping era criticar as pessoas seja lá pelo que fosse. Certa vez, presenciou um casal se beijando na escada rolante. A dupla transbordava romantismo e em dado momento o homem segurou a moça no colo. Ela envolveu o pescoço do amado com os braços e assim ambos fizeram uma bela cena, típica desses filmes água-com-açúcar da Julia Roberts ou Drew Barrymore. Dona Margarida fez questão de acelerar os cambitos, ficou parada feito um poste capenga de frente ao casal apenas para fazer cara de quem chupou limão e bebeu chá de boldo, antes de soltar a pérola: que pouca vergonha!!!

Casaizinhos de adolescentes dão shows à parte. Ô pessoal criativo e às vezes até mesmo sem noção. Demonstram toda aquela paixão que eles teimam em chamar de amor (ah, inocência…) de maneira efusiva. Já vi moleque estabanado sacudindo a namorada como forma de carinho. O ato lembrava aquela sacudida de cachorro depois do banho. Ela? Ria demais. Também presenciei um tipo diferente de dizer “oi, senti sua falta”. Cinco metros separavam o casal. Assim que ela viu o namorado, abriu um sorriso enquanto corria em direção a ele. Cinco passos depois do sorriso (e a cerca de quatro metros de distância) a moça deu um salto cinematográfico em direção ao amado. Vai se estabacar feio, pensei. Que nada! A adolescente tinha DNA de atleta! Pois ela caiu simetricamente nos braços do rapaz e (agora sim) disse “oi, senti sua falta” para depois ganhar cinco minutos ininterruptos de beijos. Dentre as pessoas que presenciaram tal beijo esportivo, um jovem casal tímido estava a poucos metros de tudo aquilo. Talvez inspirados na cena, eles se beijaram. Foi uma espécie de selinho temperado com dez gramas de pimenta do reino. Dona Margarida teria argumento de sobra (na cabeça dela) para criticar o casal do salto elástico mas ela preferiu cismar com a dupla do selinho. Sentada ao lado deles, encarava os jovens com a mesma cara de chupadora de limão.  Sem perceber, a dupla continuou os estalinhos de olhos fechados. Quando pararam, o rapazote deu um pulo de susto! Dona Margarida mandou sua frase padrão: que pouca vergonha!!!

Muitos parentes questionavam o motivo de Dona Margarida jamais ter sido mãe. Alguns sobrinhos presepeiros natos perguntavam: será que quando ela via os maridos pelados, dizia  “que pouca vergonha”? E quando os vizinhos da direita cismavam em namorar em alto e bom som, propositadamente para aporrinhar a senhora aporrinhante? E quando os filhos dos vizinhos da esquerda reuniam-se com os amigos em dias de jogos? Era uma bagunça só! Adivinhem qual era a frase dita pela Sra. Pitanga?

Tem gente que vive a vida dos outros. Quando você chega em casa com as bolsas do mercado, os olhos esbugalhados da Dona Margarida parecem feitos de raio x, fitando as compras. Quando você compra um carro, os olhos estatelados da Margarida acompanham a nova aquisição. Quando chega visita na sua casa, Margarida “come” a pessoa com os olhos, dos pés a cabeça.

Quantas Margaridas da vida você conhece? Gente negativista, chata, intrometida, fuxiqueira. É rezar para que não surtemos como foi o caso do Michael Douglas em “Um Dia de Fúria”. Vontade não falta! E o pior: quantas Margaridas fazem parte da sua família? Aí não tem jeito. Já diria o ditado popular: parente a gente não escolhe! Mas aturar alguns já é pedir demais…   

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